sábado, 16 de abril de 2011

Blender - Desenhos 3D desenvolvidos por meio de Software Livre

Se você alguma vez sonhou em criar imagens e animações em 3D, este é "o software".

A Blender Foundation e sua comunidade de desenvolvedores online acabam de anunciar o lançamento do Blender 2.57. Esta é a primeira versão estável do Blender, resultado de muitos anos de projeto e desenvolvimento.

Blender é o sistema de criação 3D open source, disponível para todos os sistemas operacionais, sob a licença GNU.

Clique na figura para ampliar
Será talvez um dos melhores softwares do mundo, completamente gratuito, para modelagem tridimensional, animação, renderização, pós-produção, criação interativa e playback. O software vem com uma panóplia de ferramentas que o torna num dos mais interessantes da categoria. Pode ser utilizado para criar anúncios de TV, jogos, visualizações técnicas, gráficos de negócios ou design de interface. A renderização é versátil e extremamente rápida. Todos os princípios básicos de animação (curvas e chaves) estão implementados no programa.

Assista abaixo o anime ''Sintel" uma das animações produzidas pela Fundação Blender:


Apesar de ser gratuito, o programa Blender 2.57 é tão completo que é a escolha de milhares de empresas em todo o mundo, para composições profissionais.

Abaixo tem um desenho animado. Trata do "Big Buck Bunny" é um curta de animação produzido pela Fundação Blender, dessa vez através do Blender Institute. A produção também contou com a colaboração de artistas da comunidade. Assista:



Este curta é o resultado do projeto Peach, que durante o seu desenvolvimento, trouxe diversas funcionalidades novas para o Blender 3D.

Tanto o Curta de animação "Big Buck Bunny" quanto o "Sintel" estão sob a Licença:

Creative Commons
3.0 Attribute "BY".

Portanto: Os licenciados têm o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, conquanto que dêem créditos devidos ao autor ou licenciador, na maneira especificada por estes.
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Para baixar o Programa Blender versão 2.57 para Windows, clique aqui
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Para baixar a animação "Big Buck Bunny" via 4Shared
Clique aqui
(Está em Widescreen (16:9), Resolução:1280x720 e Som Estéreo)



Fontes do post:

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Telecomunicações e o erro do modelo neoliberal Brasileiro para o setor

Brasil x China
modelos de desenvolvimento de Telecomunicações comparados
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Do Blog do Arnobio Rocha
via Blog Luis Nassif

A revolução das comunicações

No início dos anos 90 o mundo, além da queda do muro de Berlim, se preparava para uma nova era na área de comunicações – a tecnologia de telefonia celular, por volta de 1992 os principais padrões mundiais foram definidos: Na Europa – o GSM, nos EUA – o CDMA. Ambas tecnologias prometiam a digitalização da voz libertando das interferências, quedas de chamadas, e o pior a insegurança da comunicação.

Este novo cenário fez com que as maiores players de equipamentos telefonia fixa passaram a investir pesado na nova revolução, e buscaram novos locais no mundo para baratear a produção e garantia de presença em novos mercados. Países investiram firme para se capacitar e receber estes investimentos e criar novas indústrias mundiais. Dois exemplos deste esforço foram: Finlândia com a Nokia e Coréia do Sul com Samsung e LG.(tratei destes casos no post: Tecnologia – Nokia e Samsung – Exemplos para o Brasil)

Modelo Chinês

Em 1995 a China decide participar efetivamente deste novo momento, a nova política econômica aprovado pelo Governo chinês foi atrair as grandes empresas de Telecomunicações, dando-lhes acesso ao seu mercado, porém com a contrapartida de que eles tivessem acesso à tecnologia e pudessem compartilhar licenças e patentes de produtos.

Coordenado pelo ministério da indústria e de comunicações, a China montou grandes laboratórios para que os equipamentos dos grandes fabricantes fossem montados e interconectados aos protótipos chineses. Por exemplo uma Central de Comutação de fabricante X é conectada ao agregador de Estação de Rádio base chinês, ou vice-versa. Esta estratégia rapidamente deu grandes frutos, as duas empresas chinesas fomentadas pelo governo Huawei e ZTE aprenderam muito rápido a lógica de funcionamento fim a fim e começou a desenhar seus produtos com alta tecnologia.

Modelo Brasileiro

Brasil perdeu o bonde da tecnologia

Se ao invés de entregarmos as empresas de telecomunicações tivéssemos política industrial nacional, hoje poderia o Brasil ter um fabricante com expressão mundial, mas não tem. Erros graves de uma política entreguista foi o legado de FHC, perdemos o bonde histórico de tecnologia de ponta em vários setores, em Telecomunicações é bem nítido.

Mesmo os grandes fabricantes instalados no Brasil, abandonaram o desenvolvimento e passaram apenas a importar e no máximo montar partes dos equipamentos, houve perda de empregos e de qualidade dos empregos, alguns fabricantes se foram, maior exemplo é a Nec, que chegou a ser a maior empresa de equipamentos de telefonia do Brasil.
Havia capital abundante no mundo, busca de novos mercados para produção e desenvolvimento, FHC preferiu o capital especulativo. Perdemos a vez ali, por volta de 97 a 99. O dinheiro abundante, as grandes empresas querendo ir para novos mercados.
Podíamos e tínhamos como fazer até melhor que os chineses, mas não tínhamos projeto de Nação (aquilo que o Bresser falou na entrevista ao valor Econômico, Leia abaixo).
Bresser-Pereira não escapou à sedução do neoliberalismo, nos anos 90, como de resto toda a social-democracia europeia. Mas define uma diferença de origem entre ele e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, como intelectuais: o nacionalismo.
(...)
  • Valor: Então, o senhor está onde sempre esteve?
  • Bresser-Pereira: No governo Fernando Henrique, ou nos anos 90, a hegemonia neoliberal foi muito violenta. Foi tão violenta que também atingiu a mim. Não escapei dela.
  • Valor: Caiu no conto da globalização?
  • Bresser-Pereira: Um pouco. Não totalmente, mas ninguém é de ferro. O grande problema da social-democracia é que ela se deixou influenciar, no mundo inteiro.
(...)
Para Bresser-Pereira, a teoria da dependência associada, de Fernando Henrique, não por intenção do autor, mas por conveniência do "império", caiu como uma luva para a esquerda americana. No governo, Fernando Henrique não se contradisse: a teoria da dependência associada pregava o crescimento do país com capital externo. O caráter não nacionalista dos governos tucanos era absolutamente compatível com a teoria da dependência associada do intelectual Fernando Henrique.
[FHC ao aplicar para o Brasil sua "teoria da dependência associada", durante seu governo, tentou fazer com que um "Tubarão" se comportasse como mero "comensal"]


O modelo de privatização sem contrapartida nacional, de incentivo a indústria de telecomunicações, pouca articulação para que as compras fossem feitas prioritariamente baseadas no que aqui se produziam, fez com que rapidamente se desmontasse o setor.

Apresentar resultado dos milhões de celulares muitas vezes mascara o fracasso de sermos apenas consumidores de produtos que não se faz aqui, que não geram empregos de melhor qualidade, entraremos na 4ª geração de telefonia celular (ver artigo: Celulares: Ontem, hoje e amanhã) e continuaremos fora do circuito. Mesmo a universalização da Banda Larga, efetivamente não se dará numa articulação de setores de serviços de Telecomunicações com a de fabricação nacional destes produtos.



Fonte do post: Blog Luis Nassif

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A consolidação do modelo Lula

Só vai depender da Dilma, isso se a oposição e o PIG não atrapalharem...

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Enviado por luisnassif,
seg, 11/04/2011-14:58

Os cem dias de Dilma
O modelo Lula
Para analisar os cem dias de Dilma, é necessário entender o projeto de país de Lula.
Não é um projeto teórico, fruto de elucubrações intelectuais. Mas algo que sai da própria formação política de Lula e ganha corpo especialmente quando pega as rédeas do governo – no segundo mandato.
A construção de um país não é algo linear. Ainda nos anos 90 insisti muito na visão de “movimento pendular” para explicar a dialética do desenvolvimento. A ausência dessa dialética é a principal responsável pelo envelhecimento de regimes e de países.

Cria-se um movimento em determinada direção – digamos o neoliberalismo avassalador do início e do fim do século 20. Esse movimento surge em contraposição ao centralismo do período anterior, corrige vícios e consolida novos vitoriosos.

O pêndulo volta-se para o lado oposto, gerando novos vícios. Os novos interesses hegemônicos impedem uma discussão objetiva sobre os ajustes necessários.

Em outros países desenvolvidos, há três instituições capazes de refazer esses equilíbrios:
  • universidades;
  • partidos políticos (com seus think tanks);
  • e mídia de opinião.

Como tenho reiterado, aqui há insuficiência nesses três polos, especialmente na mídia de opinião – um simulacro do que é o jornalismo de opinião em economias avançadas.

Sem esses anteparos, os movimentos pendulares se radicalizam.
  • Foi assim com o crescimento descomunal do centralismo do Estado brasileiro e do protecionismo econômico no período militar;
  • foi assim com o desmonte do Estado brasileiro; [primeiro mandato da "era FHC"]
  • e, no período posterior, a abertura irresponsável da economia, acompanhada de apreciação cambial. [segundo mandato da "era FHC"]
O que leva ao amadurecimento do país são os ajustes de rumo, sem grandes rompimentos, grandes traumas. reduzindo os ângulos de inflexão do pêndulo.
O ponto novo do projeto Lula – de certo modo semelhante ao projeto Vargas – é o de romper com essa dicotomia e passar a noção de conjunto – ou seja, somos todos peças de um mesmo todo; e esse todo é a soma de todas as peças Daí a importância da consolidação do sentimento de Nação e o papel do estadista na explicitação desse modelo.
Esse modelo foi exemplarmente explicado por Lula no evento de premiação da Carta Capital em 2009 [corregindo, foi em 18 de outubro de 2010]. No futuro será uma daquelas peças modelares da construção político-econômica brasileira, como foram os discursos de Vargas para os trabalhadores do Brasil, o de JK sobre os 50 anos em 5, o de Collor sobre as “carroças” brasileiras no início dos anos 90. Não consegui me lembrar de nenhum discurso siignificativo de FHC, a não ser as baboseiras sobre “a nova renascença”.


Fonte - YouTube - acessado em 18out2010

No evento da Carta Capital, Lula virou-se para Ivan Zurita, presidente da Nestlé, e lhe disse que os lucros da empresa eram excepcionais. E sabe a razão? Os recursos que iam para o Bolsa Família, o aumento do salário mínimo que permitiram o surgimento de uma nova classe consumidora.

Lula conseguiu conduzir a maior política de inclusão social do país minimizando os conflitos de maneira inédita na história contemporânea, justamente através dessa estratégia de juntar todas as peças e mostrar que o país era a soma de todos. Foi um jogo de ganha-ganha que tem seus custos.

A rigor, desde a criação do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) no início do primeiro mandato, tinha-se essa visão clara, de somar e esvaziar os movimentos de radicalização. A própria consolidação do governo Lula como de centro-esquerda permitiu esse pacto econômico-social.

No final dos dois mandatos, tinha-se conseguido a pax de Lula. A prova estava nas entrevistas entusiasmadas de Roberto Setúbal, Abílio Diniz, Gerdau e outros campeões do setor privado.
Restou um ponto de conflito: a velha mídia com seu poder de influência sobre a classe média convencional – média e alta gerência, classe B menos.
Esse conflito se dava em cima de questões não essenciais, ou exploradas de forma maliciosa, como as relações diplomáticas com Venezuela, Cuba, a defesa do programa nuclear do Irã, a falácia do controle externo da mídia, a verborragia de Lula, especialmente no último ano. E preconceito, preconceito, preconceito.

Os desafios de Dilma
Primeiro desafio – desarmar o clima de guerra

No chamado campo psicossocial, o primeiro ato de Dilma foi esvaziar a tensão junto ao público midiático – velha mídia e a opinião pública midiática. Todos os fatores de desgaste foram trabalhados simultaneamente e com tal pontaria que faz crer que, por trás da escolha dos temas, estava algum estudo sistemático – provavelmente de João Santana.

Foi ao aniversário da Folha, condenou desrespeito aos direitos humanos no Irã, baixou a retórica em torno da Lei dos Meios, fez afagos públicos a FHC, reduziu ao máximo a exposição pública, mostrou que não seria uma estatista.

Havia várias razões para essa estratégia.

A mais óbvia é que não dá para governar em clima de guerra permanente. A segunda é que o melhor momento para promover a paz é o afago ao derrotado. A terceira é que o fim do clima de guerra ajudaria no salto final para o amadurecimento político brasileiro, enterrando de vez a tentativa de se criar o ambiente de esgoto na política.

Aliás, a declaração de FHC ao Poder Online, do iG, é o reconhecimento da eficácia da estratégia: “a oposição a Dilma Rousseff deve ser menos agressiva, o que ajudará a melhorar nossos costumes políticos". Tudo isso devido ao afago no mais descomunal ego da história política brasileira, provavelmente superior ao do próprio Ruy Barbosa.

O mais importante da história é que não houve mudança em nenhum ponto fundamental do modelo Lula. Pelo contrário, houve a consolidação. O único fator novo foi a mudança de retórica.

No caso da Lei Geral das Comunicações, desde o começo Franklin Martins salientava que seria em defesa dos meios de comunicação contra o poder dezenas de vezes maior das teles. Mas falava com impaciência, provavelmente irritado com a ignorância da velha mídia, de não perceber esse movimento. O clima bélico dava ênfase à retórica e não analisava o conteúdo.

O próprio Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) faz parte dessa estratégia ao criar alternativas de transmissão que passam ao largo do controle das teles.

Segundo desafio – consolidar o modelo gerencial

Esse desafio tem nuances interessantes.

Durante a campanha uma das bandeiras da candidatura José Serra era a imagem de bom gestor inteiramente construída pela velha mídia. Talvez tenha sido o mais ausente governador da história de São Paulo. De qualquer modo, era um dos pontos a tocar o imaginário da classe média midiática.

Por outro lado, embora o primeiro governo FHC tenha sido um desastre, em termos de contas públicas, a oposição brandiu sempre a bandeira do ajuste fiscal acima de qualquer outro valor.

O governo Lula atendeu o que era exigido pelo mercado – ajuste fiscal duro, para gerar superávit primário e compensar os juros exorbitantes do BC. Ao mesmo tempo, a camisa-de-força ideológica impedia qualquer ação proativa do Estado. A crise de 2008 abriu uma fenda nessa muralha e permitiu avançar nessa nova linha.

Por outro lado, provocou um aumento de despesas, exigindo uma freada de arrumação.

Dilma atuou nas duas linhas. Do lado das despesas, o corte de R$ 50 bi para redefinição das prioridades e ordenamento dos gatos – algo, como ela disse, que deve ser repetido sempre, para cortar despesas inúteis que se perpetuam pela inércia.

No campo administrativo – sua praia – montou rapidamente o modelo para substituir o anterior, que concentrava todo o esforço de coordenação na Casa Civil. Criou quatro eixos básicos – PAC, macroeconomia, políticas sociais e movimentos sociais -, cada qual com um objetivo claro, entregou a um Ministro respondendo diretamente a ela, coordenando as ações de cada ministério sobre o tema. E tratou de colocar administradores em lugar de políticos em áreas mais críticas da administração pública.

Foi não apenas um avanço em relação ao modelo anterior como permitiu, de maneira mais clara, à opinião pública entender a lógica de gestão.

Com isso antecipa-se ao novo movimento do pêndulo, que poderia ser explorado pela oposição – freada nas despesas e modelos de gestão – trazendo um componente novo: melhoria da qualidade dos gastos públicos através do aumento da eficácia da gestão.
Terceiro desafio – sair da armadilha mercadista

Diria que esse é a mãe de todas as batalhas.

Ao longo dos últimos 16 anos, a submissão ideológica (muito mais que técnica) aos cânones do mercado desviou recursos imensos de investimentos em infraestrutura, possibilidade de redução de carga tributária, melhoria dos gastos sociais.

Desde o segundo semestre do ano passado Fazenda e Banco Central (já sem a sombra de Henrique Meirelles) iniciaram o movimento lento, gradual, para mudar os paradigmas da política monetária.

Foram tomadas as chamadas medidas prudenciais, para reduzir o peso dos juros, gradativamente o BC está trabalhando seus próprios cenários e expectativas, sem ficar prisioneiro da pesquisa Focus, e houve mudanças que deixam à disposição da Fazenda intervir mais decididamente no mercado cambial. Embora nada tenha sido feito de mais relevante até agora. Além disso foi anunciada recentemente a ampliação do universo pesquisado pela Focus.

Esse desafio é complicado, porque no bojo de uma alta generalizada nos preços das commodities e no aquecimento de alguns setores da economia.

É um nó conjuntural, mas uma ameaça expressiva, que terá que ser trabalhada este ano. Até agora a Fazenda não tem se saído bem, embora os desafios sejam imensos.
O "pano de fundo" é o rearranjo político da economia.

Para minimizar pressões, a estratégia de Lula consistiu em atender à demanda de todos os setores.
  • Ao mercado, juros e câmbio apreciado;
  • às grandes empresas exportadoras, swap reverso (antes da crise);
  • aos grandes industriais, financiamentos do BNDES;
  • à classe média, uma economia aquecida;
  • aos movimentos sociais, espaço para atuação modernizadora.

A conta ficou alta, especialmente porque o maior preço – o do mercado financeiro – não foi reestruturado. Daí a importância desse ajuste na política monetária.

Fonte: Blog Luis Nassif

sábado, 9 de abril de 2011

Mensalão - A verdade sobre a conclusão do relatório da PF - Não houve mensalão e sim caixa dois

Não se trata de uma mera questão semântica nem, da nossa parte, um esforço para minimizar qualquer crime cometido pelo PT e por integrantes do governo Lula. CartaCapital, aliás, nunca defendeu a tese de que o caixa 2, associado a um intenso lobby e também alimentado com dinheiro público, seja menos grave que a compra de apoio parlamentar. A história do mensalão serve, na verdade, ao outro lado, àquele que nos acusa de parcialidade [o famoso PIG que reúne, dentre outras, 4 das grandes famílias midiáticas do brasil: a Globo, Abril, Estadão e a folha]. Primeiro, por ter o condão de circunscrever o escândalo apenas ao PT [escondendo os fatos que envolvem o PSDB] e, desta forma, usá-lo como instrumento da disputa de poder. Depois, por esconder a participação do banqueiro Daniel Dantas, cujos tentáculos na mídia CartaCapital denuncia há anos, e a do PSDB, legenda preferida dos patrões e seus prepostos nas redações. Em nome desta aliança, distorce-se e mente-se quando necessário. E às favas o jornalismo.

por: Editorial de Carta capital

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Da Carta Capital
Via Blog Luis Nassif

O escândalo do mensalão voltou à cena. Em páginas recheadas de gráficos, infográficos, tabelas e quadros de todos os tipos e tamanhos, a revista Época anunciou, na edição que chegou às bancas no sábado 2, ter encontrado a pedra fundamental da mais grave crise política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2005 e 2006.

Com base em um relatório sigiloso da Polícia Federal, encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, a semanal da Editora Globo concluiu sem mais delongas:

Na visão da Globo via sua revista "época":
a PF havia provado a existência do mensalão e o uso de dinheiro público no esquema administrado pelo publicitário Marcos Valério de Souza.
Outro aspecto da reportagem chamada atenção: o esforço comovente em esconder o papel do banqueiro Daniel Dantas no financiamento do valerioduto. Alguns trechos pareciam escritos para beatificar o dono do Opportunity, apresentado como um empresário achacado pela sanha petista por dinheiro.
As provas do descalabro estariam nas 332 páginas do inquérito 2.474, tocado pelo delegado Luiz Flávio Zampronha, da Divisão de Combate a Crimes Financeiros da PF e encaminhado ao ministro Joaquim Barbosa, relator no STF do processo do “mensalão”. Inspirados no relato de Época, editorialistas, colunistas e demais istas não tiveram dúvidas: o mensalão estava provado. Estranhamente, a mesma turma praticamente silenciou a respeito dos trechos que tratavam de Dantas.
Infelizmente, os leitores de Época não foram "informados" corretamente a respeito do conteúdo do relatório escrito, com bastante rigor e minúcias, pelo delegado Zampronha.
Em certa medida, sobretudo na informação básica mais propalada, a de que o “mensalão” havia sido confirmado, esses mesmos leitores foram enganados.

Não há uma única linha no texto que confirme a existência do tal esquema de pagamentos mensais a parlamentares da base governista em troca de apoio a projetos do governo no Congresso Nacional.

Ao contrário.

Em mais de uma passagem, o policial faz questão de frisar que o inquérito, longe de ser o “relatório final do mensalão”, é uma investigação suplementar do chamado “valerioduto”, solicitada pela Procuradoria Geral da República, para dar suporte à denúncia inicial, esta sim baseada na tese dos pagamentos mensais.
Trata, portanto, da complexa rede de arrecadação, distribuição e lavagem de dinheiro sujo montada por Marcos Valério.

Zampronha teve, inclusive, o trabalho de relatar como esse esquema a envolver financiamento ilegal de campanha e lobbies privados começou em 1999, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, e terminou em 2005, na administração Lula, após ser denunciado pelo deputado Roberto Jefferson, do PTB.

Ao longo do texto, fica clara a percepção do delegado de que nunca houve “mensalão” (o pagamento mensal a parlamentares), mas uma estratégia mafiosa de formação de caixa 2 e que avançaria sobre o dinheiro público de forma voraz caso não tivesse sido interrompida pela eclosão do escândalo.

Na quarta-feira 6, CartaCapital teve acesso ao relatório. Para não tornar seus leitores escravos da interpretação exclusiva da reportagem que se segue, decidiu publicar na internet (www.cartacapital.com.br) a íntegra do documento da Polícia Federal [os links estão no final do post]. Assim, os interessados poderão tirar suas próprias conclusões. 
Poderão verificar, por exemplo, que o delegado ateve-se a identificar as fontes de financiamento do valerioduto. E mais: notar que Dantas é o principal alvo do inquérito.
Ao contrário do que deu a entender a revista Época, não se trata do “relatório final” sobre o mensalão. Muito menos foi encomendado pelo ministro Barbosa para esclarecer “o maior escândalo de corrupção da República”, como adjetiva a semanal. Logo na abertura do relatório, Zampronha faz questão de explicar – e o fará em diversos trechos: a investigação serviu para consolidar as informações relativas às operações financeiras e de empréstimos fajutos do “núcleo Marcos Valério”.

Em seguida, trata, em 36 páginas (mais de 10% de todo o texto), das relações de Marcos Valério com Dantas e com os petistas. À página 222, anota, por exemplo: “Pelos elementos de prova reunidos no presente inquérito, contata-se que Marcos Valério atuava como interlocutor do Grupo Opportunity junto a representantes do Partido dos Trabalhadores, sendo possível concluir que os contratos (de publicidade) realmente foram firmados a título de remuneração pela intermediação de interesse junto a instâncias governamentais”.

O foco sobre Dantas não fez parte de uma estratégia pessoal do delegado. No fim do ano passado, a Procuradoria Geral da República determinou à PF a realização de diligências focadas no relacionamento do valerioduto com as empresas Brasil Telecom, Telemig Celular e Amazônia Celular. As três operadoras de telefonia, controladas à época pelo Opportunity, mantinham vultosos contratos com as agências DNA e SMP&B de Marcos Valério. Zampronha solicitou todos os documentos referentes a esses pagamentos, tais como contratos, recibos, notas fiscais e comprovantes de serviços prestados. A conclusão foi de que a dupla Dantas-Valério foi incapaz de comprovar os serviços contratados.

As análises financeiras dos laudos periciais encomendados ao Instituto Nacional de Criminalística da PF revelaram que, entre 1999 e 2002, no segundo governo FHC, apenas a Telemig Celular e a Amazônia Celular pagaram às empresas de Marcos Valério, via 1.169 depósitos em dinheiro, um total de 77,3 milhões de reais. Entre 2003 e 2005, no governo Lula, esses créditos, consumados por 585 depósitos das empresas de Dantas, chegaram a 87,4 milhões de reais. Ou seja, entre 1999 e 2005, o banqueiro irrigou o esquema de corrupção montado por Marcos Valério com nada menos que 164 milhões de reais. O cálculo pode estar muito abaixo do que realmente pode ter sido transferido, pois se baseia no que os federais conseguiram rastrear.
Segundo o relatório, existem triangulações financeiras típicas de pagamento de propina e lavagem de dinheiro. Em uma delas, realizada em 30 de julho de 2004, a Telemig Celular pagou 870 mil reais à SMP&B, depósito que se somou a outro, de 2,5 milhões de reais, feito pela Brasil Telecom. O total de 3,4 milhões de reais serviu de suporte para transferências feitas em favor da empresa Athenas Trading, no valor de 1,9 milhão de reais, e para a By Brasil Trading, de 976,8 mil reais, ambas utilizadas pelo esquema de Marcos Valério para mandar dinheiro ao exterior por meio de operações de câmbio irregulares, de modo a inviabilizar a identificação dos verdadeiros beneficiários dos recursos. Em consequência, Zampronha repassou ao Ministério Público Federal a função de investigar se houve efetiva prestação de serviços por parte das agências de Marcos Valério às empresas controladas pelo Opportunity.

A principal pista da participação de Dantas na irrigação do valerioduto surgiu, porém, a partir de uma auditoria interna da Brasil Telecom, realizada em 2006. Ali demonstrou-se que, às vésperas da instalação da CPMI dos Correios, em 2005, na esteira do escândalo do “mensalão” e no momento em que a permanência do Opportunity no comando da telefônica estava sob ameaça, a DNA e a SMP&B celebraram com a BrT contratos de 50 milhões de reais. Dessa forma, as duas empresas de Marcos Valério puderam, sozinhas, abocanhar 40% da verba publicitária da Brasil Telecom. Isso sem que a área de marketing da operadora tivesse sido consultada.

Ao delegado, Dantas afirmou que, a partir de 2000, ainda no governo FHC, passou a “sofrer pressões” da italiana Telecom Italia, sócia da BrT. Em 2003, já no governo Lula, o banqueiro afirma ter sido procurado pelo então ministro-chefe da Casa Civil, o ex-deputado José Dirceu, com quem teria se reunido em Brasília.

Na conversa com Dirceu, afirma Dantas, o ministro teria se mostrado interessado em resolver os problemas societários da BrT e encerrar o litígio do Opportunity com os fundos de pensão de empresas estatais. O Palácio do Planalto teria escalado o então presidente do Banco do Brasil, Cassio Casseb, para cuidar do assunto. Casseb viria a ser um dos alvos da arapongagem da Kroll a pedido do Opportunity. O caso, que envolveu a espionagem de integrantes do governo FHC e da administração Lula, baseou a Operação Chacal da PF em 2004.

Dantas afirmou ter se recusado a “negociar” com o PT. Após a recusam acrescenta, as pressões aumentaram e ele teria começado a ser perseguido pelo governo. Mas o banqueiro não foi capaz de provar nenhuma das acusações, embora seja claro que petistas se aproveitaram da guerra comercial na telefonia para extrair dinheiro do orelhudo. Só não sabiam com quem se metiam. Ou sabiam?

O fundador do Opportunity também repetiu a versão de que um de seus sócios, Carlos Rodemburg, havia sido procurado pelo então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, acompanhado de Marcos Valério, para ser informado de um déficit de 50 milhões de reais nas contas do partido. Teria sido uma forma velada de pedido de propina, segundo Dantas, nunca consolidado. O próprio banqueiro, contudo, admitiu que Delúbio não insinuou dar nada em troca da eventual contribuição solicitada. Negou, também, que tenha mantido qualquer relação pessoal ou comercial com Marcos Valério, o que, à luz das provas recolhidas por Zampronha, soam como deboche. “O depoimento de Daniel Dantas está repleto de respostas evasivas e esquecimentos de datas e detalhes dos fatos”, informou no despacho ao ministro Barbosa.

Chamou a atenção do delegado o fato de os contratos da BrT com as agências de Marcos Valério terem somado os exatos 50 milhões de reais que teriam sido citados por Delúbio no encontro com Rodemburg. Para Zampronha, a soma dos contratos, assim como outras diligências realizadas pelo novo inquérito, “indicam claramente” que, por algum motivo, o Grupo Opportunity decidiu efetuar os repasses supostamente solicitados por Delúbio, com a intermediação das agências de Marcos Valério, como forma de dissimular os pagamentos.

Os contratos da DNA e da SMP&B com a Brasil Telecom, segundo Zampronha, obedecem a uma sofisticada técnica de lavagem de dinheiro, usada em todo o esquema de Marcos Valério, conhecida como commingling (mescla, em inglês). Consiste em misturar operações ilícitas com atividades comerciais legais, de modo a permitir que outras empresas privadas possam se valer dos mesmos mecanismos de simulação e superfaturamento de contratos de publicidade para encobrir dinheiro sujo. No caso da BrT, cada um dos contratos, no valor de 25 milhões de reais, exigia contratação de terceiros para serem executados. Além disso, havia a previsão de pagamento fixo de 187,5 mil reais mensais às duas agências do Valerioduto, referente à prestação de serviços de “mídia e produção”.

Surpreendentemente, e contra todas as evidências, Dantas disse nunca ter participado da administração da BrT. Por essa razão, não teria condições de prestar qualquer informação sobre os contratos firmados pela então presidente da empresa, Carla Cicco, indicada por ele, com as agências de Marcos Valério. De volta a Itália desde 2005, Carla Cicco informou à PF não ter tido qualquer participação ou influência na contratação das agências, apesar de admitir ter assinado os contratos. Disse ter se encontrado com Marcos Valério uma única vez, numa reunião de trabalho com representantes da DNA.
O protagonismo de Dantas no valerioduto e o desmembramento da rede de negócios montada por Marcos Valério, desde 1999, nos governos do PSDB e do PT são elementos que, no relatório da PF, desmontam, por si só, a tese do pagamento de propinas mensais a parlamentares. Ou seja, a tese do “mensalão”, na qual se baseou a denúncia da PGR encaminhada ao Supremo, não encontra respaldo na investigação de Zampronha, a ponto de sequer ser considerada como ponto de análise.
O foco do delegado é outro crime, gravíssimo e comum ao sistema político brasileiro, de financiamento partidário baseado em arrecadação ilícita, montagem de caixa 2 e, passadas as eleições, divisão ilegal de restos de campanha a aliados e correligionários. Por essa razão, ele encomendou os novos laudos detalhados ao INC.

Uma das primeiras conclusões dos laudos de exame contábil foi que Marcos Valério usava a DNA Propaganda para desviar recursos do Fundo de Incentivo Visanet, empresa com participação acionária do Banco do Brasil, e distribui-los aos participantes do esquema do PT e de partidos aliados. O fundo foi criado em 2001 com o objetivo de financiar ações de marketing para incentivar o uso de cartões da bandeira Visa. O Visanet foi, inicialmente, constituído com recursos da Companhia Brasileira de Meios e Pagamentos (CBMP), nome oficial da empresa privada Visanet, e distribuído em cotas proporcionais de um total de 492 milhões de reais a 26 acionistas. Além do BB participam o Bradesco, Itaú, HSBC, Santander, Rural, e até mesmo o Panamericano, vendido recentemente por Silvio Santos ao banqueiro André Esteves. “Para operar tais desvios, Marcos Valério aproveita-se da confusão existente entre a verba oriunda do Fundo de Incentivo Visanet e aquela relacionada ao orçamento de publicidade próprio do Banco do Brasil”, anotou o policial.

O BB repassava mais de 30% do volume distribuído pelo fundo, cerca de 147,6 milhões de reais, valor correspondente à participação da instituição no capital da Visanet. Desse total, apenas a DNA Propaganda recebeu 60,5% do dinheiro, cerca de 90 milhões de reais, entre 2001 e 2005, divididos por dois anos no governo FHC, e por dois anos e meio, no governo Lula. Daí a constatação de que, de fato, por meio da Visanet, o valerioduto foi irrigado com dinheiro público. O que nunca se falou, contudo, é que essa sangria não se deu somente durante o governo petista, embora tenha sido nele o período de maior fartura da atividade criminosa. Quando eram os tucanos a coordenar o fundo, Marcos Valério meteu a mão em ao menos 17,2 milhões de reais.

De acordo com o relatório da PF, Marcos Valério tinha consciência de que agências de publicidade e propaganda representavam um mecanismo eficaz para desviar dinheiro público, por conta do caráter subjetivo dos serviços demandados. Mas havia um detalhe mais importante, como percebeu Zampronha. Com as agências, Valério passou a lidar com a compra de espaços publicitários em diversos veículos de comunicação. “Esta relação econômica estreitava o vínculo do empresário com tais veículos e poderia facilitar o direcionamento de coberturas jornalísticas”.
As Organizações Globo, proprietária da revista Época, sonegou a seus leitores, por exemplo, ter sido a maior beneficiária de uma das principais empresas do valerioduto.

À página 68 do relatório, e em outras tantas, a TV Globo é citada explicitamente. Escreve o delegado: “A nota emitida pela empresa de comunicação destaca-se por sua natureza fiscal de adiantamento, “publicidade futura”, isto é, a nota por si só não traz qualquer prestação de serviço, como também não há elementos que vincule os valores adiantados ao fundo de incentivo Visanet”. 
Zampronha se referia a contratos firmados em 2003 no valor de 720 mil reais e 2,88 milhões de reais. Entre 2004 e 2005, a TV Globo receberia outros pagamentos da DNA, no valor total de 1,2 milhão de reais, lançados na planilha de controle do Fundo Visanet.
Mesmo tratado com simpatia na reportagem da Época, o Opportunity [de Daniel Dantas] não perdoou.
No item 17 de uma longa nota oficial em resposta, o banco atira: “Na Telemig, segundo informações prestadas à CPI do Mensalão, a maioria dos recursos eram repassados às Organizações Globo. Por isso, a apuração desses fatos fica fácil de ser feita pela Época.”
Segundo Zampronha, o objetivo do valerioduto era criar empresas de fachada para auxiliar na movimentação de dinheiro sujo e manter os interessados longe dos órgãos oficiais de fiscalização e controle. O leque de agremiações políticas para as quais Marcos Valério “prestava serviços” era tão grande que não restou dúvida ao delegado: “Estamos diante de um profissional sem qualquer viés partidário”. Isso não minimiza o fato de o PT, além de qualquer outra legenda, ter se lambuzado no esquema. Não fosse a denúncia de Jefferson, o valerioduto teria se inscrutado de forma absoluta no Estado brasileiro e se transformado em uma torneira permanemente aberta por onde jorraria dinheiro público para os cofres petistas.

CartaCapital não espera, como de costume, que esta reportagem tenha repercussões na mídia nativa. À exceção da desbotada tese do mensalão, que serve à disputa político-partidária na qual os meios de comunicação atuam como protagonistas, não há nenhum interesse em elucidar os fatos. O que, se assim for, provará que a sociedade afluente navega tranquilamente sobre o velho mar de lama.
Leia a íntegra do relatório:
 Parte 1, Parte 2, Parte 3, Parte 4, Parte 5, Parte 6, Parte 7 e Parte 8
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Leia mais sobre armações e manipulações:


Fontes:

Preço da gasolina: mitos e verdades

7 de abril de 2011 / 12:19
Os Estados ficam com a maior parte dos impostos
Clique aqui e saiba sobre o ICMS de Goiás
Para baixar o artigo em PDF Clique aqui
01) Por que a Petrobras Distribuidora não se pronuncia sobre alterações de preços dos combustíveis nos postos?

Porque os preços são livres nas bombas. As distribuidoras de combustível são legalmente impedidas de exercer qualquer influência sobre eles.
Há uma lei federal que impede as distribuidoras de operarem postos. Estes são, em regra, administrados por terceiros, pessoas jurídicas distintas e autônomas.
O mercado da gasolina no Brasil hoje é regulamentado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e pela Lei Federal 9.478/97 (Lei do Petróleo). Esta lei flexibilizou o monopólio do setor de petróleo e gás natural, até então exercido pela Petrobras (da qual a Petrobras Distribuidora é subsidiária), tornando aberto o mercado de combustíveis no País. Dessa forma, desde janeiro de 2002 as importações de combustíveis foram liberadas e o preço passou a ser definido pelo próprio mercado.

O preço final ao consumidor varia em função de múltiplos fatores como: carga tributária (municipal, estadual, federal), concorrência com outros postos na mesma região e a estrutura de custos de cada posto (encargos trabalhistas, frete, volume movimentado, margem de lucro etc.). É possível pesquisar sobre o assunto no site da Petrobras (Composição de Preços) e no da ANP (dúvidas sobre preço).


02) É verdade que a gasolina é mais cara aqui do que no resto do mundo, apesar de o Brasil ser autossuficiente em petróleo?

No gráfico a seguir é possível comparar os preços da gasolina praticados no Brasil com os preços médios em diversos países.
  • a) a parcela em verde do gráfico representa o preço da refinaria sem impostos;
  • b) a parcela em azul representa as margens de comercialização, que oscilam em função do mercado local de venda dos combustíveis;
  • c) e a parcela em amarelo representa a carga tributária que é a maior responsável pela diferença dos preços entre os países.
Observa-se, também, que os valores cobrados no Brasil encontram-se alinhados com os preços de outros países que possuem mercados de derivados abertos e competitivos.

Preços Internacionais de Gasolina – média 2010

Foto: Blog da Petrobrás,acessado em 9abr2011
A Gasolina e os impostos dela no Brasil estão mais baratos que Japão,
Alemanha, Itália, Englaterra e Uruguai.
A margem de lucro das Distrib. e dos postos de combustíveis no Brasil
é maior que nos EUA, Chile, Canadá, Englaterra, Alemanha e Itália
Obs: O teor de álcool anidro na Gasolina C se manteve em 25% ao longo do ano, exceto no período de fevereiro a março, quando o percentual foi reduzido para 20%.

Elaboração: Petrobras com dados do Banco Central, ANP, USP/Cepea, ENAP(Empresa Nacional Del Petróleo – Chile), ANCAP (Admisnistración Nacional de Combustibles, Alcohol y Portland – Uruguai) e PFC Energy.

Margens de Distribuição e Revenda obtidas por diferença. Câmbio considerado = 1,7602 (média da PTAX diária em 2010).
Constata-se, desta forma, que a Petrobras, a Petrobras Distribuidora e as demais distribuidoras não possuem ingerência total na cadeia de formação de preço do produto comercializado ao consumidor. Todos os demais agentes envolvidos podem contribuir na sua variação (para maior ou para menor).

Postos de serviço e distribuidoras podem praticar margens variáveis conforme seus planos comerciais, visto que os preços não são tabelados nem estão sob controle governamental.


03) Toda vez que o preço do álcool sobe, também aumenta o da gasolina?

As usinas de cana-de-açúcar produzem dois tipos de álcool:
  • o anidro, que é adicionado pelas distribuidoras à gasolina; 
  • e o hidratado, que passou a ser chamado de etanol.
Assim, o período de entressafra da cana-de-açúcar pode provocar alta tanto no preço final da gasolina – em virtude da escassez do álcool anidro, misturado à gasolina, hoje na proporção de 25% – quanto no preço final do etanol. Mas não é uma regra, já que vários fatores interferem no preço final do combustível. Confira no site da Petrobras.


04) A Petrobras é a única fornecedora de gasolina no Brasil?

Ao abastecer seu veículo no posto revendedor, o consumidor adquire a gasolina “C”, uma mistura de gasolina “A” com álcool anidro. Nesta época do ano, a chamada entressafra da cana-de-açúcar, o preço do álcool sobe, impactando o preço da gasolina.

A gasolina “A” pode ser produzida nas refinarias da Petrobras (Petróleo Brasileiro S.A.), por outros refinadores do País, por formuladores, pelas centrais petroquímicas ou, ainda, importada por empresas autorizadas pela ANP.

As principais distribuidoras, como a Petrobras Distribuidora e outras (consulte o Sindicom), compram a gasolina “A” da Petrobras, a maior produtora do Brasil.

Em bases e terminais, essas distribuidoras fazem a adição do álcool anidro, adquirido junto às usinas produtoras (consulte www.unica.com.br), gerando a gasolina “C”.

A proporção de álcool anidro nessa mistura (25%) é determinada pelo Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (CIMA), vide Resoluções da ANP.

Assim, por meio de milhares de postos revendedores presentes no Brasil, as distribuidoras comercializam a gasolina “C” para todos os consumidores.


Leia também a nota de esclarecimento divulgada pela Gerência de Imprensa da Petrobras


Fonte: Luis Nassif

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Cancelamento de 40 mil benefícios do Bolsa Família

do Ministério do Desenvolvimento
via primeira edição
(07/04/2011 14:19)

A baixa frequência escolar e o não cumprimento da agenda de saúde levaram ao cancelamento de 40.383 benefícios do Programa Bolsa Família. Deste total, 24.764 famílias perderam o total de recursos recebidos e 15.619, apenas a parcela referente aos adolescentes de 16 e 17 anos. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) suspendeu também o pagamento de 120.54 8 benefícios por 60 dias. Outros 106.968 mil foram bloqueados em março, mas, neste caso, as famílias voltam a receber os valores retroativos em abril.

O ministério alerta aos gestores e técnicos municipais que 36 mil famílias tiveram os recursos do programa suspensos pela segunda vez e estão correndo risco de cancelamento em maio, após o próximo período de monitoramento da educação, que termina no dia 29 de abril. É preciso que esses beneficiários sejam incluídos no processo de acompanhamento familiar pelas áreas de assistência social, educação, saúde e gestão municipal do Bolsa Família para evitar a perda do benefício.

Os beneficiários precisam cumprir as contrapartidas do programa:
  • Na educação, é a frequência mínima de 85% das aulas para crianças e adolescentes de 6 a 15 anos e de 75%, para jovens de 16 e 17 anos.
  • Na área de saúde, a manutenção da vacina em dia, registro do peso e da altura das crianças de até 7 anos e a realização do pré-natal pelas beneficiárias gestantes.
Os efeitos nos benefícios financeiros das famílias que não cumpriram as condicionalidades são gradativos:
  1. Na primeira vez em que é detectado um descumprimento, as famílias recebem uma advertência;
  2. se a situação se repetir num período de 18 meses, o benefício é bloqueado. 
  3. Novas reincidências levam a uma suspensão no recebimento do benefício por 60 dias, seguida de uma segunda suspensão;
  4. caso haja cinco descumprimentos, o benefício é cancelado.
Esse prazo relativamente longo integra a estratégia do MDS para que a gestão municipal identifique os motivos que estão levando beneficiários a não exercerem plenamente seus direitos sociais básicos de saúde e educação. 

Em novembro, por exemplo, foram identificados 75,7 mil alunos com baixa frequência por negligência dos pais, outros 61,8 mil por desinteresse ou desmotivação e mais de 2,2 mil meninas por gravidez. Cerca de 19 mil famílias estão em processo de acompanhamento familiar numa tentativa de fazer com elas voltem a atender as condições do programa.


Adolescentes

O monitoramento dos adolescentes de 16 e 17 anos é mais ágil e basta três descumprimentos para o cancelamento do benefício:
  • Na primeira vez de detecção de presença inferior a 75% das aulas, a família também recebe uma advertência;
  • na segunda, o benefício será suspenso;
  • na terceira, é cancelado;
Nesse caso, foram cancelados 15.619 benefícios de estudantes jovens que não conseguiram comparecer a 75% das aulas no último período de acompanhamento. Mais 26.758 podem perder o Bolsa Família no primeiro período de registro de 2011.
Outra diferença no monitoramento de alunos de 16 e 17 anos é que, nesse caso, será suspenso ou cancelado apenas o valor do benefício vinculado ao adolescente, no valor de R$ 38,00, limitado a dois por família.

Os outros valores, de R$ 32,00 por filho de até 15 anos, limitado a três, e o benefício básico de R$ 70,00, destinado a famílias extremamente pobres, com renda per capita de até R$ 70,00, continuam disponíveis, desde que o restante da família cumpra as condicionalidades.


Resultados

O MDS e o Ministério da Educação monitoraram 15,5 milhões de alunos beneficiados pelo Bolsa Família, em outubro e novembro, mantendo os altos percentuais de registros de 88% do total de 17,5 milhões de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. Do total acompanhado, 15 milhões cumpriram as exigências do ministério, o que representa 97%. Apenas 2,8% não atingiram os percentuais de frequência, mas esses alunos são os que mais necessitam da atenção do poder público.

No caso da agenda de saúde, o MDS e o Ministério da Saúde têm o registro de 7,2 milhões de famílias, que representam 68% do total de 10,6 milhões de famílias com crianças de até 7 anos ou mulheres entre 14 e 44 anos. Essas famílias incluem 4,2 milhões de crianças, das quais 99% têm a vacinação em dia, e 120 mil gestantes, com 95% de pré-natal realizado em dia.

Por considerar que saúde e educação são dimensões importantes para a melhoria de vida da população pobre, os ministérios estão trabalhando para avançar ainda mais no acompanhamento das contrapartidas.
12,9 milhões de famílias são atendidas pelo programa.

Elas precisam atualizar suas informações no cadastro a cada dois anos e cumprir as contrapartidas nas áreas de educação e saúde para manter o benefício. O critério para receber o Bolsa Família é renda mensal por pessoa de até R$ 140. Os valores recebidos variam conforme o perfil econômico e a existência de filhos de até 17 anos.

Fonte: Primeira edição

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Cidinha Campos, PDT-RJ, e seu discurso contra os corruptos

Recordar é viver...

Na tarde de 24 de março de 2010 a Deputada Cidinha Campos discursa contra deputados que querem concorrer a vaga do TCE e todos, segundo ela, tem problemas judiciais. Quando ela começa o discuros tá um barulho danado no plenário, boa parte dos deputados estão rindo, um deles até curte com ela. A Cidinha "acaba" com eles, não dá mole momento algum. Quanto mais ela discursava, mais silêncio ia tendo e chega a um dado momento que fica só ela falando e o plenário fica em um silêncio "esurdecedor". Foi de "lavar a alma", vale a pena ver e ouvir, de novo. Como dizem por aí, essa "honra as calças que veste".


Cidinha Campos no Wikipédia

Fonte: YouTube

sexta-feira, 1 de abril de 2011

EUA e China na ótica da Rússia

29/3/2011,
por MK Bhadrakumar,

via blog viomundo

Tradução do Coletivo da Vila Vudu

“Tempos de Dificuldades” [ing. Times of Troubles] é imagem arquetípica na consciência dos russos. A expressão evoca memórias coletivas da dolorosa história russa, quando, por longos períodos de tempo, às vezes por décadas a fio, o “centro” não conseguiu manter a própria coesão interna e tudo se tornou volátil e o país, de certo modo, fundiu-se. Também faz a Rússia lembrar a também dolorosa história das invasões estrangeiras. Por tudo isso, quando figura de destaque da comunidade estratégica russa fala de “Tempos de Dificuldades” que haveria à vista, no futuro dos russos, a expressão pesa toneladas e dá peso equivalente a todo o discurso; muito mais, se aparece em discurso do general Makhmud Gareyev, presidente da Academia de Ciências Militares da Rússia.

Em relatório que apresentou à academia militar no sábado passado em Moscou, em sessão da qual participou o mais alto escalão militar russo (dentre outros, Nikolai Makarov, chefe do comando do estado-maior da Rússia), Garyev alertou que a Rússia enfrenta hoje ameaças e desafios, no futuro próximo, que são as mais graves de sua história desde os “Tempos de Dificuldades” de 1612. [Os tempos de anarquia que a Rússia viveu entre 1598 e 1613, quando o país foi conquistado por poloneses e lituanos e um terço da população morreu de inanição e fome.]

As palavras de Garyev foram:
“No que tenha a ver com segurança, a Rússia jamais viveu época de tais e tantas ameaças como as se veem crescer nesse início do século 21, desde talvez 1612.”
E prosseguiu:
“Nosso país enfrentará terríveis pressões geopolíticas nos próximos anos, basicamente vindas de EUA e China. E temos de fazer o que for possível para não enveredar por qualquer tipo de rota de colisão com EUA e China.”

Recomendou que Moscou otimize todas suas competências e habilidades diplomáticas para evitar os perigos que se avizinham.

Gareyev destacou “o caráter global” que a guerra contemporânea está assumindo, agora que exércitos dos EUA já ocupam por terra territórios no Iraque e no Afeganistão e, por enquanto apenas por ar, também a Líbia.

Gareyev também chamou a atenção – detalhe importante – para o fato de que a China jamais parou de fortalecer-se militarmente, embora em idas e vindas, mas sempre com claros objetivos estratégicos. Em janeiro, por exemplo, a China fez coincidir um teste de voo (bem sucedido) de seu avião bombardeiro J-20 (com tecnologia “stealth” [invisível para os radares]) com a visita ao país do Secretário de Defesa dos EUA Robert Gates.

Na opinião de Garyev, os futuros conflitos absolutamente não serão conflitos só regionais ou locais.
“As forças militares dos EUA já estão presentes e ativas em todas as direções estratégicas – norte, sul, oriente e ocidente –, por todo o planeta ”.

Para comprovar que essa ameaça é real e crescente, Gareyev recomendou que a Rússia avalie os riscos realisticamente e com a máxima objetividade.

Criticou diretamente os think-tanks ultraliberais russos que “continuam a enganar a opinião pública”, fazendo crer que não haveria nuvens à vista.
A Rússia enfrenta ameaças graves, reais, no campo da defesa. Se essas ameaças não forem neutralizadas politicamente, não serão neutralizadas de modo algum (…)  e o inimigo, como em 1941, descarregará sobre nossas costas o peso maior.”

A Rússia está iniciando programa massivo de modernização militar que custará cerca de 650 bilhões de dólares. Mas é evento raríssimo que os estrategistas militares russos falem abertamente sobre ameaças que pressintam ou conheçam vindas da China.

Ainda que se deva conceder que é provável que Garyev estivesse argumentando, sobretudo, a favor de aumento drástico nos gastos militares, sua fala atraiu atenção em todo o mundo, como fala autorizada do mais alto comando estratégico russo.

Além disso, a publicidade dada ao discurso de Garyev na mídia russa indica que visa a ecoar também na opinião pública russa a qual, até agora foi seduzida exclusivamente para aprovar as políticas manifestas de “reset” com os EUA e de “parceria estratégica” com a China.

Fonte: Blog Viomundo - Luiz Carlos Azenha