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sexta-feira, 1 de abril de 2011

EUA e China na ótica da Rússia

29/3/2011,
por MK Bhadrakumar,

via blog viomundo

Tradução do Coletivo da Vila Vudu

“Tempos de Dificuldades” [ing. Times of Troubles] é imagem arquetípica na consciência dos russos. A expressão evoca memórias coletivas da dolorosa história russa, quando, por longos períodos de tempo, às vezes por décadas a fio, o “centro” não conseguiu manter a própria coesão interna e tudo se tornou volátil e o país, de certo modo, fundiu-se. Também faz a Rússia lembrar a também dolorosa história das invasões estrangeiras. Por tudo isso, quando figura de destaque da comunidade estratégica russa fala de “Tempos de Dificuldades” que haveria à vista, no futuro dos russos, a expressão pesa toneladas e dá peso equivalente a todo o discurso; muito mais, se aparece em discurso do general Makhmud Gareyev, presidente da Academia de Ciências Militares da Rússia.

Em relatório que apresentou à academia militar no sábado passado em Moscou, em sessão da qual participou o mais alto escalão militar russo (dentre outros, Nikolai Makarov, chefe do comando do estado-maior da Rússia), Garyev alertou que a Rússia enfrenta hoje ameaças e desafios, no futuro próximo, que são as mais graves de sua história desde os “Tempos de Dificuldades” de 1612. [Os tempos de anarquia que a Rússia viveu entre 1598 e 1613, quando o país foi conquistado por poloneses e lituanos e um terço da população morreu de inanição e fome.]

As palavras de Garyev foram:
“No que tenha a ver com segurança, a Rússia jamais viveu época de tais e tantas ameaças como as se veem crescer nesse início do século 21, desde talvez 1612.”
E prosseguiu:
“Nosso país enfrentará terríveis pressões geopolíticas nos próximos anos, basicamente vindas de EUA e China. E temos de fazer o que for possível para não enveredar por qualquer tipo de rota de colisão com EUA e China.”

Recomendou que Moscou otimize todas suas competências e habilidades diplomáticas para evitar os perigos que se avizinham.

Gareyev destacou “o caráter global” que a guerra contemporânea está assumindo, agora que exércitos dos EUA já ocupam por terra territórios no Iraque e no Afeganistão e, por enquanto apenas por ar, também a Líbia.

Gareyev também chamou a atenção – detalhe importante – para o fato de que a China jamais parou de fortalecer-se militarmente, embora em idas e vindas, mas sempre com claros objetivos estratégicos. Em janeiro, por exemplo, a China fez coincidir um teste de voo (bem sucedido) de seu avião bombardeiro J-20 (com tecnologia “stealth” [invisível para os radares]) com a visita ao país do Secretário de Defesa dos EUA Robert Gates.

Na opinião de Garyev, os futuros conflitos absolutamente não serão conflitos só regionais ou locais.
“As forças militares dos EUA já estão presentes e ativas em todas as direções estratégicas – norte, sul, oriente e ocidente –, por todo o planeta ”.

Para comprovar que essa ameaça é real e crescente, Gareyev recomendou que a Rússia avalie os riscos realisticamente e com a máxima objetividade.

Criticou diretamente os think-tanks ultraliberais russos que “continuam a enganar a opinião pública”, fazendo crer que não haveria nuvens à vista.
A Rússia enfrenta ameaças graves, reais, no campo da defesa. Se essas ameaças não forem neutralizadas politicamente, não serão neutralizadas de modo algum (…)  e o inimigo, como em 1941, descarregará sobre nossas costas o peso maior.”

A Rússia está iniciando programa massivo de modernização militar que custará cerca de 650 bilhões de dólares. Mas é evento raríssimo que os estrategistas militares russos falem abertamente sobre ameaças que pressintam ou conheçam vindas da China.

Ainda que se deva conceder que é provável que Garyev estivesse argumentando, sobretudo, a favor de aumento drástico nos gastos militares, sua fala atraiu atenção em todo o mundo, como fala autorizada do mais alto comando estratégico russo.

Além disso, a publicidade dada ao discurso de Garyev na mídia russa indica que visa a ecoar também na opinião pública russa a qual, até agora foi seduzida exclusivamente para aprovar as políticas manifestas de “reset” com os EUA e de “parceria estratégica” com a China.

Fonte: Blog Viomundo - Luiz Carlos Azenha

quinta-feira, 31 de março de 2011

Os EUA dos tempos modernos - me fez lembrar do Brasil.

Ehhh!!!! A "coisa" tá feia! Muito feia!
Como gostamos de copiá-los... sabem o que nos espera, né!

A última coluna de Bob Herbert no "New York Times"

Via Blog Luis Nassif
por Por Luiz Lima

Amig@s,

cheguei a este artigo - que o blog do Gadelha traduziu e postou - através da indicação de um amigo em uma lista de discussão. Trata-se da última coluna de Bob Herbert - sem dúvida o comentarista mais liberal (no sentido que esta palavra tem nos EUA) do "NYT", e que escreveu para o jornal durante dezoito anos.

Trata-se de um triste - e preciso - retrato do que são os Estados Unidos nos dias em que vivemos.
Luiz Lima
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Perdendo o rumo
Bob Herbert

Cá estamos despejando rios de dinheiro em outra guerra, dessa vez na Líbia, e, simultaneamente, demolindo os orçamentos escolares, fechando bibliotecas, demitindo professores e policiais e destruindo nossa qualidade de vida.

Bem-vindo à América da segunda década do século 21. Um exército de trabalhadores permanentes desempregados por todo o país, consequências humanas da Grande Recessão e de longos anos de políticas econômicas mal planejadas. O otimismo está em baixa. Os poucos empregos criados muito frequentemente pagam uma ninharia, insuficiente para abrir as portas para um padrão classe média de vida.

Arthur Miller, ecoando o poeta Archibald MacLeish, gostava de dizer que a essência da América foram as suas perspectivas. Isso foi há muito tempo. A ganância sem limites, o poder desenfreado das corporações e uma dependência feroz de petróleo estrangeiro nos levaram a uma era de guerra perpétua e de declínio econômico. Os jovens de hoje estão diante de um futuro que será inferior ao dos mais velhos, uma reversão que deve chacoalhar todo mundo.

Os EUA não apenas se equivocaram em suas prioridades. Quando o país mais poderoso de todos os tempos mergulha facilmente no horror da guerra, mas torna quase impossível encontrar um trabalho digno para o seu povo ou oferecer educação de qualidade para seus jovens, é que já perdeu o rumo totalmente.
Cerca de 14 milhões de americanos estão desempregados e as perspectivas para muitos deles são desagradáveis. Uma vez que existe apenas um posto de trabalho disponível para cada cinco pessoas à procura de trabalho, quatro dos cinco se deram mal. Em vez de uma terra de oportunidades, os EUA são cada vez mais um lugar de expectativas limitadas.

Um professor universitário em Washington me disse essa semana que alguns de seus graduados conseguiram emprego, mas sem ganhar bem, certamente não o suficiente para pensar em aumentar a família.

Há uma abundância de atividade econômica nos EUA, e muita riqueza. Mas, como crianças gulosas, as pessoas no topo estão pegando pra elas quase todas as "bolas de gude". As desigualdades de renda e de riqueza chegaram a níveis que fariam corar o terceiro mundo. Como informou o Instituto de Política Econômica, os 10 por cento mais ricos dos americanos receberam injustos 100 por cento do crescimento médio da renda nos anos de 2000 a 2007, o período mais recente período de expansão econômica.
Os americanos comportam-se como se isso fosse algo normal ou aceitável. Não deve ser, e não costumava ser. Durante grande parte do pós-Segunda Guerra Mundial, a distribuição de renda era muito mais justa, com os 10 por cento das famílias do topo conquistando apenas um terço do crescimento médio da renda, e os 90 por cento da base recebendo dois terços. Isso agora é realmente coisa do passado.


A má distribuição da riqueza atual é escandalosa.
Em 2009, os 5 por cento mais ricos pegaram 63,5 por cento da riqueza da nação. Enquanto a maioria esmagadora, os 80 por cento da base, pegou apenas 12,8 por cento.

Essa desigualdade, no qual um segmento enorme da população luta e uns poucos afortunados ficam no bem bom, é a receita para a agitação social. A mobilidade descendente é um fusível em curto, pronto para levar a graves consequências.

Um exemplo gritante dessa injustiça tão generalizada estava no título do The New York Times de sexta-feira: "Estratégias da GE permitem evitar impostos completamente." Apesar dos lucros de 14,2 bilhões dólares - 5,1 bilhões dólares em suas operações nos Estados Unidos - a General Electric não teve que pagar qualquer imposto nos EUA no ano passado.

Como David Kocieniewski do Times escreveu: "O êxito extraordinário é baseado em uma estratégia agressiva que mistura forte lobby para benefícios fiscais com contabilidade inovadora que permite concentrar os seus lucros no exterior."

A GE é a maior corporação do país. Seu principal executivo, Jeffrey Immelt, é o líder do Conselho sobre Emprego e Competitividade do presidente Barack Obama . Você pode imaginar como os trabalhadores devem olhar para este acolhedor arranjo governo-corporações e concluir que ele não está plenamente comprometido com os interesses do povo trabalhador.

Os profundos desequilíbrios entre riqueza e renda, inevitavelmente, levarão a enormes desequilíbrios de poder político. Assim, as corporações e os muito ricos continuam muito bem. A crise do emprego nunca é encarada. As guerras nunca terminam. E a construção da nação nunca tem apoio entre nós.

Novas idéias e novas lideranças nunca foram tão necessárias.
[O interessante é que o Brasil na era FHC seguia este mesmo rumo, elegemos Lula em 2003 e ele veio com novas ideias e estamos, hoje, vivendo um de nossos melhores momentos mesmo com o mundo estando passando pela maior crise deste 1929.]

Esta é minha última coluna do The New York Times, após quase 18 emocionantes anos. Saio para escrever um livro e aumentar os meus esforços em nome dos trabalhadores, dos pobres e de outros que estão lutando em nossa sociedade. Agradeço a todos os leitores que foram tão bondosos comigo ao longo dos anos. Daqui pra frente posso ser encontrado através do e-mail bobherbert88@gmail.com.

Bob Herbert

Fonte: Blog Luis Nassif

quinta-feira, 24 de março de 2011

Golpe de 64 - O Apoio americano ao golpe militar no Brasil

Do Arquivo de Segurança do EUA, disponibilizado no site da George Washington University

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tradução via google:

BRASIL MARCA 40 º ANIVERSÁRIO DO GOLPE MILITAR

Documentos desclassificados lançam luz sobre o papel dos EUA 
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Fita de áudio : o presidente Johnson pediu tomar "todos os passos que pudermos" para apoiar a derrubada de João Goulart
Embaixador dos EUA requerido pré-posicionado de Armamento para ajudar golpistas; Reconhecido operações encobertas apoio as manifestações de rua, as forças cívicas e grupos de resistência

Editado por Peter Kornbluh
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Washington, 31 mar 2004 - "Eu acho que devemos tomar todas as medidas que podemos, estar preparado para fazer tudo o que precisamos fazer", o presidente Johnson instruiu seus assessores sobre os preparativos para um golpe de estado no Brasil em 31 de março de 1964. No 40 º aniversário do putsch militar, o National Security Archive publicado hoje documentos recentemente desclassificados sobre as deliberações políticas dos EUA e as operações que levaram à derrubada do governo Goulart em 01 de abril de 1964. Os documentos revelam novos detalhes sobre a disponibilidade dos EUA para apoiar as forças golpistas.

Os documentos do arquivo incluem uma fita de áudio desclassificada de Lyndon Johnson a ser informado por telefone no seu rancho no Texas, como os militares brasileiros mobilizaram-se contra Goulart. "Eu colocaria todos que tinham alguma imaginação ou esperteza ... [o director da CIA John] McCone ... [secretário de Defesa Robert] McNamara" em garantir que o golpe ia para a frente, Johnson é ouvido a instruir o subsecretário de Estado George Ball. "Nós simplesmente não podemos levar um presente", a fita registra opinião de LBJ. "Eu ia ficar bem em cima dele e arrisco meu pescoço um pouco."
 
Foto: www.gwu.edu, acessado 24mar2011
LBJ Library Photo by Yoichi Okamoto
(Image Number: W1-20)
Entre os documentos são Top Secret cabos enviado por embaixador dos EUA, Lincoln Gordon, que pressionou vigorosamente Washington pelo envolvimento directo no apoio aos golpistas liderados pelo Chefe do Estado Maior do Exército general Humberto Castello Branco. "Se nossa influência deve ser exercida para ajudar a evitar um grande desastre aqui, que pode tornar o Brasil a China dos anos 1960, isso é que tanto eu como todos os meus conselheiros senior acreditamos que nosso apoio deve ser colocado", escreveu Gordon ao alto Departamento de Estado, Casa Branca e responsáveis ​​da CIA em 27 de março de 1964.

Para assegurar o sucesso do golpe, Gordon recomendou "que as medidas sejam tomadas mais rápido para se preparar para uma entrega clandestina de armas de origem não-EUA, a ser disponibilizado para torcedores Castello Branco em São Paulo." Num telegrama a seguir , desclassificado Mês passado, Gordon sugeriu que estas armas fossem "pré-posicionadas antes do eclodir da violência", a ser utilizado pelas unidades paramilitares e "militares amigos contra militares hostis, se necessário." Para esconder o papel dos EUA, Gordon recomendava que as armas fossem entregues através de "submarino não identificado e serem desembarcadas à noite em pontos isolados do litoral do estado de São Paulo ao sul de Santos".

Os telegramas de Gordon também confirmam medidas encobertas da CIA "para ajudar a fortalecer as forças de resistência" no Brasil. Estes incluíram "apoio encoberto para comícios de rua pró-democracia ... e incentivo [de] sentimento democrático e anti-comunista no Congresso, as forças armadas, trabalho amigável e grupos de estudantes, igreja, e as empresas." Quatro dias antes do golpe Gordon informou Washington que "podemos pedir um modesto financiamento suplementar para outros programas de acção encoberta no futuro próximo." Ele também pediu que os EUA enviassem navios de carga "POL" de petróleo, óleo e lubrificantes para facilitar as operações logísticas dos conspiradores militares golpistas, e desdobrar uma força-tarefa naval para intimidar apoiantes de Goulart e estar em posição de intervir militarmente se o combate se tornou prolongadas.

Embora a CIA é amplamente conhecido por ter sido envolvido na acção encoberta contra Goulart que levou ao golpe, seus arquivos operacionais sobre a intervenção no Brasil continuam a classificar para a consternação dos historiadores. Arquivo analista Peter Kornbluh pediu à Agência para "levantar o véu do segredo de um dos episódios mais importantes da intervenção dos EUA na história da América Latina" por completo desclassificação dos registos das operações da CIA no Brasil. Tanto as administrações Clinton como Bush efectuaram significativas desclassificações sobre os regimes militares no Chile e na Argentina, observou ele. "A desclassificação dos registos históricos sobre o golpe de 1964 e os regimes militares que se seguiram promoveria os interesses dos EUA no fortalecimento da causa da democracia e dos direitos humanos no Brasil e no resto da América Latina", afirmou Kornbluh.

Em 31 de março, mostram os documentos, Gordon recebeu um telegrama secreto do Secretário de Estado Dean Rusk afirmando que a administração decidira mobilizar imediatamente uma força-tarefa naval para tomar posição ao largo da costa do Brasil; expedição navios da Marinha dos EUA "POL" de Aruba, e montar uma ponte aérea de 110 toneladas de munições e outros equipamentos, inclusive "CS agent" um gás especial para o controle da máfia. Durante uma reunião de emergência da Casa Branca em 01 de abril, segundo um memorando de conversa da CIA, o secretário de Defesa Robert McNamara disse ao presidente Johnson que a força tarefa já navegava e que um petroleiro da Esso com gasolina de aviação e logo estaria na vizinhança de Santos. Uma ponte aérea de munições, relatou ele, estava sendo preparada em New Jersey e poderia ser enviado para o Brasil dentro de 16 horas.

Tal apoio militar dos EUA para o golpe militar provou desnecessária; As forças de Castello Branco conseguiram derrubar Goulart muito mais depressa e com muito menos resistência armada, em seguida, os decisores políticos EUA antecipado. Em 2 de abril, agentes da CIA no Brasil retorcidos que "João Goulart, presidente deposto do Brasil, deixou Porto Alegre cerca de 13:00 hora local para Montevidéu."

Os documentos e telegramas referem-se às forças do golpe como "a rebelião democrática". Após a aquisição general Castello Branco, os militares governaram o Brasil até 1985.

Fontes:___________________________________

Ouvir / ler os documentos
l) Gravação feita na Casa Branca, o presidente Lyndon B. Johnson a discutir o golpe iminente no Brasil com o subsecretário de Estado George Ball, 31 de março de 1964

Este clipe áudio está disponível em diversos formatos:
    • Neste minuto fita Casa Branca 05:08 obtidos a partir do Baines Biblioteca Lyndon Johnson, o presidente Johnson é registado a falar ao telefone de seu rancho no Texas com George Ball subsecretário de Estado e Secretário Adjunto para a América Latina, Thomas Mann. sumários Bola Johnson sobre o estatuto da ofensiva militar no Brasil para derrubar o governo de João Goulart, que autoridades dos EUA vêem como um esquerdista estreitamente associado ao Partido Comunista Brasileiro. Johnson dá a Ball luz verde para apoiar activamente o golpe se o apoio dos EUA é necessária. "Eu acho que devemos tomar todas as medidas que podemos, estar preparado para fazer tudo o que precisamos fazer", ele ordena. Em uma aparente referência a Goulart, Johnson declara "simplesmente não podemos levar um presente." "Eu ia ficar bem em cima dele e arrisco meu pescoço um pouco", ele instrui Ball.
    2) Departamento de Estado, Top Secret Cabo do Rio de Janeiro, 27 março de 1964 - Clique aqui para ler
      • O embaixador Lincoln Gordon escreveu este extenso, de cinco partes, o cabo para o maior de agentes de segurança nacional do governo dos EUA, incluindo o diretor da CIA John McCone e os secretários de Defesa e de Estado, Robert McNamara e Dean Rusk. Ele fornece uma avaliação de que o presidente Goulart está a trabalhar com o Partido Comunista Brasileiro para "tomar poder ditatorial" e urge os EUA a apoiarem as forças do general Castello Branco. Gordon recomenda "uma entrega clandestina de armas" para os adeptos Branco, bem como a transferência de gás e petróleo para ajudar os golpistas conseguem, e sugere que tal apoio será complementado por operações encobertas da CIA. Ele também exorta a administração a "preparar-se sem demora contra a contingência de necessária intervenção aberta numa segunda fase."
    3) Departamento de Estado, Top Secret cabo de Amb. Lincoln Gordon, 29 mar 1964 - Clique aqui para ler
      • Atualizações embaixador Gordon altos funcionários dos EUA sobre a deterioração da situação no Brasil. Neste cabo, desclassificado em 24 de fevereiro de 2004 pela Biblioteca Presidencial LBJ, ele reitera a necessidade de "distribuidor" para ter um carregamento secreto de armas "pré-posicionadas antes do eclodir da violência" para serem "usadas pelas unidades paramilitares trabalhando com democratas grupos militares "e recomenda uma declaração pública por parte da administração" para reassegurar o grande número de democratas no Brasil que não somos indiferentes ao perigo de uma revolução comunista aqui. "
    4), cabo de Inteligência da CIA sobre "Planos de conspiradores revolucionários em Minas Gerais," 30 de março de 1964 -  Clique aqui e leia
      • A estação da CIA no Brasil transmitiu este relatório de campo a partir de fontes de inteligência em Belo Horizonte, que declarou sem rodeios "uma revolução pelas forças anti-Goulart vai ficar definitivamente em curso esta semana, provavelmente nos próximos dias. O cabo transmite informações sobre planos militares para" marcha em direção ao Rio de Janeiro. revolução "A", "a fonte de inteligência previu," não será resolvida rapidamente e será sangrenta ".
    5) Departamento de Estado, Cabo Segredo para Amb. Lincoln Gordon, no Rio, 31 de março de 1964 - Clique aqui e leia
      • Secretário de Estado Dean Rusk envia Gordon uma lista das decisões da Casa Branca "tomar a fim [para] estar em posição de prestar assistência no momento apropriado às forças anti-Goulart se for decidido que isto deve ser feito." As decisões incluem o envio de navios da Marinha EUA carregados com gasolina, gasóleo e lubrificantes de Aruba para Santos, Brasil, reunindo 110 toneladas de munições e outros equipamentos para as forças pró-golpe, e despachar uma brigada naval incluindo um porta-aviões, destróieres e vários acompanhantes para conduta ser posicionados ao largo da costa do Brasil. Algumas horas depois, um segundo cabo é enviado, que altera o número de navios, e as datas estarão chegando ao largo da costa.
    6) CIA, Memorando secreto da conversação sobre "Reunião na Casa Branca 01 de abril 1964 Assunto-Brasil," 01 de abril de 1964 - Clique aqui e leia
      • Este memorando de conversação registra uma reunião de alto nível, realizada na Casa Branca, entre o presidente Johnson e seus principais assessores de segurança nacional no Brasil. CIA vice-chefe de operações do Hemisfério Ocidental, Desmond Fitzgerald registou a informação dada a Johnson ea discussão sobre o andamento do golpe. Secretário da Defesa informou sobre os movimentos da vela da força-tarefa naval towad Brasil, e as armas e munições que está sendo montado em New Jersey para reabastecer os golpistas se necessário.
    7) da CIA, Inteligência da Informação a cabo na "Partida de Goulart de Porto Alegre para Montevidéu", 2 de abril de 1964 - Clique aqui e leia
      • A estação da CIA no Brasil, relatou que o presidente deposto, João Goulart, deixou o Brasil para o exílio no Uruguai em pm l, em 02 de abril. Sua saída marca o sucesso do golpe militar no Brasil.

    Para baixar todo o material compactado, WinRar, clique aqui.


    Fonte do post: Luis Nassif online

    terça-feira, 22 de março de 2011

    sexta-feira, 18 de março de 2011

    O Caso Líbia - A operação Iraque se repete... motivo, petróleo

    [Tudo isso para tentar chegar ao irã... e a questão como sempre é petróleo]

    Líbia: o controle russo do espaço aéreo

    Enviado por luisnassif,
    sex,18/03/2011 - 22:09
    Por Stanley Burburinho

    A partir de informações do serviço secreto russo, o Pravda publicou matéria muito esclarecedora sobre a situação na Líbia. Por exemplo:
    • a contratação de mercenários pelo Pentágono através da Halliburton [empresa petrolífera] e da Blackwater [empresa que fornece paramilitares e mercenários] 
    • o serviço secreto da Rússia, que controla 100% do espaço aéreo da Líbia, garante que nenhum avião levantou vôo na Líbia desde o inicio das manifestações.
    Acho que essas informações nunca veremos publicadas na velha mídia do Brasil:
    “O serviço secreto russo confirmou ontem através de Nicolai Patrushev, que na verdade o que está existindo é um verdadeiro bombardeio da mídia internacional contra Kadhafi, pois a Russia controla totalmente o espaço aéreo do norte da África e cem por cento da Líbia e que os aviões que supostamente levantaram vôo para executar os bombardeios contra o povo líbio não saíram do chão e portanto não executaram qualquer ação militar; que somado a isso, por não existirem imagens de qualquer vôo, configura uma armação do Pentágono. O Secretário de Defesa do EUA admitiu o erro das informações dizendo que podem ter sido outros aviões, mas setores independentes da mídia internacional já haviam colocado a entrevista dos russos no ar e assim desmoralizado a ação do Pentágono.”
    “Outro escândalo que ronda Washington é a participação de mercenários contratados pelo Pentágono, através da Halliburton e da Blackwater para participarem das batalhas na região de Cerenaica, em especial Bengazhi e Trobuk ao lado dos opositores que começam a perder terreno para os simpatizantes de Khadafy. A missão dos mercenários que ficariam sob controle da CIA, Agência Central de Inteligência e até executariam ações secretas com a aliada Al-Qaeda de Bin Laden, contra Khadafi seria manter o controle dos poços de petróleo já sob controle da oposição na região de Bengazhi.”
    “Ontem um dos principais líderes da oposição a Kadafi, Khaled Maassou, na região de Cerinaica, confirmou que estava desistindo da luta por não concordar com a participação de mercencários e militares norte americanos em território líbio contra Kadhafi, e que em nenhuma situação irá contribuir com a CIA, que agora começa a assumir com a Al Qaeda o comando da situação na região de Cirenaica.”
    ___________
    Líbia: Terroristas anti-Gadafi massacraram civis

    15.03.2011
    KHATARINA GARCIA e PETER BLAIR
    De WASHINGTON e BENGAZHI 
    REDE MUNDO\MIDIA LATINA; 06.03.11.

    Depois de quase um mês onde duas guerras se realizam na Libia, uma interna, entre khadafystas e opositores do líder revolucionário, e uma no ocidente através da mídia, com o controle total das noticias pela Casa Branca e somente indo ao ar ou tendo imagens liberadas após filtragem do Pentágono ou do Departamento de Estado, a situação começa a mudar no mais emblemático país do norte da África.

    Após a exibição pela TV líbia e ainda a reprodução pela Telesur e da Internet de imagens do assassinato de 212 partidários do Coronel Muammar Khadafy, em Bengazhi, mortos a sangue frio, depois de terem sido presos e sem qualquer resistência por seus opositores, o mundo árabe e membros da oposição começam a desistir de lutar contra Khadafy, considerando que já existem grandes divisões no meio dos opositores pela aliança feita por alguns setores com os EUA, inimigo histórico dos povos árabes e que inclusive bombardearam o país matando milhares de líbios.
    Outro escândalo que ronda Washington é a participação de mercenários contratados pelo Pentágono, através da Halliburton e da Blackwater para participarem das batalhas na região de Cerenaica, em especial Bengazhi e Trobuk ao lado dos opositores que começam a perder terreno para os simpatizantes de Khadafy. A missão dos mercenários que ficariam sob controle da CIA, Agência Central de Inteligência e até executariam ações secretas com a aliada Al-Qaeda de Bin Laden, contra Khadafi seria manter o controle dos poços de petróleo já sob controle da oposição na região de Bengazhi.

    O serviço secreto russo confirmou ontem através de Nicolai Patrushev, que na verdade o que está existindo é um verdadeiro bombardeio da mídia internacional contra Kadhafi, pois a Russia controla totalmente o espaço aéreo do norte da África e cem por cento da Líbia e que os aviões que supostamente levantaram vôo para executar os bombardeios contra o povo líbio não saíram do chão e portanto não executaram qualquer ação militar; que somado a isso, por não existirem imagens de qualquer vôo, configura uma armação do Pentágono. O Secretário de Defesa do EUA admitiu o erro das informações dizendo que podem ter sido outros aviões, mas setores independentes da mídia internacional já haviam colocado a entrevista dos russos no ar e assim desmoralizado a ação do Pentágono.

    O ministro das Relações Exteriores da Libia, Mussa Kosa, em nota distribuida à imprensa mundial, apoiou a proposta do Presidente da Venezuela Hugo Chavez, da formação de uma Comissão Internacional de Paz, afirmando ainda que o Coronel Muammar Khadafy sugeriu também que a Comissão de Direitos Humanos da ONU venha à Libia e faça a investigação que desejar e não que tome qualquer decisão com base em informações da mídia comprometida com o complexo industrial militar norte americano.

    Ontem um dos principais líderes da oposição a Kadafi, Khaled Maassou, na região de Cerinaica, confirmou que estava desistindo da luta por não concordar com a participação de mercencários e militares norte americanos em território líbio contra Kadhafi, e que em nenhuma situação irá contribuir com a CIA, que agora começa a assumir com a Al Qaeda o comando da situação na região de Cirenaica.

    Quanto a decisão da ONU de congelar os bens de Kadhafi e seus familiares no exterior, Maassou afirmou que é uma medida inócua pois Kadhafi não tem bens no exterior e que a ele interessa é o poder, e não o dinheiro. Que o problema de Khadafy não é corrupção, pois ele não é corrupto, o problema de Kadhafi é o autoritarismo e a necessidade de alternância de poder que ele não entende.

    Ontem um grupo de palestinos simpatizantes de Kadhafi foi expulso da região de Bengazhi porque se recusavam a lutar contra o líder líbio.

    Toda a região de Fezzan, que compreende as cidades que vão de Sabha a Al Kufrah e praticamente toda a Tripolandia, estão sob controle das forças leais a Kadhafi. Apenas parte da região de Cirenaica, no extremo norte, está sobre controle dos opositores.

     Leia também:
    Fonte: Luis Nassif - online

    terça-feira, 25 de janeiro de 2011

    WikiLeaks - EUA é contra programa Brasileiro de Foguetes

    “EUA tentaram impedir programa brasileiro de foguetes, revela WikiLeaks"

    José Meirelles Passos
    o globo via conversa afiada

    RIO – Ainda que o Senado brasileiro venha a ratificar o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas EUA-Brasil (TSA, na sigla em inglês), o governo dos Estados Unidos não quer que o Brasil tenha um programa próprio de produção de foguetes espaciais. Por isso, além de não apoiar o desenvolvimento desses veículos, as autoridades americanas pressionam parceiros do país nessa área – como a Ucrânia – a não transferir tecnologia do setor aos cientistas brasileiros.

    A restrição dos EUA está registrada claramente em telegrama que o Departamento de Estado enviou à embaixada americana em Brasília, em janeiro de 2009 – revelado agora pelo WikiLeaks ao GLOBO. O documento contém uma resposta a um apelo feito pela embaixada da Ucrânia, no Brasil, para que os EUA reconsiderassem a sua negativa de apoiar a parceria Ucrânia-Brasil, para atividades na Base de Alcântara no Maranhão, e permitissem que firmas americanas de satélite pudessem usar aquela plataforma de lançamentos.


    Base de alcântara - Maranhão

    Além de ressaltar que o custo seria 30% mais barato, devido à localização geográfica de Alcântara, os ucranianos apresentaram uma justificativa política: “O seu principal argumento era o de que se os EUA não derem tal passo, os russos preencheriam o vácuo e se tornariam os parceiros principais do Brasil em cooperação espacial” – ressalta o telegrama que a embaixada enviara a Washington.

    A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que “embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil”. Mais adiante, um alerta: “Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil”.

    O Senado brasileiro se nega a ratificar o TSA, assinado entre EUA e Brasil em abril de 2000 [na era FHC], porque as salvaguardas incluem concessão de áreas, em Alcântara, que ficariam sob controle direto e exclusivo dos EUA. Além disso, permitiriam inspeções americanas à base de lançamentos sem prévio aviso ao Brasil. Os ucranianos se ofereceram, em 2008, para convencer os senadores brasileiros a aprovarem o acordo, mas os EUA dispensaram tal ajuda.

    Os EUA não permitem o lançamento de satélites americanos desde Alcântara, ou fabricados por outros países mas que contenham componentes americanos, “devido à nossa política, de longa data, de não encorajar o programa de foguetes espaciais do Brasil”, diz outro documento confidencial.

    Viagem de astronauta brasileiro é ironizada


    Sob o título “Pegando Carona no Espaço”, um outro telegrama descreve com menosprezo o voo do primeiro astronauta brasileiro, Marcos Cesar Pontes, à Estação Espacial Internacional levado por uma nave russa ao preço de US$ 10,5 milhões – enquanto um cientista americano, Gregory Olsen, pagara à Rússia US$ 20 milhões por uma viagem idêntica.

    A embaixada definiu o voo de Pontes como um gesto da Rússia, no sentido de obter em troca a possibilidade de lançar satélites desde Alcântara. E, também, como uma jogada política visando a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Num ano eleitoral, em que o presidente Lula sob e desce nas pesquisas, não é difícil imaginar a quem esse golpe publicitário deve beneficiar.

    Essa pode ser a palavra final numa missão que, no final das contas, pode ser, meramente ‘um pequeno passo’ para o Brasil” – diz o comentário da embaixada dos EUA, numa alusão jocosa à célebre frase de Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua, dizendo que seu feito se tratava de um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade.

    domingo, 16 de janeiro de 2011

    Documentário - Irã não é o problema

    Documentário fundamental para entender a atual questão nuclear do Irã!

    (EUA, 2009, 79min. - Direção: Aaron Newman)

    O Irã é uma ameaça aos EUA e seus aliados?
    Quando o Irã foi colocado pelo Governo Bush no "Eixo do Mal", a grande maioria da população iraniana, que até então era pró-Estados Unidos ficou indignada, a mesma população, que após o 11 de Setembro, fez vigília em respeito às vítimas dos ataques.

    Por que essa obstinação dos EUA em querer abrir um novo fronte?
    Será que é por causa do Programa de Energia Nuclear do Irã (comprovado ser para fins pacíficos pelos técnicos da Agência Internacional de Energia Atômica), ou será porque o país é a terceira maior reserva de petróleo no mundo, ficando atrás somente da Arábia Saudita e o Iraque, ambos controlados por governos fantoches dos EUA? Por que todos os países tem direito de explorar energia nuclear, menos o Irã?

    Por que o Irã, que sempre respeitou o Acordo de Não-Proliferação de Armas Nucleares, é alvo da Mídia Tradicional, enquanto países como a Índia, o Paquistão e Israel, que tem apoio dos EUA para programas nucleares, só que para fins bélicos, não nem sequer citados por ela? Israel, por exemplo, ofereceu-se e, vender ogivas para o ex-governo do Apartheid na África do Sul.

    E finalmente, por que os EUA, o país que mais desrespeita esse acordo, pode exigir alguma coisa?



    Um acirramento nas relações entre os conservadores americanos e os conservadores iranianos só irá fortalecê-los mais diante desse panorama violento. Quem perde são os povos e a democracia de todo o mundo.

    Não podemos olhar essa questão de forma indiferente, já que o Brasil vem se tornando um enorme produtor de petróleo, num mundo cada vez mais escasso dessa riqueza.

    Para baixar o Documentário acesse o DocVerdade


    Fonte: DocVerdade

    sábado, 18 de dezembro de 2010

    quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

    WikiLeaks - Serra ia entregar pré-sal à exploração norte-americana

    O informe da Embaixada dos EUA divulgado pelo WikiLeaks só confirma o que eu já havia divulgado várias vezes, mas que a maioria preferia achar que era teoria conspiratória dos blogueiros.
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    O refino do petróleo garante a
    produção de gasolina e outros derivados
    As petroleiras norte-americanas contavam com o apoio do candidato derrotado à Presidência da República José Serra para não se submeter às novas regras definidas no marco de exploração de petróleo na camada pré-sal que o governo aprovou no Congresso. A Chevron chegou a ouvir do então pré-candidato favorito à Presidência, José Serra (PSDB), quando estava à frente da presidente eleita, Dilma Rousseff, a promessa de que a regra seria alterada caso ele vencesse. A revelação está em um telegrama diplomático dos EUA, datado de dezembro de 2009, e vazado pelo site WikiLeaks.

    “Deixa esses caras (do PT) fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”, disse Serra a Patricia Pradal, diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações com o Governo da petroleira norte-americana Chevron, segundo relato do telegrama.

    O despacho relata a frustração das petrolíferas com a falta de empenho da oposição em tentar derrubar a proposta do governo brasileiro. O texto diz que Serra se opõe ao projeto, mas não tem “senso de urgência”. Questionado sobre o que as petroleiras fariam nesse meio tempo, Serra respondeu, sempre segundo o relato: “Vocês vão e voltam”.

    A executiva da Chevron relatou a conversa com Serra ao representante de economia do consulado dos EUA no Rio. O cônsul Dennis Hearne repassou as informações no despacho “A indústria do petróleo conseguirá derrubar a lei do pré-sal?”.

    O governo alterou o modelo de exploração –que desde 1997 era baseado em concessões–, obrigando a partilha da produção das novas reservas. A Petrobras tem de ser parceira em todos os consórcios de exploração e é operadora exclusiva dos campos. A regra foi aprovada na Câmara este mês.

    O diário conservador paulistano Folha de S. Paulo teve acesso e divulgou os seis telegramas do consulado dos EUA no Rio sobre a descoberta da reserva de petróleo, obtidos pelo WikiLeaks. Datados entre janeiro de 2008 e dezembro de 2009, mostram a preocupação da diplomacia dos EUA com as novas regras. O crescente papel da Petrobras como “operadora chefe” também é relatado com preocupação.

    O consultado também avaliava, em 15 de abril de 2008, que as descobertas de petróleo e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) poderiam “turbinar” a candidatura de Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil. O consulado cita que o Brasil se tornará um “player” importante no mercado de energia internacional. Em outro telegrama, de 27 de agosto de 2009, a executiva da Chevron comenta que uma nova estatal deve ser criada para gerir a nova reserva porque “o PMDB precisa de uma companhia”.

    Texto de 30 de junho de 2008 diz que a reativação da Quarta Frota da Marinha dos EUA, na época da descoberta do pré-sal, causou reação nacionalista. A frota é destinada a agir no Atlântico Sul, área de influência brasileira.
    ________________________________________

    Porque as petrolíferas apostavam em Serra

    Enviado por luisnassif,
    qua, 15/12/2010 - 09:11


    Coluna Econômica

    A divulgação pela WikiLeaks das conversas entre a representante da Chevron (uma das sete irmãs petrolíferas) e o então candidato a presidente José Serra foi significativa. Nelas, Serra aconselhava as multinacionais a saírem do país e aguardarem sua eleição – quando então mudaria a lei do petróleo para permitir sua exploração por estrangeiros.

    É apenas um capítulo na imensa reestruturação por que passa o setor.

    Segundo Edmar Luiz Fagundes de Almeida, do Grupo de Energia do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRL), na década de 70 a ideia predominante era do fim da era do petróleo.

    A elevação dos preços do petróleo, sua geopolítica extremamente complexa (produção concentrada em áreas em litígio), dificuldades com novas reservas, lançaram como prioridade a questão da segurança energética – um país ser auto-suficiente na energia consumida.

    A maioria dos países produtores passou a explorar seus campos com suas próprias empresas estatais, deixando as antigas sete irmãs meio perdidas atrás de um reposicionamento.

    No único local do globo em que se abriu para elas a possibilidade de exploração – a África – viram-se à frente com uma feroz competição chinesa.

    ***

    Hoje em dia analisam-se os combustíveis sintéticos (carvão e gás) e há incertezas sobre o combustível potencialmente vencedor. Em uma temporada parece ser o etanol de cana, na outra, a alga, agora é o verão do óleo de palma.

    Nos Estados Unidos, por exemplo, metade de produção de gás sai de energia não convencional do xisto. Há uma onda de carvão sustentável com captura de CO2. Pelo menos quarenta países consideram a possibilidade de investir pesadamente em energia nuclear.

    ***

    Diante de tantas possibilidades, explica Edmar, a discussão está muito focada apenas na tecnologia, que é um dos espaços de possibilidades. Para que uma energia seja viável, necessita de aceitação social, economicidade.

    De 2002 a 2007, auge da produção de petróleo, sem conseguir renovar seus campos de exploração, essas empresas foram se tornando cada vez mais empresas de gás.

    As cinco maiores ficaram com enormes sobras de caixa, sem ter onde investir. A maior parte amortizou dívidas ou distribuiu mais dividendos do que investimentos, ou então recomprou suas próprias ações.

    Na década de 90, um presidente da Exxon declarou que não iria jogar dinheiro do acionista em energia alternativa. A Shell dizia que jamais investiria em etanol de primeira geração. Agora, associou-se à brasileira Cosan.

    ***

    O pior , para elas, é que o petróleo continuará sendo a energia dominante nos próximos trinta anos, explica Edmar, mas não mais sob seu controle.

    Óleo barato não está mais acessível. Quem dispor de tecnologia de ponta conseguirá obter renda tecnológica.

    Nesse cenário, o pré-sal representa a fronteira geológica de maior viabilidade econômica, mais viável do que o óleo betuminoso, que o petróleo pesado da Venezuela.

    Por aí se entende a razão da vitória de Serra interessar tanto às grandes petrolíferas.


    Fontes:

    Leia o que foi dito sobre serra e sua submissão aos EUA:

    quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

    Wikileaks - Julian Assange, o 1º preso político global da Internet

    O 1º preso político global da internet e a Intifada eletrônica


    Julian Assange é o primeiro geek caçado globalmente: pela superpotência militar, por seus estados satélite e pelas principais polícias do mundo. É um australiano cuja atividade na internet catupultou-o de volta à vida real com outra cidadania, a de uma espécie de palestino sem passaporte ou entrada em nenhum lugar. Ele não é o primeiro a ser caçado pelo poder por suas atividades na rede, mas é o primeiro a sofrê-lo de um jeito tentacular, planetário e inescapável. Enquanto que os blogueiros censurados do Irã seriam recebidos como heróis nos EUA para o inevitável espetáculo de propaganda, Assange teve todos os seus direitos mais elementares suspensos globalmente, de tal forma que tornou-se o sujeito mundialmente inospedável, o primeiro, salvo engano, a experimentar essa condição só por ter feito algo na internet. Acrescenta mais ironia, note-se, o fato de que ele fez o mais simples que se pode fazer na rede: publicar arquivos .txt, palavras, puro texto, telegramas que ele não obteve, lembremos, de forma ilegal.

    Assange é o criminoso sem crime. Ao longo dos dias que antecederam sua entrega à polícia britânica, os aparatos estatal-político-militar-jurídico dos EUA e estados satélite batiam cabeças, procurando algo de que Assange pudesse ser acusado. Se os telegramas foram vazados por outrem, se tudo o que faz o Wikileaks é publicar, se está garantido o sigilo da fonte e se os documentos são de evidente interesse público, a única punição passível, por traição, espionagem ou coisa mais leve que fosse, caberia exclusivamente a quem vazou. O Wikileaks só publica. Ele se apropria do que a digitalização torna possível, a reprodutibilidade infinita dos arquivos, e do que a internet torna possível, a circulação global da hospedagem dessas reproduções. Atuando de forma estritamente legal, ele testa o limite da liberdade de expressão da democracia moderna com a publicação de segredos desconfortáveis para o poder. Nesse teste, os EUA (Departamento de Estado, Justiça, Democratas, Republicanos, grande mídia, senso comum) deixaram claro: não se aplica a Primeira Emenda, liberdade de expressão ou coisa que o valha. Uniram-se todos, como em 2003 contra as “armas de destruição em massa” do Iraque. Foi cerco e caça geral a Assange, implacável.

    Wikileaks é um relato de inédita hibridez, para o qual ainda não há gênero. Leva algo de todos: épica, ficção científica, policial, novela bizantina, tragédia, farsa e comédia, pelo menos. Quem vem acompanhando a história saberá da pitada de cada uma dessas formas literárias na sua composição. O que me chama a atenção no relato é que lhe falta a característica essencial de um desses gêneros: é um policial sem crime, uma ficção científica sem tecnologia futura, uma novela bizantina sem peregrinação, comédia sem final feliz, tragédia sem herói de estatura trágica, épica sem batalha, farsa sem a mínima graça. Kafka e Orwell, tão diferentes entre si, talvez sejam os dois melhores modelos literários para entender o Wikileaks.

    Como em Kafka, o crime de Assange não é uma entidade com existência positiva, para a qual você possa apontar. Assange é um personagem que vem direto d'O Processo, romance no qual K. será sempre culpado por uma razão das mais simples: seu crime é não lembrar-se de qual foi seu crime. Essa é a fórmula genial que encontra Kafka para instalar a culpa de K. como inescapável: o processo se instala contra a memória.

    O Advogado-Geral da União do governo Obama, que aceitou não levar à Justiça um núcleo que planejou ilegalmente bombardeios a populações de milhões, levou à morte centenas de milhares, torturou milhares, esse mesmo Advogado-Geral que topou esquecer-se desses singelos crimes e não processá-los, peregrinava pateticamente nos últimos dias em busca de uma lei, um farrapo de artigo em algum lugar que lhe permitisse processar Julian Assange. O melhor que conseguiram foi um apelo ao Ato de Espionagem de 1917, feito em época de guerra global declarada (coisa em que os EUA, evidentemente, não estão) e já detonado várias vezes—mais ilustremente no caso Watergate—pela Suprema Corte.



    À semelhança do 1984 de Orwell, o caso Wikileaks gira em torno da vigilância global mas, como notou Umberto Eco num belo texto, ela foi transformada em rua de mão dupla. O Grande Irmão estatal o vigia, mas um geek com boas conexões nas embaixadas também pode vigiar o Grande Irmão. Essa vigilância em mão dupla é ao mesmo tempo uma demonstração do poder da internet e um lembrete amargo de quais são os seus limites. Assange segue preso, com pedido de fiança negado (embora o relato seja que o Juiz se interessou pela quantidade de gente disposta a interceder por ele e vai ouvir apelo) e, salvo segunda ordem, está retido no Reino Unido até o dia 14/12. A acusação que formalmente permitiu a captura é o componente farsesco do caso, numa história que vai de camisinhas furadas em sexo consensual à possíveis contatos das personagens com a CIA.

    No campo dos cinco "escolhidos" para repercutir a rede anônima, não resta a menor dúvida: cabeça e tronco acima dos demais está o Guardian, que tem tomado posição, feito jornalismo de verdade, e mantém banco de dados com o texto dos telegramas. Brigando pelo segundo lugar, El país e Spiegel, com o Le Monde seguindo atrás. Acocorado abaixo de todos os demais, rastejante em dignidade e decência, o New York Times, que se acovardou outra vez quando mais era de se esperar jornalismo minimamente íntegro. A área principal da página web do jornal, na noite de 07/12, não incluía uma linha sequer sobre a captura que mobilizou as atenções de ninguém menos que o Departamento de Estado:


    Enquanto isso, a entrevista coletiva de Obama acontecia com perguntas sobre o toma-lá-dá-cá das emendas entre Republicanos e Democratas, e silêncio sepulcral sobre o maior escândalo diplomático moderno dos EUA. Nada como a imprensa livre.

    A publicação dos telegramas não para, evidentemente, no que é outra originalidade do caso: a não ser que você acredite que a acusação sexual na Suécia foi a razão real pela qual o aparato policial do planeta foi mobilizado para prender Assange, cabe notar que o “crime” que motivou a prisão continuará sendo praticado mesmo com o “criminoso” já capturado. O caso Wikileaks inaugura o crime que continua acontecendo já com o acusado atrás das grades: delito disseminado como entidade anônima e multitudinária na Internet. 100.000 pessoas têm os arquivos do Cablegate, proliferam sites espelho com os telegramas já tornados públicos. E a Intifada está declarada na rede, com convocatórias a ataques contra os sites que boicotaram o Wikileaks.


    Atualização: e os EUA estão mesmo tentando com os britânicos e suecos a extradição de Assange para processá-lo por ... espionagem!

    Atualização II: No Diário Gauche, há um belo vídeo com entrevista de Assange em Oxford, com legendas e tudo.



    Fonte: NovaE


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    terça-feira, 7 de dezembro de 2010

    WikiLeaks: os hackers "compram" a briga

    WikiLeaks: os hackers entram na guerra
    Enviado por luisnassif,
    Um grupo de ativistas auto denominados "Operation Payback" derrubou ontem o site do banco PostFinance em retaliação ao bloqueio da conta que Assange mantinha aí, com cerca de 31.000 euros.
    Eles se responsabilizaram pelo feito através de uma conta no twitter, dizendo também que "atirarão em qualquer um que tentar censurar Wikileaks". Na manhã de segunda o site do banco ficou indisponível.
    Eles prometeram também atacar outros sites, como do PayPal, que na semana passada deixou de intermediar as doações para Wikileaks. O grupo postou também um video no youtube sobre suas ações e intenções, segue aqui também.

    Segue o texto original e completo:


    A group of Internet activists calling themselves Operation Payback have taken credit for shutting down the website of a bank that earlier Monday froze funds belonging to WikiLeaks.

    Announcing its successful hack on a Twitter account, the group declared, "We will fire at anyone that tries to censor WikiLeaks."

    Earlier in the day, Swiss bank PostFinance issued a statement announcing that it had frozen 31,000 euro ($41,000 US) in an account set up as a legal defense fund for WikiLeaks founder Julian Assange.

    The bank said it had frozen the account because, in opening it, Assange had claimed residency in Geneva.

    "Assange cannot provide proof of residence in Switzerland and thus does not meet the criteria for a customer relationship with PostFinance," the bank said.

    As of Monday evening, the PostFinance website was unavailable.

    Operation Payback also promised a hack attack on PayPal, the online payment service that last week cut off WikiLeaks, denying the group a major tool for collecting donations from supporters.

    With the financial noose tightening around WikiLeaks even as a legal one tightens around its founder's neck, Operation Payback has effectively declared war on the organizations working to hobble WikiLeaks.

    "In these modern times, Internet access is fast becoming a basic human right," the group says in a video posted to YouTube. "Just like any other basic human right, we believe it is wrong to infringe upon it."

    The video continues: "To move to censor content on the Internet based on your own prejudice is, at best, laughably impossible. The unjust restrictions you impose on us will meet with disaster, and only strengthen our resolve to disobey and rebel against your tyranny."

    WikiLeaks has in recent days been under a deluge of cyber-attacks that led to its DNS registration for its .org URL being taken down, but by mid-Monday the site had reappeared onmore than 500 different domains.

    News sources in Britain reported late Monday that Assange has arranged to meet with British police on Tuesday, and will likely face a court hearing over an international warrant issued by Sweden in connection with accusations of sexual assault. The criminal probe does not allege non-consensual sex, only that Assange had sex with two women without a condom.

    Supporters of the secret-spilling organization argue that the controversies surrounding WikiLeaks -- from the unusual criminal probe against Assange, to banks freezing their funds -- are part of a global campaign to shut down a website that has embarrassed world leaders on numerous occasions.

    WikiLeaks - O Artigo de Julian Assenge escrito antes dele ser preso.

    via blog luisnassif,07/12/2010-17:04


    Por baarbaaraa

    Texto de Julian Assange escrito horas antes de sua prisão

    Em 1958 um jovem Rupert Murdoch, então proprietário e editor do “The News” de Adelaide(Austrália), escreveu: “Na corrida entre o segredo e a verdade, parece inevitável que a verdade sempre vença.”

    Sua observação talvez tenha sido um reflexo da revelação de seu pai, Keith Murdoch, sobre o sacrifício desnecessário de tropas australianas nas costas de Gallipoli, por parte de comandantes britânicos incompetentes. Os britânicos tentaram calá-lo, mas Keith Murdoch não seria silenciado e seus esforços levaram ao termino da desastrosa campanha de Gallipoli.


    Foto: Luiz Nassif, acessado em 07dez2010
    O fundador do site WikiLeaks, o australiano Julian Assange
    Quase um século depois, o Wikileaks também publica sem medo fatos que precisam ser tornados públicos. Eu cresci numa cidade do interior do estado de Queensland, onde as pessoas falavam de maneira curta e grossa aquilo que pensavam. Eles desconfiavam do governo (‘big government’) como algo que poderia ser corrompido caso não fosse vigiados cuidadosamente. Os dias sombrios de corrupção no governo de Queensland, que antecederam a investigação Fitzgerald, são testemunhos do que acontece quando políticos impedem a mídia de reportar a verdade.

    Essas coisas ficaram comigo. O Wikileaks foi criado em torno desses valores centrais. A ideia concebida na Austrália era usar as tecnologias da internet de maneira a reportar a verdade. O Wikileaks cunhou um novo tipo de jornalismo: o jornalismo científico. Nós trabalhamos com outros suportes de mídia para trazer as notícias para as pessoas, mas também para provar que essas notícias são verdadeiras. O jornalismo científico permite que você leia as notícias, e então clique num link para ver o documento original no qual a notícia foi baseada. Desta maneira você mesmo pode julgar: Esta notícia é verdadeira? Os jornalistas a reportaram de maneira precisa?

    Sociedades democráticas precisam de uma mídia forte e o Wikileaks faz parte dessa mídia. A mídia ajuda a manter um governo honesto. Wikileaks revelou algumas duras verdades sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão, e notícias defeituosas (‘broken stories’) sobre corrupção corporativa.

    As pessoas afirmaram que sou anti-guerra: que fique registrado, eu não sou. Algumas vezes, nações precisam ir à guerra, e simplesmente há guerras. Mas não há nada mais errado do que um governo mentir à sua população sobre estas guerras, e então pedir a estes mesmos cidadãos que coloquem suas vidas e o dinheiro de seus impostos a serviço destas mentiras. Se uma guerra é justificável, então diga a verdade e a população dirá se deve apoiá-la ou não.

    Se você leu qualquer um dos relatórios de guerra sobre o Afeganistão e o Iraque, qualquer um dos telegramas das embaixadas estadunidense ou qualquer uma das notícias sobre as coisas que o Wikileaks tem reportado, considere quão importante é que toda a mídia possa reportar tais fatos livremente.

    O Wikileaks não é o único que publicou os telegramas das embaixadas dos Estados Unidos. Outros suportes de mídia, incluindo o britânico The Guardian, o The New York Times, o El País e o Der Spiegel na Alemanha publicaram os mesmos telegramas. Porém é o Wikileaks como coordenador destes outros grupos, que tem sido alvo dos mais virulentos ataques e acusações por parte do governo estadunidense e seus acólitos. Eu tenho sido acusado de traição, mesmo sendo cidadão australiano e não estadunidense. Tem havido inúmeros sérios clamores nos EUA para que eu seja capturado por forças especiais estadunidenses. Sarah Palin diz que eu deveria ser “caçado como Osama Bin Laden”. Uma lei republicana tramita no senado norte-americano buscando declarar-me uma “ameaça transnacional” e tratar-me correspondentemente. Um assessor do gabinete do primeiro-ministro canadense clamou em rede nacional de televisão que eu fosse assassinado. Um blogueiro americano clamou para que o meu filho de 20 anos de idade aqui na Austrália fosse sequestrado e ferido por nenhum outro motivo além de um meio de chegar até mim.

    E os australianos devem observar sem orgulho a desgraçada anuência a estes sentimentos por parte da Primeira ministra australiana Guillard e a secretária do Estado dos EUA Hillary Clinton, as quais não emitiram sequer uma palavra de crítica às demais organizações midiáticas. Isto por que o The Guardian, The New York Times e Der Spiegel são velhos e grandes, enquanto o Wikileaks é ainda jovem e pequeno.

    Nós somos os vira-latas. O governo Guillard está tentanto atirar no mensageiro porque não quer que a verdade seja revelada, incluindo informações sobre as suas próprias negociações diplomáticas e políticas.

    Houve alguma resposta por parte do governo australiano às inúmeras ameaças públicas de violência contra mim e outros colaboradores do Wikileaks? Não me parece absurdo supor que a primeira ministra australiana deveria estar defendendo os seus cidadãos de ações dessa natureza, porém, de sua parte, tem havido apenas alegações infundadas de ilegalidade. A Primeira ministra e especialmente o Procurador-Geral deveriam levar a cabo suas obrigações com dignidade e acima das disputas. Que fique claro que esses dois pretendem salvar a própria pele. Eles não conseguirão.

    Toda vez que o Wikileaks publica a verdade sobre abusos cometidos pelas agências dos EUA, políticos australianos entoam o coro provavelmente falso com o Departamento de Estado: “Você colocará vidas em risco! Segurança nacional! Você colocará em perigo as nossas tropas!” E então eles dizem que não há nada de importante no que o Wikileaks publica.

    Mas as nossas publicações estão longe de serem desimportantes. Os telegramas diplomáticos dos EUA revelam alguns fatos inquietantes:

    Os EUA pediram a sua diplomacia para que roubassem material humano (“personal human material”) e informações de oficiais da ONU e grupos de direitos humanos, incluindo DNA, impressões digital, scans de íris, números de cartão de crédito, senhas da internet e fotos de identificação, em violação a tratados internacionais. É provável que diplomatas australianos da ONU também sejam alvos.

    O Rei Abdullah da Arabia Saudita pediu aos oficiais dos EUA na Jordânia e Bahrein que interrompam o programa nuclear iraniano a qualquer custo.

    A investigação britânica sobre o Iraque foi adulterada para proteger “interesses dos EUA”

    A Suécia é um membro secreto da OTAN e a Inteligência dos EUA não divulga suas informações ao parlamento.

    Os EUA está forçando a barra para tentar fazer com que outros países recebam detentos libertados de Guantanamo. Barack Obama concordou em encontrar o presidente esloveno apenas se a Eslovênia recebesse um prisioneiro. Nosso vizinho do Pacífico, Kiribati, foi oferecido milhões de dólares para receber detentos.

    Em sua decisão histórica no caso dos Documentos do Pentágono, a Suprema Corte Americana disse: “ apenas uma impresa livre e sem amarras pode eficientemente expor fraudes no governo”. A tempestade turbulenta em torno do Wikileaks hoje reforça a necessidade de defender o direito de toda a mídia de revelar a verdade.

    Julian Assange é o editor-chefe do Wikileaks
    .

    WikeLeaks provoca mudanças em Embaixadas dos EUA no mundo

    “Terremoto” WikiLeaks sacode embaixadas dos EUA em todo o mundo

    6/12/2010
    por Guy Adams
    e Kim Sengupta,

    Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


    Atacado por escândalo que a cada dia parece gerar nova fornada de embaraços e incômodos, o governo dos EUA está sendo forçado a empreender ampla reforma em todos os seus cargos diplomáticos, pessoal militar e agentes de inteligência, cujo trabalho afinal está exposto aos olhos do mundo, depois dos vazamentos, pela página WikiLeaks, dos telegramas diplomáticos dos EUA.

    Ontem, o governo Obama enfrentava grave crise em seu serviço diplomático, entre ondas sucessivas de provas de que a continuada publicação de comunicados pressupostos confidenciais e protegidos tornará impossível – se não perigoso – o trabalho diplomático como feito até aqui por funcionários do Departamento de Estado em todo o mundo.

    Apenas 1.100 dos cerca de 250 mil documentos sigilosos que WikiLeaks recebeu e divulgou já foram publicados. Portanto, aumenta o medo de que prosseguirá, nos próximos meses, a divulgação de revelações que podem desestabilizar as relações dos EUA com praticamente todos os seus aliados-chave, inflamando as tensões com governos já hostis no Oriente Médio, no Extremo Oriente e em outras regiões.

    “No curto prazo, já estamos paralisados, sem poder dar um passo” – disse à Agência Reuters um diplomata sênior dos EUA. Para a mesma fonte, serão necessários no mínimo cinco anos para reconstruir relações de confiança em todo o mundo.

    “A situação está péssima. Dificilmente poderia estar pior. Não há exagero algum no que lhe digo. Falando claramente, ninguém quer falar conosco. (…) Há gente que continua obrigada a falar conosco, sobretudo governos e representantes oficiais. Mas mesmo esses perguntam antes de qualquer contato: “Vocês vão escrever sobre o que discutirmos aqui?”

    Há informes de que o Pentágono, a CIA e o Departamento de Estado estão listando todos os funcionários do serviço diplomático que assinaram os telegramas mais comprometedores e que mais problemas criaram, dentre os que já foram publicados por WikiLeaks. Todos esses terão de ser removidos dos postos em que estão, em todos os casos os postos mais estrategicamente importantes da diplomacia norte-americana.

    Dentre os diplomatas cujas opiniões privadas foram divulgadas para o mundo, para grande embaraço dos EUA, está Gene Cretz – embaixador dos EUA na Líbia, que, em 2009, escreveu o hoje já famosíssimo telegrama no qual informa ao governo dos EUA que Muammar Gaddafi não viaja sem a companhia de “uma voluptuosa loura”, sua enfermeira ucraniana.

    O atual enviado dos EUA à ONU também tem sido criticado, depois da revelação de que Hillary Clinton instruiu-o a coletar números de cartões de crédito, de passes para viagens aéreas, números de telefones celulares, endereços de e-mails, senhas e outros dados de diplomatas estrangeiros e altos funcionários da ONU, inclusive do secretário-geral Ban Ki-moon.

    A dificuldade para o serviço diplomático dos EUA é que os autores de vários dos mais importantes telegramas divulgados pela organização WikiLeaks são os mais experientes do corpo diplomático norte-americano, e será difícil, se não impossível, substituí-los. Até agora, nenhum dos países afetados pelos vazamentos solicitou a remoção de qualquer diplomata ou funcionário do serviço diplomático dos EUA.

    “Essa é outra face dessa tragédia”, disse alto funcionário da segurança nacional ao Blog The Daily Beast [http://www.thedailybeast.com/blogs-and-stories/2010-12-04/wikileaks-cable-disaster-spurs-obama-plan-to-shake-up-key-personnel/full/full/] que, na 6ª.-feira, detalhou a extensão da crise nas embaixadas dos EUA e noticiou que a realocação dos diplomatas afetados já está planejada e acontecerá ao longo dos próximos meses.

    “Teremos de deslocar alguns dos nossos melhores servidores, que sempre representaram muito bem os EUA, capazes das melhores análises –, só porque se atreveram a escrever a verdade sobre países nos quais servem.” Dentre governos estrangeiros que já se manifestaram ofendidos pelo conteúdo de um ou outro dos telegramas divulgados estão supostos aliados como França, Itália e Turquia, cujo primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan ameaçou processar o ex-embaixador dos EUA Eric Edelman por telegrama no qual o embaixador sugere que Erdogan teria dinheiro em bancos suíços.

    Velhos inimigos dos EUA também estão gravemente incomodados. O presidente Dmitry Medvedev, da Rússia, é descrito num dos telegramas como “o Robin do Batman [primeiro-ministro da Rússia Vladimir] Putin”. Cuba e Venezuela são reunidas num “Eixo da Falsidade” em documento divulgado no fim de semana. Quando os primeiros telegramas foram divulgados, a Casa Branca condenou a divulgação, sob o argumento de que “poria em risco nossos diplomatas, profissionais de segurança e todos que, em todo o mundo, aproximam-se dos EUA para promover a democracia e governos mais transparentes”.

    Apesar de até agora nenhum país ter requerido a expulsão dos diplomatas responsáveis pelos telegramas que mais incômodos provocaram, espera-se que comece em breve um movimento de declará-los “Persona Non Grata” – os governos declaram que um ou outro funcionário estrangeiro não é bem-vindo a um ou outro país; é ação que, na prática, leva à remoção.

    “Pela nossa avaliação, é só questão de tempo”, disse um funcionário do Departamento de Estado ao Blog The Daily Beast. Fontes diplomáticas disseram ao The Independent que não há planos para remover pessoal diplomático, porque a remoção sugeriria que tivessem cometido algum erro e comprometeria a carreira dos diplomatas.

    Tensões com os Estados árabes


    Um dos telegramas recentemente divulgados revela que Hillary Clinton criticou o governo saudita, dizendo que o país é a principal fonte de financiamento para grupos militantes islâmicos, e que os políticos sauditas não se decidem a interromper o fluxo de dinheiro.

    Em telegrama de dezembro de 2009, a secretária de Estado diz a diplomatas norte-americanos que “a ação de Riad tem sido limitada” [para interromper os fluxos de dinheiro para os Talibãs e outros grupos que atacam no Afeganistão, no Paquistão e na Índia]. E acrescentou que o Hamás conseguiu milhões na Arábia Saudita, sobretudo de peregrinos que vêm para o Hajj e o Ramadã.

    A nota também fala de Qatar, Kuwait e Emirados Árabes Unidos como fonte de dinheiro para os militantes; com destaque para o Qatar – “o pior da região” –, por não cooperar com o Washington.

    segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

    O WikiLeaks lavou a alma do Itamaraty

    Elio Gaspari, Folha de SP
    via Blog Leituras Favre

    Não é a diplomacia brasileira que não gosta dos EUA, são os EUA que não gostam de uma diplomacia brasileira


    A PAPELADA do WikiLeaks relacionada com o Brasil prestou um serviço à diplomacia nacional. À primeira vista, apresentou o Itamaraty como inimigo dos Estados Unidos. Olhada de perto, documentou que o governo americano é inimigo do Itamaraty.

    Como o vazamento capturou mensagens do canal que liga a embaixada americana ao Departamento de Defesa, o ministro Nelson Jobim ficou debaixo de um exagerado holofote. Exagerado, porém veraz. Em janeiro de 2008, Jobim tratou com o então embaixador Clifford Sobel assuntos que não eram de sua competência, dizendo coisas que não devia.

    Sobel, um quadro estranho à diplomacia americana, saído do plantel de empresários republicanos com carreiras políticas fracassadas, qualificou-o como um homem decidido a “desafiar a supremacia histórica do Itamaraty em todas as áreas da política externa”. Em treze palavras, resumiu o objeto do desejo dos americanos: desafiar a supremacia histórica do Itamaraty em todas as áreas da política externa.

    O Itamaraty é um ofidiário. Nele há de tudo, mas poucos foram os casos de diplomatas bem colocados que quisessem terceirizar as relações internacionais do Brasil. Já houve diplomata que ia para o serviço vestindo a camisa verde dos integralistas, assim como houve comunista dos anos 50 que, nos 70, trabalhava de mãos dadas com o Serviço Nacional de Informações.

    Sempre há quem divirja das linhas da política externa da ocasião mas, noves fora vinganças burocráticas, a máquina une-se quando se trata de defender “a supremacia histórica do Itamaraty em todas as áreas da política externa”.

    Essa característica sempre incomodou a diplomacia americana. Pelo poderio e pelo tamanho de sua representação no Brasil, ela busca o fatiamento das “áreas da política externa”. É sempre mais fácil negociar assuntos agrícolas com um ministro indicado por um poderoso deputado que um dia voltará a cuidar de seus interesses. Negociar tarifas em foros internacionais com diplomatas influenciando a posição brasileira é um pesadelo para as delegações americana e europeias. (Salvo em casos raros, como quando Brasília determinou ao chefe da delegação que votasse com os americanos.)

    Se dependesse das famosas ekipekonômicas, os Estados Unidos teriam quebrado a resistência brasileira à criação da Associação de Livre Comércio das Américas, a Alca, defendida durante os governos Clinton e Bush. Em 2002, o negociador americano disse que, se o Brasil não aderisse à Alca, teria que vender seus produtos na Antártida. O setor mais organizado (e pecuniariamente desinteressado) da oposição à Alca estava no Itamaraty.

    Durante o tucanato, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães dizia que negociar um acordo de livre comércio daquele tipo seria o mesmo que discutir um caminho para o patíbulo e foi demitido da direção do Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais do ministério.

    O que incomoda o Departamento de Estado é uma diplomacia capaz de impedir que sua embaixada negocie no varejo dos ministérios assuntos que envolvem relações internacionais. Se o embaixador Sobel pudesse tratar temas da defesa só com Jobim, seria um prazer. Os diplomatas brasileiros não decidem todas as questões onde se metem, mas atrapalham. Por isso, um embaixador americano queixava-se dos “barbudinhos do Itamaraty”.

    Poucas vezes os “barbudinhos” apanharam tanto como no caso da resistência brasileira ao golpe de Honduras, no ano passado. Graças ao WikiLeaks, conhece-se agora o telegrama enviado pelo embaixador americano em Tegucigalpa, Hugo Llorens, a Washington, três semanas depois da deposição do presidente Manuel Zelaya: “Na visão da embaixada, os militares, a Corte Suprema e o Congresso armaram um golpe ilegal e inconstitucional contra o Poder Executivo”. O texto integral do telegrama é quatro vezes maior que este texto e nele a palavra “golpe” é usada 13 vezes.

    O companheiro Obama agasalhou o golpe, Nosso Guia [Lula], não.

    Fonte: Blog Leituras Favre