quinta-feira, 14 de abril de 2011

Telecomunicações e o erro do modelo neoliberal Brasileiro para o setor

Brasil x China
modelos de desenvolvimento de Telecomunicações comparados
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Do Blog do Arnobio Rocha
via Blog Luis Nassif

A revolução das comunicações

No início dos anos 90 o mundo, além da queda do muro de Berlim, se preparava para uma nova era na área de comunicações – a tecnologia de telefonia celular, por volta de 1992 os principais padrões mundiais foram definidos: Na Europa – o GSM, nos EUA – o CDMA. Ambas tecnologias prometiam a digitalização da voz libertando das interferências, quedas de chamadas, e o pior a insegurança da comunicação.

Este novo cenário fez com que as maiores players de equipamentos telefonia fixa passaram a investir pesado na nova revolução, e buscaram novos locais no mundo para baratear a produção e garantia de presença em novos mercados. Países investiram firme para se capacitar e receber estes investimentos e criar novas indústrias mundiais. Dois exemplos deste esforço foram: Finlândia com a Nokia e Coréia do Sul com Samsung e LG.(tratei destes casos no post: Tecnologia – Nokia e Samsung – Exemplos para o Brasil)

Modelo Chinês

Em 1995 a China decide participar efetivamente deste novo momento, a nova política econômica aprovado pelo Governo chinês foi atrair as grandes empresas de Telecomunicações, dando-lhes acesso ao seu mercado, porém com a contrapartida de que eles tivessem acesso à tecnologia e pudessem compartilhar licenças e patentes de produtos.

Coordenado pelo ministério da indústria e de comunicações, a China montou grandes laboratórios para que os equipamentos dos grandes fabricantes fossem montados e interconectados aos protótipos chineses. Por exemplo uma Central de Comutação de fabricante X é conectada ao agregador de Estação de Rádio base chinês, ou vice-versa. Esta estratégia rapidamente deu grandes frutos, as duas empresas chinesas fomentadas pelo governo Huawei e ZTE aprenderam muito rápido a lógica de funcionamento fim a fim e começou a desenhar seus produtos com alta tecnologia.

Modelo Brasileiro

Brasil perdeu o bonde da tecnologia

Se ao invés de entregarmos as empresas de telecomunicações tivéssemos política industrial nacional, hoje poderia o Brasil ter um fabricante com expressão mundial, mas não tem. Erros graves de uma política entreguista foi o legado de FHC, perdemos o bonde histórico de tecnologia de ponta em vários setores, em Telecomunicações é bem nítido.

Mesmo os grandes fabricantes instalados no Brasil, abandonaram o desenvolvimento e passaram apenas a importar e no máximo montar partes dos equipamentos, houve perda de empregos e de qualidade dos empregos, alguns fabricantes se foram, maior exemplo é a Nec, que chegou a ser a maior empresa de equipamentos de telefonia do Brasil.
Havia capital abundante no mundo, busca de novos mercados para produção e desenvolvimento, FHC preferiu o capital especulativo. Perdemos a vez ali, por volta de 97 a 99. O dinheiro abundante, as grandes empresas querendo ir para novos mercados.
Podíamos e tínhamos como fazer até melhor que os chineses, mas não tínhamos projeto de Nação (aquilo que o Bresser falou na entrevista ao valor Econômico, Leia abaixo).
Bresser-Pereira não escapou à sedução do neoliberalismo, nos anos 90, como de resto toda a social-democracia europeia. Mas define uma diferença de origem entre ele e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, como intelectuais: o nacionalismo.
(...)
  • Valor: Então, o senhor está onde sempre esteve?
  • Bresser-Pereira: No governo Fernando Henrique, ou nos anos 90, a hegemonia neoliberal foi muito violenta. Foi tão violenta que também atingiu a mim. Não escapei dela.
  • Valor: Caiu no conto da globalização?
  • Bresser-Pereira: Um pouco. Não totalmente, mas ninguém é de ferro. O grande problema da social-democracia é que ela se deixou influenciar, no mundo inteiro.
(...)
Para Bresser-Pereira, a teoria da dependência associada, de Fernando Henrique, não por intenção do autor, mas por conveniência do "império", caiu como uma luva para a esquerda americana. No governo, Fernando Henrique não se contradisse: a teoria da dependência associada pregava o crescimento do país com capital externo. O caráter não nacionalista dos governos tucanos era absolutamente compatível com a teoria da dependência associada do intelectual Fernando Henrique.
[FHC ao aplicar para o Brasil sua "teoria da dependência associada", durante seu governo, tentou fazer com que um "Tubarão" se comportasse como mero "comensal"]


O modelo de privatização sem contrapartida nacional, de incentivo a indústria de telecomunicações, pouca articulação para que as compras fossem feitas prioritariamente baseadas no que aqui se produziam, fez com que rapidamente se desmontasse o setor.

Apresentar resultado dos milhões de celulares muitas vezes mascara o fracasso de sermos apenas consumidores de produtos que não se faz aqui, que não geram empregos de melhor qualidade, entraremos na 4ª geração de telefonia celular (ver artigo: Celulares: Ontem, hoje e amanhã) e continuaremos fora do circuito. Mesmo a universalização da Banda Larga, efetivamente não se dará numa articulação de setores de serviços de Telecomunicações com a de fabricação nacional destes produtos.



Fonte do post: Blog Luis Nassif