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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Neoliberalismo: a negação da autonomia ao indivíduo


[...] o neoliberalismo reduz o homem a um simples objeto da técnica, em vez de autônomo transforma o ser humano em autômato. Sendo autômato, não tem determinação própria, é determinado por outro e assim, [...]

"[...] o indivíduo cessa de ser ele mesmo; adota inteiramente o tipo de personalidade que lhe é oferecido pelos padrões culturais e, por conseguinte, torna-se exatamente como todos os demais são e como estes esperam que ele seja" (FROMM, 1977, p. 150). Transformando-se em autômato, vive na ilusão de que possui vontade própria, de que possui estilo, opiniões e sentimentos próprios.






3.7 - NEOLIBERALISMO E A ÉTICA DE MERCADO
      As concepções de Paulo Freire me levam a pensar que hoje o neoliberalismo é algo que nega a autonomia, na medida em que promove uma crescente desigualdade social e, dessa forma, deixa a maioria das pessoas e nações em condições econômicas de pobreza. Situações de pobreza e miséria limitam a autonomia na medida em que restringem o poder de realizar. Ainda, a ideologia neoliberal amacia a verdadeira realidade, promove modos de pensar massificados, o que nega a liberdade de cada qual pensar por si mesmo, negando assim, a autonomia. Paulo Freire (2000a, p. 142) dá alguns exemplos desse amaciamento ideológico: o desemprego que é considerado pelos neoliberais uma desgraça da época, o pragmatismo pedagógico que treina em vez de formar afirmando que os sonhos morreram e o importante é preparar para o mercado de trabalho, etc. A globalização neoliberal é posta como uma evolução natural da economia, como se não houvesse outra opção, os países têm que se adaptar, independente das condições históricas com as quais o capitalismo se desenvolveu neles. Isso nega a autonomia das nações.
      "O discurso da globalização que fala da ética esconde, porém, que a sua ética é a ética do mercado e não a ética universal do ser humano, pela qual devemos lutar bravamente se optamos, na verdade, por um mundo de gente" (idem, p. 144). Paulo Freire identifica uma "ditadura do mercado" (ibid) que impõe uma ética do lucro, bem diversa da ética universal defendida por ele. "A liberdade de comércio não pode estar acima da liberdade do ser humano" (ibid, p. 146). Para que tenhamos um homem autônomo, a liberdade e a dignidade humana não podem ser desrespeitadas ou esquecidas em favor dos interesses de grupos econômicos.
      Os neoliberais possuem um discurso pragmático que sugere a simples adaptação, em vez da intervenção.
      [...] negando à prática educativa qualquer intenção desveladora, reduzem-na à pura transferência de conteúdos 'suficientes' para a vida feliz das gentes. Consideram feliz a vida que se vive na adaptação ao mundo sem raivas, sem protestos, sem sonhos de transformação. (FREIRE, 1995, p. 27).
      A visão de História contida nesse pensamento imobiliza, leva ao determinismo. Freire (2003a, p. 33-34) destaca duas dessas visões deterministas, a primeira considera o futuro como pura repetição do presente, pensamento típico dos dominadores. Na segunda, o futuro é um pré-dado, uma espécie de sina, não é problemático, é inexorável, típico do povo que perdeu a esperança, a capacidade de sonhar. Esses pensares negam a História como possibilidade e negam o caráter criativo, criador, libertador da educação e a autonomia que os sujeitos devem conquistar por meio dela.
      Para Freire (1995, p. 32), a perspectiva neoliberal procura reforçar a "pseudo-neutralidade da prática educativa, reduzindo-a a transferência de conteúdos", reduzindo a formação ao treino de técnicas e procedimentos. Considera toda prática educativa que vai além disso, que procura superar a dicotomia leitura do mundo/leitura da palavra, leitura do texto/leitura do contexto, como mera ideologia (cf. idem, p. 32-33). Ainda, a educação de caráter neoliberal procura promover o individualismo com um discurso que incentiva os alunos a subir na vida por si mesmos, a terem sucesso material e profissional, e assim ensina as pessoas a desistirem de seus direitos à autonomia e pensamento crítico (cf. FREIRE e SHOR, 1987, p. 150). É o discurso da educação para a ética do mercado: bom é o mais forte. Essas concepções educacionais neoliberais mantêm e agravam uma situação social que nega a dignidade e limita a autonomia de grande parte da população mundial.
      Pelo tecnicismo, o neoliberalismo reduz o homem a um simples objeto da técnica, em vez de autônomo transforma o ser humano em autômato. Sendo autômato, não tem determinação própria, é determinado por outro e assim, é heterônomo. "[...] o indivíduo cessa de ser ele mesmo; adota inteiramente o tipo de personalidade que lhe é oferecido pelos padrões culturais e, por conseguinte, torna-se exatamente como todos os demais são e como estes esperam que ele seja" (FROMM, 1977, p. 150). Transformando-se em autômato, vive na ilusão de que possui vontade própria, de que possui estilo, opiniões e sentimentos próprios. O medo da liberdade e as dúvidas são substituídos pela ilusão de uma individualidade que possui sua segurança em uma autoridade externa. O autômato vive da ilusão da autonomia, mas na verdade é heterônomo.
      Os tecnicistas, "Deformados pela acriticidade, não são capazes de ver o homem na sua totalidade, no seu quefazer-ação-reflexão, que sempre se dá no mundo e sobre ele" (FREIRE, 1981, p. 23). É a racionalidade fria e calculista da civilização ocidental sobrepondo interesses egoístas e individualistas sobre os valores humanos e o bem estar comum. A civilização ocidental "Degenerada num projeto de mundo identificado com o des-amor da ganância fratricida, da posse, do lucro e da especulação financeira, conduziu a humanidade à beira da destruição total" (ANDREOLA, 2000, p. 24). Penso que as configurações atuais do mundo ocidental são um alerta; o projeto neoliberal está negando às pessoas do mundo, a possibilidade de viver com mais dignidade e autonomia. Em vez disso, está levando o mundo à beira da autodestruição. 
Fragmento do livro:


via Blog Luis Nassif sob post "O humano reduzido a objeto da técnica"






sexta-feira, 23 de setembro de 2011

As Mudanças na gestão pública

O lançamento do Plano Plurianual (PPA) – que orientará os investimentos públicos para os próximos quatro anos –, assim como do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) 2 permitem um bom balanço de como caminha a questão da gestão e do planejamento na área pública.

No caso do PPA, decidiu-se mudar o formato, como explica a Ministra Mirian Belchior (íntegra da entrevista no endereço http://youtu.be/qNrXvymf6xQ). Em vez de um programa com viés orçamentário, optou-se por um documento que deixe claro para a sociedade o que o governo pretende fazer.

Havia mais de 300 programas finalísticos. Foram reduzidos para 65 programas temáticos, embaixo dos quais entraram os programas de cada ministério, permitindo o trabalho transversal. Por exemplo, todas as crianças e adolescentes ficaram debaixo de um só programa, jogando nele as ações de cada ministério e as emendas sobre o tema.

Esse modelo foi tentado no “Avança Brasil”, ainda no governo FHC. Mas o PPA acabou se perdendo na quantidade excessiva de programas e objetivos.

Na elaboração do novo PPA,  já na gestão Lula e na atual gestão de Dilma, foi constituída uma representação dos diversos conselhos da sociedade civil, com 300 conselheiros, que participaram durante dois dias de uma discussão global sobre o PPA. No segundo dia, a discussão foi sobre como o PPA se desdobraria no território – na Amazônia, no nordeste, no sudeste etc.

Depois, houve cinco reuniões nas quatro regiões brasileiras, com estados e representações de municípios. No final de outubro, de 2011, haverá uma nova reunião, para discutir como a sociedade civil poderá acompanhar e fiscalizar cada programa.

No PPA, procurou-se mudar a natureza dos indicadores. Era comum entregar como resultado de um programa determinado número de ambulâncias. Agora, o indicador relevante será como cada programa influenciará o resultado final (no caso de ambulâncias, os indicadores de saúde).

Responsável também pelo PAC, Mirian Belchior julga ter chegado a hora de um salto qualitativo.

Nos primeiros quatro anos (do governo Lula), todos – União, estados, municípios e empresários – tiveram que reaprender a fazer obras públicas. Chegou-se a resultados favoráveis, com 82% de obras concluídas e 97% dos desembolsos previstos.

Mas foi período de aprendizagem. Na primeira rodada, em 2007, por exemplo, ninguém tinha projetos para apresentar. Na segunda seleção, em 2009, o número de projetos excedia os recursos disponíveis.

A previsibilidade de recursos induziu as prefeituras a se organizarem. Prefeituras se estruturaram, o percentual de municípios com estrutura para programas habitacionais passou de 40% em 2005 para 80% em 2008.

Agora, o MEC (Ministério da Educação) preparou um curso à distância para gestores municipais com 30 mil vagas, abarcando amplo leque de temas.

Uma das experiências importante do período, na gestão Lula, foi na chamada articulação horizontal (entre os diversos ministérios) e vertical (com outros entes federados).

No caso dos municípios, definiu-se uma metodologia nova (além da criação do Ministério das Cidades). Primeiro, há reuniões presenciais em Brasília, no qual se discute o processo de seleção de projetos, priorizando os chamados projetos estruturantes.

Fonte: Blog Luis Nassif

quinta-feira, 31 de março de 2011

Os EUA dos tempos modernos - me fez lembrar do Brasil.

Ehhh!!!! A "coisa" tá feia! Muito feia!
Como gostamos de copiá-los... sabem o que nos espera, né!

A última coluna de Bob Herbert no "New York Times"

Via Blog Luis Nassif
por Por Luiz Lima

Amig@s,

cheguei a este artigo - que o blog do Gadelha traduziu e postou - através da indicação de um amigo em uma lista de discussão. Trata-se da última coluna de Bob Herbert - sem dúvida o comentarista mais liberal (no sentido que esta palavra tem nos EUA) do "NYT", e que escreveu para o jornal durante dezoito anos.

Trata-se de um triste - e preciso - retrato do que são os Estados Unidos nos dias em que vivemos.
Luiz Lima
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Perdendo o rumo
Bob Herbert

Cá estamos despejando rios de dinheiro em outra guerra, dessa vez na Líbia, e, simultaneamente, demolindo os orçamentos escolares, fechando bibliotecas, demitindo professores e policiais e destruindo nossa qualidade de vida.

Bem-vindo à América da segunda década do século 21. Um exército de trabalhadores permanentes desempregados por todo o país, consequências humanas da Grande Recessão e de longos anos de políticas econômicas mal planejadas. O otimismo está em baixa. Os poucos empregos criados muito frequentemente pagam uma ninharia, insuficiente para abrir as portas para um padrão classe média de vida.

Arthur Miller, ecoando o poeta Archibald MacLeish, gostava de dizer que a essência da América foram as suas perspectivas. Isso foi há muito tempo. A ganância sem limites, o poder desenfreado das corporações e uma dependência feroz de petróleo estrangeiro nos levaram a uma era de guerra perpétua e de declínio econômico. Os jovens de hoje estão diante de um futuro que será inferior ao dos mais velhos, uma reversão que deve chacoalhar todo mundo.

Os EUA não apenas se equivocaram em suas prioridades. Quando o país mais poderoso de todos os tempos mergulha facilmente no horror da guerra, mas torna quase impossível encontrar um trabalho digno para o seu povo ou oferecer educação de qualidade para seus jovens, é que já perdeu o rumo totalmente.
Cerca de 14 milhões de americanos estão desempregados e as perspectivas para muitos deles são desagradáveis. Uma vez que existe apenas um posto de trabalho disponível para cada cinco pessoas à procura de trabalho, quatro dos cinco se deram mal. Em vez de uma terra de oportunidades, os EUA são cada vez mais um lugar de expectativas limitadas.

Um professor universitário em Washington me disse essa semana que alguns de seus graduados conseguiram emprego, mas sem ganhar bem, certamente não o suficiente para pensar em aumentar a família.

Há uma abundância de atividade econômica nos EUA, e muita riqueza. Mas, como crianças gulosas, as pessoas no topo estão pegando pra elas quase todas as "bolas de gude". As desigualdades de renda e de riqueza chegaram a níveis que fariam corar o terceiro mundo. Como informou o Instituto de Política Econômica, os 10 por cento mais ricos dos americanos receberam injustos 100 por cento do crescimento médio da renda nos anos de 2000 a 2007, o período mais recente período de expansão econômica.
Os americanos comportam-se como se isso fosse algo normal ou aceitável. Não deve ser, e não costumava ser. Durante grande parte do pós-Segunda Guerra Mundial, a distribuição de renda era muito mais justa, com os 10 por cento das famílias do topo conquistando apenas um terço do crescimento médio da renda, e os 90 por cento da base recebendo dois terços. Isso agora é realmente coisa do passado.


A má distribuição da riqueza atual é escandalosa.
Em 2009, os 5 por cento mais ricos pegaram 63,5 por cento da riqueza da nação. Enquanto a maioria esmagadora, os 80 por cento da base, pegou apenas 12,8 por cento.

Essa desigualdade, no qual um segmento enorme da população luta e uns poucos afortunados ficam no bem bom, é a receita para a agitação social. A mobilidade descendente é um fusível em curto, pronto para levar a graves consequências.

Um exemplo gritante dessa injustiça tão generalizada estava no título do The New York Times de sexta-feira: "Estratégias da GE permitem evitar impostos completamente." Apesar dos lucros de 14,2 bilhões dólares - 5,1 bilhões dólares em suas operações nos Estados Unidos - a General Electric não teve que pagar qualquer imposto nos EUA no ano passado.

Como David Kocieniewski do Times escreveu: "O êxito extraordinário é baseado em uma estratégia agressiva que mistura forte lobby para benefícios fiscais com contabilidade inovadora que permite concentrar os seus lucros no exterior."

A GE é a maior corporação do país. Seu principal executivo, Jeffrey Immelt, é o líder do Conselho sobre Emprego e Competitividade do presidente Barack Obama . Você pode imaginar como os trabalhadores devem olhar para este acolhedor arranjo governo-corporações e concluir que ele não está plenamente comprometido com os interesses do povo trabalhador.

Os profundos desequilíbrios entre riqueza e renda, inevitavelmente, levarão a enormes desequilíbrios de poder político. Assim, as corporações e os muito ricos continuam muito bem. A crise do emprego nunca é encarada. As guerras nunca terminam. E a construção da nação nunca tem apoio entre nós.

Novas idéias e novas lideranças nunca foram tão necessárias.
[O interessante é que o Brasil na era FHC seguia este mesmo rumo, elegemos Lula em 2003 e ele veio com novas ideias e estamos, hoje, vivendo um de nossos melhores momentos mesmo com o mundo estando passando pela maior crise deste 1929.]

Esta é minha última coluna do The New York Times, após quase 18 emocionantes anos. Saio para escrever um livro e aumentar os meus esforços em nome dos trabalhadores, dos pobres e de outros que estão lutando em nossa sociedade. Agradeço a todos os leitores que foram tão bondosos comigo ao longo dos anos. Daqui pra frente posso ser encontrado através do e-mail bobherbert88@gmail.com.

Bob Herbert

Fonte: Blog Luis Nassif

sábado, 5 de março de 2011

Neoliberais - O próximo ataque é contra os funcionários públicos

The Economist diz que “próxima batalha” é contra funcionários públicos e seus sindicatos

Mar 5th, 2011 by 
Marco Aurélio Weissheimer

Foto: acessada,5mar2011,RSUrgente
Bernard Cassen
Le Monde Diplomatique
A revista The Economist é o lugar onde são expostas com maior radicalismo – e também com talento – as teses ultraneoliberais. É conhecida a grande influência que este semanário britânico exerce sobre as autoridades políticas, influência esta que vai muito além do mundo anglosaxão. O que The Economist preconiza transmite-se frequentemente para as políticas dos governos, em primeiro lugar na Europa.

Por isso, é preciso levar muito a sério a capa da edição de 8 de janeiro passado e o conteúdo do informe especial: “A próxima batalha. Rumo ao confronto com os sindicatos do setor público”.

A tese da revista é de uma simplicidade evangélica e pode ser resumida em três pontos:
  1. todos os Estados europeus enfrentam déficits públicos abismais;
  2. para reduzir o gasto público, é preciso reduzir os efetivos, os salários e os sistemas de pensões dos funcionários;
  3. os governos ganharão com maior facilidade a opinião pública incentivando a denúncia dos “privilégios” (em especial a estabilidade no trabalho) dos “acomodados” do setor público, que supostamente vivem a custa do conjunto dos contribuintes.
Em nenhum momento o informe recorda que os déficits públicos são em grande parte consequência das ajudas colossais aos bancos e outros responsáveis pela crise atual. Tampouco que estes déficits aumentaram devido aos presentes sob a forma de isenções fiscais outorgadas aos ricos. Nem sequer se deixa claro que, em troca de seu salário, os funcionários prestam serviços indispensáveis para o bom funcionamento da sociedade. Em particular os professores, atacados muito especialmente neste informe.
O jornalista que escreveu um dos artigos deve estar muito desinformado sobre as reais condições de trabalho dos professores para ter coragem de escrever que “65 anos deveria ser a idade mínima para que essa gente que passa a vida em uma sala de aula se aposente”.

The Economist festeja que vários governos europeus – dois deles dirigidos por “socialistas”, Grécia e Espanha – tenham rebaixado os salários de seus funcionários e que, em toda a União Europeia haja “reformas” – seria mais justo falar de contrarreformas dos sistemas de pensões já realizadas ou em vias de realização.

Por ideologia, os liberais são hostis aos funcionários e demais assalariados do setor público. Em primeiro lugar porque privam o setor privado de novos espaços de lucro. Em segundo porque, protegidos por seu estatuto, podem ser socialmente mais combativos que seus companheiros do setor privado, até o ponto de que, às vezes, fazem greves “por delegação” e representam os trabalhadores do setor privado que não podem fazê-las. Esta solidariedade é a que os governos querem destruir a todo custo para reduzir a capacidade de resistência das populações contra os planos de ajuste e de austeridade implementados em toda a Europa. Os déficits públicos constituem assim um pretexto inesperado para modificar as relações sociais conflitivas em detrimento do mundo do trabalho.

Defender os serviços públicos é defender o único patrimônio do qual dispõem as categorias mais pobres da população. A aposta na caça aos funcionários públicos e a seus sindicatos proposta por The Economist não é apenas financeira. É política ou ideológica.

Fonte: RSUrgente - Marcos Weissheimer

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sábado, 18 de dezembro de 2010

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O movimento pela qualidade de Gestão

"(...) há ricos e ricos. O rico desenvolvimentista, que produz, forjado a partir de muito esforço e não de benesses e privilégios, este valoriza o trabalho de Lula/Dilma nesses oito anos. Este reflete e sabe da necessidade de uma sociedade mais justa, sabe que este agora é um caminho sem volta e só assim poderemos prosperar ainda mais. Um desses ricos é Jorge Gerdau Johanpetter, o homem do aço, que há duas semanas deu almoço para Dilma em Porto Alegre. Mas isso não saiu nos jornais. Não devia interessar..."
Hildegard Angel,colunista carioca
em 16out2010, via, olhonamira
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O movimento pela qualidade, Gerdau e Dilma


do blog Luis Nassif Online
por Luis Nassif

Estou chegando da premiação da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ), na Sala São Paulo. Não fiquei até o fim. Amanhã, acordo às 5 da matina para viajar para Marabá.

Mas deu tempo para um belo contato com os militantes do movimento que mudou a face do país – e uma longa conversa com o pai de todos, Jorge Gerdau.

Coube a ele ainda no Bolo de Noiva convencer o presidente eleito Fernando Collor da importância dos programas de gestão. A partir dessas conversas iniciais, nasceu a própria FNQ e o Sebrae foi remodelado para atender às pequenas e micro empresas.

Depois, no governo FHC, batalhamos juntos para convencer o então Ministro da Administração Luiz Carlos Bresser Pereira a criar o Prêmio de Qualidade do Setor Público. Durante um ou dois anos participei como jurado – aprendendo em toda reunião com os craques da qualidade que também compunham o júri, entre os quais Gerdau.

Os olhos de Gerdau brilham com intensidade quando fala em qualidade no setor público. Lembre que os três governos que abraçaram a bandeira – Eduardo Campos, em Pernambuco, Aécio Neves, em Minas, e Paulo Hartung, no Espírito Santo – venceram as eleições por larga margem.

Na roda, outro membro do movimento fala das diferenças entre eles: 
  • Eduardo Campos: pondo a mão na massa e conduzindo pessoalmente a gestão;
  • Aécio Neves: entrando apenas nas articulações políticas e deixando o dia-a-dia sob o comando de Antônio Anastásia.

Indago de Gerdau sobre sua disposição de aceitar o convite de Dilma Rousseff para ajudar em um conselho presidencial, que opine sobre temas de gestão. Lembro a extrema importância de Nelson Rockefeller que nos anos 50 foi incumbido por Eisenhower da reformar o Estado americano. De seus trabalhos nasceu a moderna conformação do Departamento de Estado, da Agricultura, do Tesouro. Os olhos de Gerdau brilham mais.

Explicou que não aceitou Ministério porque detestaria cuidar de estruturas burocráticas. Considera-se uma mão de obra muito cara para ficar assinando despachos burocráticos. Como membro desse comitê de assessoramento, o jogo é outro. Indago qual o tempo que deixará disponível para os trabalhos de gestão no governo Dilma. A resposta é imediata: "O tempo que for necessário".

A conversa engata com Antonio Maciel, da Suzano – e primeira pessoa a me alertar para a revolução que surgia com os programas de qualidade no início dos anos 90. Há quase um consenso de que os próximos anos poderão ser históricos, a consolidação de bandeiras que vimos defendendo há quase duas décadas – uma das premiações das quais mais me orgulho foi a de ter sido escolhido pelo FNQ, alguns anos atrás, como uma das 25 ou 35 pessoas que mais contribuíram para a disseminação dos conceitos de qualidade no país.

Há consenso de que nem FHC nem Lula tinham grandes aptidões para a gestão – Lula compensando com sua notável intuição, como ressalta Gerdau. Mas Dilma, não, é gestora, objetiva e, para substituir Lula, terá que produzir um grande governo. Há esperanças de que pela primeira vez a questão da gestão pública entre no centro das preocupações do governo e o estímulo ao investimento se transforme em bandeira.
No salão repleto, há um orgulho genuíno com os feitos da qualidade. Numa roda ao lado, um consultor conta que foi conversar com o pessoal da BHP Billiton, a grande mineradora australiana. E eles informaram que o modelo de gestão brasileiro virou top no mundo. A própria ISO (sistema de certificação) foi alterado incorporando conceitos desenvolvidos no âmbito dos programas de qualidade brasileiros.
Hoje em dia, o movimento ganhou outra dimensão. O modelo pioneiro, de mapear processos e reduzir custos já foi superado, incorporando-se definitivamente ao universo empresarial. Agora, o desafio é incutir o conceito de inovação em todas as fases do processo.

No ambiente superlotado, é possível ver grandes empresas públicas, como o Inmetro e a Cemig, grandes grupos privados, como o Laboratório Fleury, Natura, CPFL, Gerdau. Até a hora que fiquei, não se via uma autoridade presente, nem federal nem estadual. Mas em várias todas estavam os pioneiros do movimento e a jovem guarda, os rapazes que pegaram o bastão e levaram adiante.

Quando olho para frente, às vezes dá um desânimo com o tanto de avanços de que o país necessita. Mas quando olho para os não tão longínquos vinte anos atrás, é possível perceber como o país avançou.


domingo, 5 de dezembro de 2010

A Transoceânica — A Rodovia que ligará Acre ao Pacífico

João Francisco Salomão
18Nov2010, Global Online

via Blog Luis Nassif 

Novos passos na integração com Peru

João Francisco Salomão
Presidente da Federação das
Indústrias do Estado do Acre — FIEAC
Considerando a iminente conclusão das obras da Rodovia Transoceânica, ligando o Brasil, por meio do Acre, aos portos do Oceano Pacífico, no Peru, é fundamental solucionarem-se os entraves fronteiriços, para que a grande estrada possa propiciar de modo pleno todos os benefícios socioeconômicos que dela se esperam.

Avanços nesse sentido verificaram-se em dezembro último, quando os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alan Garcia, durante visita de uma delegação brasileira ao país vizinho, regulamentaram os voos entre Cuzco/Porto Maldonado/Rio Branco e Pucalpa/Cruzeiro do Sul e criaram a Zona de Integração Fronteiriça Peru-Brasil (ZIF).

A meta no entorno geográfico abrangido é estabelecer a livre passagem na fronteira de moradores das cidades vizinhas e os transportes fluviais nos rios amazônicos que ligam as regiões peruanas ao Acre e Rondônia.

Espera-se também o livre trânsito de veículos turísticos entre os dois países, bem como a simplificação de procedimentos administrativos, de modo a incrementar o comercio bilateral e o turismo.

Para a concretização prática de todos esses avanços, será realizada, em 22 de dezembro, na cidade de Cuzco, no país vizinho, reunião da comissão binacional encarregada de implantar as medidas necessárias à implementação da ZIF Peru-Brasil.

Antes, porém, acontecerá encontro preparatório em Rio Branco, em meados de novembro. Com a iminente conclusão da obra, é importante que a opinião pública nacional e os setores produtivos tenham maior clareza sobre a importância da rodovia. Ela abre uma nova rota comercial para o Brasil, via Oceano Pacífico, com inegável impacto no processo logístico do comércio internacional, principalmente nas exportações à Ásia, o mercado externo mais dinâmico atualmente.

A indústria acreana, por meio de sua entidade de classe, a Fieac, vem defendendo há alguns anos a adoção de medidas capazes de mitigar a burocracia na fronteira e facilitar a integração.

Além das providências já encaminhadas, entendemos que deveria ser estabelecido regime cambial direto para o comércio, sem a necessidade de conversão ao dólar das moedas brasileira e peruana.

Todas essas medidas são fundamentais para potencializar a operacionalização da Rodovia Transoceânica, empreendimento de US$ 1,8 bilhão, com investimentos realizados pelos governos brasileiro e peruano e a iniciativa privada. Trata-se de uma estrada de 2,6 mil quilômetros ao longo da Floresta Amazônica e da Cordilheira dos Andes, estabelecendo estratégica ligação do Brasil com o Oceano Pacífico. Seu traçado parte de Rio Branco e segue por 344 quilômetros em território brasileiro. Cruza a fronteira com o Peru, percorrendo mais 2.256 quilômetros, cortando a Floresta Amazônica e os Andes, até chegar a três portos do país vizinho: Ilo, Matarani e San Juan de Marcona.

A rodovia reduz em 6 mil quilômetros a distância da rota comercial do Brasil com a Ásia, via Oceano Pacífico, com positivo impacto no processo logístico do comércio internacional, principalmente nas exportações àquele continente.

Além desse grande benefício econômico para todo o nosso País, a rodovia representará inegável fator de desenvolvimento regional, não apenas no Acre, onde começa, como nos estados vizinhos e vasta área do território do Peru.

Estudo da FIEAC (Federação das Indústrias do Estado Acre) mostra que o vasto mercado a ser aberto pela estrada envolve sete milhões de consumidores em Madre de Dios, Cusco, Puno, Arequipa, Apurímac, Ayacucho, Ica, Tacna, Moquegua, Loreto, San Martin, Ucayali, Huanuco e adjacências.

Ademais, a integração econômica entre os dois países suscita excelentes oportunidades de negócios, em especial no setor hidrelétrico.

O gás natural é outro item importante, considerando ter o Peru a única fonte sustentável desse combustível na costa do Pacífico Sul-Americano.

Há, do mesmo modo, oportunidades de investimento no setor de mineração, em especial na produção de prata, na qual o Peru é o líder mundial. Na América Latina, é o primeiro produtor de ouro, zinco, estanho e chumbo e o segundo de cobre e molibdênio.

A Rodovia Transoceânica, portanto, agrega numerosos ganhos e é um novo marco no desenvolvimento acreano e amazônico. Será o eixo de um novo pólo de fomento comercial e de intercâmbio na América do Sul, com impactos positivos na indústria, comércio, hotelaria e turismo em geral.



Fonte: Luis nassif

terça-feira, 30 de novembro de 2010

PIB paulista perde mais de R$ 128 bilhões

segunda-feira, 29nov2010
Transparência SP
via blog viomundo

Falta de política de desenvolvimento no Estado provoca lenta decadência do PIB de São Paulo. Minas e Nordeste ganham espaço na economia brasileira nos últimos 13 anos.

Em 1995, a economia paulista representava 37,3% da economia brasileira. Em 2002, 34,6% e em 2008 caiu para 33,1%. Estes dados podem ser obtidos através do levantamento da evolução do PIB (Produto Interno Bruto) Estadual feito pelo IBGE.

Em outros termos, a perda de São Paulo chegou a R$ 128 bilhões, um orçamento público paulista anual inteiro. A perda foi generalizada, atingindo todos os setores econômicos: na indústria (-10,6%), no setor de serviços (-2,2%), na administração pública (-1,8%) e na agropecuária (-2,5%).
A razão dessa perda tem raízes no processo de desconcentração da indústria e na guerra fiscal dos Estados, mas também na falta de um projeto de desenvolvimento para o Estado de São Paulo, um projeto que buscasse potencializar as vocações das diferentes regiões. Durante esse período, os governos que comandaram o Estado de São Paulo implantaram uma política de orientação neoliberal. Inimigos do desenvolvimento econômico e social, privatizaram um patrimônio público de mais de R$ 80 bilhões.

Diversos são os exemplos da ausência de uma política desenvolvimentista para o Estado. Um deles: com as privatizações, boa parte dos lucros das empresas vendidas foi enviado para as respectivas matrizes [no exterior], deixando de ser reaplicado no Estado.
Mais ainda, empresas privatizadas têm significado mais desemprego e maior precarização do trabalho, sobretudo através das terceirizações.Com a privatização e venda de instituições públicas financeiras, o Estado de São Paulo também vem enterrando qualquer política de planejamento e financiamento de longo prazo do desenvolvimento econômico.

A política de “ajuste fiscal permanente” também reduziu investimentos na infraestrutura de transporte público metropolitano, na habitação, no saneamento, na educação e nas demais áreas sociais, tornando o Estado e suas principais cidades menos atrativos.

A ampliação da antecipação (substituição) tributária do ICMS e a multiplicação de pedágios, os mais caros do país, têm ampliado o custo paulista e a carga tributária bruta estadual, desestimulando investimentos no Estado.

A falta de uma política de desenvolvimento que busque articular de forma massiva as diversas instituições públicas de ensino e pesquisa e as iniciativas privadas de inovação produtiva, em todos os segmentos, vem representando um grande disperdício para o enorme potencial de desenvolvimento do Estado.

A extrema concentração das oportunidade de emprego na capital e num raio de 100 km de distância, sem que o poder público estadual incentive a desconcentração do desenvolvimento, têm levado a “soluções de mercado” por parte das empresas, que abandonam a Região Metropolitana de São Paulo em busca de outras regiões, normalmente em outros Estados.

O sul de Minas, o Mato Grosso do Sul e o norte do Paraná têm sido o destino recorrente destas empresas. Uma situação específica reflete esta falta de política para a desconcentração do desenvolvimento econômico do Estado: por que todos os órgãos públicos estaduais, de todos os poderes, estão localizados de forma dispersa na capital paulista?

A queda da participação do PIB paulista mostra, portanto, não apenas o resultado da ação política dos outros Estados – como insiste em lembrar o governo paulista e a mídia -, mas também o custo do “ajuste fiscal permanente” e a consequente inércia dos governantes do Estado de SP.

É bom ressaltar que a queda do PIB reflete, na prática, uma menor atratividade econômica para novos investimentos, menor participação na arrecadação de impostos, nível de vida mais baixo, dificuldades na geração de novos emprego e dificuldades na expansão dos serviços prestados pelo poder público.

Analisando a evolução do PIB Estadual no Brasil, o Sudeste perdeu R$ 94 bilhões, perda esta que se concentrou em São Paulo. O Rio de Janeiro ampliou sua participação no PIB Nacional, passando de 11,2% em 1995 para 11,3% em 2008 (+ R$ 4 bilhões). Minas Gerais também apresentou elevação expressiva na sua participação no PIB Nacional, passando de 8,6% para 9,3% (+ R$ 20,7 bi). O Espírito Santo passou de 2% para 2,3% (+ R$ 9,5 bi).
Além de São Paulo, outros dois Estados tiveram queda significativa na participação no PIB Nacional: Rio Grande do Sul (- R$ 14,8 bilhões) e o Distrito Federal (- R$ 16,2 bilhões).
Produto Interno Bruto a preços de mercado, Brasil,
segundo grandes Regiões e Unidades da Federação
período de 1995 a 2007

O maior ganho em participação na economia nacional é na região Nordeste que cresceu 1,1% e ganhou R$ 32,4 bilhões, com destaque para o Maranhão (+ R$ 11 bilhões) e para a Bahia (+ R$ 8 bilhões).

Em seguida, vem a região Norte, com ganhos de R$ 26,7 bilhões, em especial os estados do Pará (+ R$ 10,9 bilhões) e Amazonas (+ R$ 3,55 bilhões).

O Centro Oeste ganhou R$ 24 bilhões, sendo que este crescimento foi “puxado” pelo Mato Grosso (+ R$ 21,57 bilhões) e Goiás (+ R$ 13,1 bilhões). A região Sul apresentou elevação de R$ 10,9 bilhões, com destaque para Paraná (+ R$ 6,57 bilhões) e Santa Catarina (+ 19,2 bilhões).



Fonte: Blog Viomundo - Luiz carlos Azenha



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sábado, 27 de novembro de 2010

Aeroporto de Goiânia 2010

Visão do estacionamento e do acesso ao aeroporto.
O diretor de Engenharia e Meio Ambiente da Infraero, Jaime Parreira, o superintendente da Regional Centro-Oeste, Abibe Ferreira, e o superintendente do Aeroporto Santa Genoveva/Goiânia (GO), Jucélio Oliveira, participaram, em 12 de agosto, de reunião de trabalho na Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg).

Pátio e pistas serão ampliadas vai suportar
2,4 milhões de passageiros por ano
O propósito do encontro foi a discussão da infraestrutura do Aeroporto de Goiânia. Na pauta do encontro estavam o retorno das obras do novo Terminal de Passageiros e a inauguração do Módulo Operacional, que terá função de sala de embarque.

Na reunião, Parreira confirmou o prazo de previsão de reinício das obras em outubro de 2010.

O diretor esclareceu que a obra do terminal será realizada em duas etapas:

  • A primeira, com conclusão prevista para 2012, contemplará além de todo o sistema de pátio e pistas, o Terminal de Passageiros, com capacidade para 2,4 milhões de passageiros por ano, dotado de quatro pontes de embarque e 11 posições para aeronaves comerciais;
  • Já a segunda fase, com conclusão prevista para 2014, ampliará a capacidade de atendimento a passageiros do Terminal para 3,7 milhões/ano. O Terminal passará a contar com oito pontes de embarque e capacidade para atender até 17 aeronaves comerciais simultaneamente. Esta estrutura atenderá à demanda prevista até o ano de 2020.

“A Infraero está empenhada nestes trabalhos. Nós entendemos a importância estratégica e comercial do Aeroporto de Goiânia não só para a capital, mas para todo o Estado”
Jaime Parreira



Andamento das obras

A retomada dos trabalhos será feita após conclusão dos levantamentos quantitativos e qualitativos da obra. Os levantamentos estão atualmente em execução pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), da Universidade de São Paulo (USP). A execução das obras será em parceria com o Departamento de Engenharia e Construção do Exército Brasileiro (DEC) que concluirá o projeto executivo para a infraestrutura do sistema de pistas e pátios, assim como a execução dos trabalhos referentes a estes sistemas. O Exército poderá atuar ainda nos projetos executivos do Terminal de Passageiros.

Será adotada quatro pontes de embarques
Enquanto o novo terminal não é inaugurado, o atual Terminal de Passageiros do Santa Genoveva receberá um Módulo Operacional para embarques com 1.200 m², com todas as condições de conforto e segurança necessárias a um terminal, como isolamento termoacústico, climatização, sistema de som, Sistema Informativo de Voos (SIV) e canais de inspeção.

O Módulo será inaugurado em 20/9, representando um investimento de R$ 3,5 milhões. Haverá também ampliação do atual estacionamento, aumentando sua capacidade em 300 vagas.


Fonte: Infraero

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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A tecnologia do trem-bala e a transferência de tecnologia

Quando as empresas japonesas e europeias pioneiras em trens-balas aceitaram fabricar trens para a China, pensavam que iam obter acesso a um mercado novo e crescente, bilhões de dólares em contratos e o prestígio de criar a rede de trens-balas mais ambiciosa da história.

O que elas não imaginavam é que, apenas alguns anos depois, teriam de concorrer com empresas chinesas que adaptaram sua tecnologia e a voltaram contra elas.

Hoje, empresas chinesas de trens que já foram sócias menores de gigantes como a Kawasaki Heavy Industries Ltd., a Siemens AG, a Alstom SA e a Bombardier Inc. concorrem com elas no crescente mercado mundial de sistemas de trens de alta velocidade. Dos Estados Unidos ao Brasil, passando pela Arábia Saudita e a própria China, as empresas chinesas estão vendendo trens que na maioria dos casos são mais velozes do que os oferecidos por suas concorrentes estrangeiras. Em setembro, numa visita à China, o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, disse que está interessado na ajuda dos chineses para construir uma linha de alta velocidade em seu Estado.

O avanço da indústria chinesa de trens de alta velocidade reflete uma estratégia econômica nacional de incentivar estatais e obter tecnologia avançada mesmo que às custas de sócios estrangeiros. É uma estratégia que desafia potências como os EUA e alimenta uma revolta entre as multinacionais que operam na China.

O TAV chinês, candidato a chegar ao Brasil,
está causando rebuliço no setor
Empresas de setores que vão do automobilístico ao aeroespacial há muito procuram explorar o enorme mercado chinês, entrando em sociedades que resultaram em enormes recompensas. Mas, ao transferir sua tecnologia, algumas empresas também abriram a porta para concorrentes chinesas que estão cada vez mais aptas a competir não apenas dentro da China, mas internacionalmente. A participação de mercado da China na manufatura de maquinário avançado pode chegar a 30% das exportações mundiais na próxima década, em comparação com 8% hoje, disse Min Zhu, assessor especial do Fundo Monetário Internacional e ex-vice-presidente do Banco Popular da China, o banco central, numa recente conferência do Wall Street Journal.

A China reconhece que os trens que suas próprias empresas estão vendendo agora foram desenvolvidos usando tecnologia estrangeira. Mas as autoridades dizem que empresas chinesas como a China South Locomotive & Rolling Stock Industry (Group) Corp., ou CSR, adicionaram suas próprias inovações para fazer o produto final chinês.

"A indústria ferroviária chinesa produziu a nova geração de trens de alta velocidade aprendendo e sistematicamente compilando e renovando a tecnologia estrangeira de trens de alta velocidade", afirmou o Ministério das Ferrovias numa resposta via fax a perguntas do WSJ. Alguns executivos estrangeiros dizem que tal "renovação" é uma violação dos acordos que fecharam com a China.
[China]

O futuro da indústria ferroviária chinesa está sendo montado em meio a uma chuva de fagulhas de solda num enorme complexo industrial da CSR em Qingdao, uma cidade portuária que já foi um posto colonial alemão e posteriormente foi ocupada pelo Japão na Segunda Guerra Mundial. Chamado de CRH380A, o mais novo trem apresenta assentos de primeira classe que se reclinam até a posição horizontal e pode atingir 380 km por hora. Quando entrar em operação em 2012, ligando Pequim a Xangai, o trem vai reduzir o tempo de viagem entre as duas cidades mais importantes da China de dez para quatro horas e fará parte de um sistema nacional que deve somar 15.600 quilômetros até 2020.

A CSR recebeu tecnologia japonesa de alta velocidade a partir de 2004 como parte de um acordo com a Kawasaki. Engenheiros e executivos da CSR dizem que adaptaram e melhoraram essa tecnologia para fazer trens que são mais velozes e melhores. Os trens mais velozes em operação no Japão e na Europa correm cerca de 320 km/h.

Sorrindo orgulhosamente em frente de seções semiprontas dos trens CRH380A, Liang Jianying, uma engenheira graduada da CSR, explica como a empresa reduziu a fricção entre a roda e o trilho e deixou o trem mais aerodinâmico. "Melhoramos, otimizamos e inovamos nós mesmos (...) e chegamos a um desenho novíssimo", diz ela.

"Veja, este não se parece em nada com o trem-bala da Kawasaki", acrescenta Wu Qunliang, porta-voz da fábrica da CSR, que emprega cerca de 2.000 engenheiros. "Inovação original de verdade é rara", diz Wang Xinhong, outro engenheiro sênior. "Conseguimos nossos resultados em tecnologia de trem de alta velocidade subindo nos ombros dos pioneiros do passado."

As empresas estrangeiras geralmente relutam em criticar o poderoso Ministério das Ferrovias publicamente. Bernd Eitel, um porta-voz da Siemens, diz que a empresa alemã tem "uma relação de confiança" com suas sócias chinesas e espera que isso continue. O presidente da canadense Bombardier na China, Zhang Jiawei, disse num comunicado: "Temos contratos e acordos que ambos os lados respeitam". Uma porta-voz da francesa Alstom não quis comentar, citando a "natureza delicada" do assunto.

Reservadamente, alguns executivos são mais diretos. "Dizer que a maioria dos trens-balas desenvolvidos recentemente são da própria China pode ser bom para o orgulho nacional (...) mas não passa de propaganda enganosa", diz um executivo de alto escalão da Kawasaki. "De que maneira é possível enfrentar rivais quando elas usam a sua tecnologia e a base de custos dela é tão menor?", acrescenta o executivo.

Outros países também usaram e adaptaram tecnologia estrangeira. O Japão do pós-guerra promoveu sua transformação industrial em parte pela engenharia-reversa de tecnologias estrangeiras, até que desenvolveu um parque de empresas de tecnologia, siderúrgicas, estaleiros e montadoras de automóveis, entre as quais a Honda e a Toyota. A Coreia do Sul seguiu uma trilha semelhante.

O que é diferente no caso da China é o enorme mercado interno, que faz com que as empresas estrangeiras fiquem dispostas a entregar know-how tecnológico para conseguir uma fatia do bolo. Como a China favorece cada vez mais as fornecedoras nacionais, ela pode elevar a barreira e exigir que as empresas que querem fazer negócios por lá transfiram tecnologias cada vez mais avançadas. "Toda empresa que leva novas tecnologias, inovação ou ideias para a China precisa lidar com o 'shanzhai', ao que se pode prontamente referir como uma 'cultura bandida'", diz Andrew Forbes Winkler, um analista da Commodore Research & Consultancy em Nova York. "De celular a automóvel, as empresas chinesas têm orgulho de ter usado a propriedade intelectual alheia e inovado ou pirateado produtos."

As ambições da China em trens de alta velocidade já são mundiais. O Ministério das Ferrovias informou que empresas chinesas estão disputando contratos no Brasil e que Rússia, Arábia Saudita e Polônia também manifestaram interesse. A China Railway Group Ltd., uma empresa de engenharia civil, participa de um projeto de trem-bala na Venezuela. A China Railway Construction Corp. está ajudando a construir uma linha ferroviária de alta velocidade ligando Ancara a Istambul, na Turquia. O governo americano, que alocou US$ 8 bilhões para construir uma rede de trens de alta velocidade, informou que está aberto a propostas de empresas chinesas para tais contratos.

Fonte: The Wall Street Journal

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A Cubatão Russa

Trata de Cherepovets, a maior cidade da província de Vologda, que fica a cerca de 8 horas de trem de Moscou.
Visão da fumaça expelida pela
siderúrgica Severstal
foto: Elena Chinarina

O principal motor da economia local é a siderúrgica Severstal, responsável pelas impressionantes colunas de fumaça em destaque nas imagens.
foto: Elena Chinarina
A poluição que emite causa altos índices de câncer no nariz e garganta, problemas neurológicos, cardiovasculares, de tiróide; além de irritação crônica nos olhos e dores de cabeça, que afetam seus mais de 300 mil habitantes.

Fonte: o eco cidades


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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A crise de 2009, a mais grave desde 1929, ainda persiste

A Irlanda faliu. Quem será o próximo?


Luiz Carlos Azenha
blog viomundo


Depois da Grécia, a Irlanda. Tudo indica que Dilma Rousseff assumirá o poder em meio ao aprofundamento da crise econômica na Europa e à guerra cambial entre Estados Unidos e China, que pode vir a enfraquecer as exportações do motor da economia europeia, a Alemanha.

Resumos importantes (clique nos links para ler íntegra em inglês):


By Michael Savage in Dublin and Donald Mahoney in Manorhamilton

Wednesday, 17 November 2010

Elas estão vazias por toda a Irlanda: 300 mil casas desocupadas, uma reprimenda silenciosa naqueles que as construiram achando que o boom econômico do país nunca acabaria. Enquanto ministros das finanças europeus trabalhavam em vão para chegar a um acordo sobre como aliviar a miséria econômica da Irlanda na noite de ontem, os assim-chamados imóveis fantasmas eram uma triste lembrança de que a “crise da sobrevivência” sobre a qual os políticos alertavam está em andamento e já atingiu as pessoas comuns.

[...]

Como muitos outros, o sr. O’Hara [um empresário falido do ramo da construção] dirige sua raiva para os bancos, que já foram salvos e parecem destinados a forçar o governo a conseguir mais ajuda dos parceiros europeus da Irlanda. “Todos são responsáveis pelas suas próprias ações, mas o peso está sendo jogado nas pessoas que estão no fim da fila. Na Irlanda neste momento é melhor dever 50 milhões que 50 mil. As pessoas que mais pecaram são as que estão sofrendo menos… [...] Eu perdi a crença e a confiança em nosso sistema”.

*****


O presidente da União Europeia alertou que a EU poderá desabar a não ser que a crise da dívida enfrentada pela região seja resolvida.

[...]

Com a Irlanda e Portugal ambos à beira de pedir resgate, [Herman] Van Rompuy alertou que há sério risco do contágio se espalhar pelo continente.

“Estamos em uma crise pela sobrevivência”, Van Rompuy disse em um discurso em Bruxelas. “Todos temos de trabalhar juntos para que a zona do euro sobreviva, porque se não sobreviver a União Europeia não sobreviverá”.

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The Real Euro Danger (do Wall Street Journal)

Os ministros das finanças da Europa estão reunidos em Bruxelas tentando convencer a Irlanda a aceitar o resgate de um fundo de estabilização criado depois da crise na Grécia na primavera passada. O discurso convencional, repetido em todo lugar na Europa esta semana, é de que é necessário “estabilizar os mercados” e evitar “contágio”.

Mas o principal problema da zona do euro não é “contágio”. É solvência. Salvar a Irlanda não torna mais provável que Portugal ou a Espanha ou mesmo a França sejam mais capazes de pagar suas dívidas no futuro.

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David McWilliams: ECB bailout is the only card we have left to play (do Independent irlandês, recomendo para quem quiser se aprofundar)

By David McWilliams

Wednesday November 17 2010

[...]

Só ajuda maciça do Banco Central Europeu vai acabar de vez com a perspectiva de uma corrida aos bancos na Irlanda. Somente uma grande transferência de dinheiro do banco central — o equivalente econômico de uma transfusão de sangue — pode estabilizar o paciente.

É altamente frustrante ver o governo fazendo política com algo tão fundamental quanto a poupança das pessoas.

[...]

Por que o Banco Central Europeu nos salvaria? Certamente, se fosse racional deveria se afastar da confusão financeira na Irlanda? Mas não pode. O Banco Central Europeu é parte do problema. Presidiu sobre os gigantescos empréstimos de bancos alemães e franceses a bancos irlandeses, portugueses, espanhóis e gregos.

[...]

Se olharmos mais profundamente [nos números] veremos que o Banco Central Europeu emprestou um total de 516 bilhões de euros a bancos comerciais de toda a zona do euro. O banco central da Irlanda emprestou 165 bilhões a bancos baseados aqui. (Nosso PIB para 2010 é estimado em 155 bilhões de euros). Assim, de todo o dinheiro emprestado a bancos na zona do euro, 31% foi para bancos baseados na Irlanda.

O que isso nos diz?

Que o sistema bancário da Irlanda está quebrado. Mas, mais importante, que a quantidade de dinheiro que está passando pelos livros de nosso banco central é completamente insustentável para um país de nosso tamanho.

PS do Viomundo: A relutância dos irlandeses em aceitar a ajuda deriva do fato de que haverá “condicionalidades”. Tudo indica que o país será amigavelmente forçado a aumentar os impostos sobre as corporações, que é o mais baixo da Europa, reduzindo assim a entrada de capital estrangeiro na Irlanda e aprofundando a recessão.



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domingo, 14 de novembro de 2010

Desigualdade social no Brasil

10/8/2010 19:05,
Por Frei Betto,
do Rio de Janeiro 

Relatório da ONU (Pnud), divulgado em julho, aponta o Brasil como o terceiro pior índice de desigualdade no mundo. Quanto à distância entre pobres e ricos, nosso país empata com o Equador e só fica atrás de Bolívia, Haiti, Madagáscar, Camarões, Tailândia e África do Sul.



"O Brasil é um país rico, mas não é justo"


Aqui temos uma das piores distribuições de renda do planeta. Entre os 15 países com maior diferença entre ricos e pobres, 10 se encontram na América Latina e Caribe. Mulheres (que recebem salários menores que os homens), negros e indígenas são os mais afetados pela desigualdade social. No Brasil, apenas 5,1% dos brancos sobrevivem com o equivalente a 30 dólares por mês (cerca de R$ 54) O percentual sobe para 10,6% em relação a índios e negros.

Na América Latina, há menos desigualdade na Costa Rica, Argentina, Venezuela e Uruguai. A ONU aponta como principais causas da disparidade social a falta de acesso à educação, a política fiscal injusta, os baixos salários e a dificuldade de dispor de serviços básicos, como saúde, saneamento e transporte.

É verdade que nos últimos dez anos o governo brasileiro investiu na redução da miséria. Nem por isso se conseguiu evitar que a desigualdade se propague entre as futuras gerações. Segundo a ONU, 58% da população brasileira mantém o mesmo perfil social de pobreza entre duas gerações. No Canadá e países escandinavos este índice é de 19%.

O que permite a redução da desigualdade é, em especial, o acesso à educação de qualidade. No Brasil, em cada grupo de 100 habitantes, apenas 9 possuem diploma universitário. Basta dizer que, a cada ano, 130 mil jovens, em todo o Brasil, ingressam nos cursos de engenharia. Sobram 50 mil vagas… E apenas 30 mil chegam a se formar. Os demais desistem por falta de capacidade para prosseguir os estudos, de recursos para pagar a mensalidade ou necessidade de abandonar o curso para garantir um lugar no mercado de trabalho.

Nas eleições deste ano votarão 135 milhões de brasileiros. Dos quais, 53% não terminaram o ensino fundamental. Que futuro terá este país se a sangria da desescolaridade não for estancada?

Há, sim, melhoras em nosso país. Entre 2001 e 2008, a renda dos 10% mais pobres cresceu seis vezes mais rapidamente que a dos 10% mais ricos. A dos ricos cresceu 11,2%; a dos pobres, 72%. No entanto, há 25 anos, de acordo com dados do IPEA, este índice não muda: metade da renda total do Brasil está em mãos dos 10% mais ricos do país. E os 50% mais pobres dividem entre si apenas 10% da riqueza nacional.

Para operar uma drástica redução na desigualdade imperante em nosso país é urgente promover a reforma agrária e multiplicar os mecanismos de transferência de renda, como a Previdência Social. Hoje, 81,2 milhões de brasileiros são beneficiados pelo sistema previdenciário, que promove de fato distribuição de renda.

Mais da metade da população do Brasil detém menos de 3% das propriedades rurais. E apenas 46 mil proprietários são donos de metade das terras. Nossa estrutura fundiária é a mesma desde o Brasil império! E quem dá emprego no campo não é o latifúndio nem o agronegócio, é a agricultura familiar, que ocupa apenas 24% das terras mas emprega 75% dos trabalhadores rurais.

Hoje, os programas de transferência de renda do governo – incluindo assistência social, Bolsa Família e aposentadorias – representam 20% do total da renda das famílias brasileiras. Em 2008, 18,7 milhões de pessoas viviam com menos de π do salário mínimo. Se não fossem as políticas de transferência, seriam 40,5 milhões. Isso significa que, nesses últimos anos, o governo Lula tirou da miséria 21,8 milhões de pessoas. Em 1978, apenas 8,3% das famílias brasileiras recebiam transferência de renda. Em 2008 eram 58,3%.

É uma falácia dizer que, ao promover transferência de renda, o governo está “sustentando vagabundos”. O governo sustenta vagabundos quando não pune os corruptos, o nepotismo, as licitações fajutas, a malversação de dinheiro público. Transferir renda aos mais pobres é dever, em especial num país em que o governo irriga o mercado financeiro engordando a fortuna dos especuladores que nada produzem. A questão reside em ensinar a pescar, em vez de dar o peixe. Entenda-se: encontrar a porta de saída do Bolsa Família.

Todas as pesquisas comprovam que os mais pobres, ao obterem um pouco mais de renda, investem em qualidade de vida, como saúde, educação e moradia.

O Brasil é rico, mas não é justo.

Frei Betto é escritor e assessor de movimentos sociais e autor de Cartas da Prisão (Agir), entre outros livros. www.freibetto.org -Twitter:@freibetto


Fonte: Correio do brasil

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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O uso de Software livre pelo Governo deverá economizar ao país cerca de R$500 milhões


FOZ DO IGUAÇU – A utilização do software  livre (programa de computador que pode ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído sem nenhuma restrição) por empresas do governo federal  deve gerar até o fim deste ano uma economia aos cofres públicos de R$ 500 milhões.

“São recursos que deixaram de ser gastos em compra de licenças de softwares proprietários desde a adoção do programa em 2003”, disse à Agência Brasil  Djalma Valois, assessor da diretoria do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) da Casa Civil da Presidência da República.

Ele adiantou que em janeiro do próximo ano o governo vai realizar um novo levantamento para atualizar o total economizado, mas acredita que será muito próximo ao valor projetado.

Durante a sétima edição da Conferência Latino-Americana de Software Livre – Latinoware 2010 – que reúne em Foz do Iguaçu até amanhã (12) cerca de 2,3 mil participantes -, será apresentada uma das iniciativas do governo no setor, os cursos realizados pelo Centro de Difusão de Tecnologia e Conhecimento (CDTC), do ITI, que oferecem quase 400 mil vagas para empresas.

“Atualmente estão matriculados 77.247 alunos de 8.475 empresas, de 2.340 municípios brasileiros”, informou Valois. Segundo o assessor, na conferência será mostrado o processo de formação do CDTC e os atuais acordos com países da América Latina, que têm como objetivo repassar a experiência do Brasil para os demais países do Mercosul.

Fonte: R7 Notícias

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Como vai ficar o SBT? Governo Federal socorre o Banco de Silvio Santos

Engraçado, passou os oito anos do Governo Lula tentando o golpe não só contra o governo, mas também, contra o Estado dizendo que este não deveria intervir na economia... agora não faz nenhuma objeção em receber 2 Bilhões do Estado Brasileiro via o governo Lula...

Banco de Silvio pede socorro. Como fica o SBT ?
 
Conversa Afiada - PHA
 
Saiu no Estadão Online:

Silvio Santos levanta empréstimo de 2,5 bilhões de reais do Banco Central para salvar o seu Banco Panamericano.

É uma operação de emergência para cobrir o buraco de empréstimos fictícios.

Ou seja, o Banco do Silvio fraudava o balanço.

O empréstimo de emergência de um fundo especial do Banco Central é de 2,5 bilhões de reais, uma quantia que provavelmente ultrapassa, de longe, a capacidade de endividamento de uma empresa como o SBT, em terceiro lugar no mercado de televisão e dirigida por um empresário de 80 anos.

Quem vai comprar o Banco ?

A Caixa pagou recentemente 700 milhões de reais para ter 49% do Panamericano.

Ela se interessaria em assumir o controle total ?

Ou será que o grupo português do Banco Espírito Santo, aqui no Brasil representado pela empresa Ongoing, se interessaria pelo negócio ?

A Ongoing já comprou no Rio o jornal O Dia e abriu o concorrente do Valor, o Brasil Econômico.

Para desespero da Globo.

E o SBT ?

Interessa também à Ongoing ?

Ontem, este ordinário blogueiro ouviu que Eike Batista está interessado no SBT.

E no Panamericano, Eike também estaria interessado ?

A indústria da televisão começa a se mexer.


Paulo Henrique Amorim

Fonte: Conversa Afiada - Paulo Henrique Amorim


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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Desigualdade nos Estados Unidos - Nossa república das bananas, diz New York Times

Aos que ainda defendem o neoliberalismo este texto do jornal The New York Times esclarece para vocês alguns dos efeitos maléficos.



Nossa república das bananas


via blog Vi o mundo de Luiz Carlos azenha

November 6, 2010

Em minhas reportagens, eu viajo regularmente às repúblicas das bananas notórias por sua desigualdade. Em algumas destas plutocracias, o 1% mais rico da população abocanha até 20% da torta nacional.

Mas, dá para acreditar? Você não precisa viajar a países distantes e perigosos para observar tal desigualdade. Nós temos isso bem aqui em casa — e depois das eleições de quinta-feira, pode piorar. [é que lá a direita conservadora americana, ou melhor, os Republicanos, fizeram a maioria no Congresso]

O 1% mais rico dos norte-americanos agora acumula quase 24% da renda nacional, comparado com 9% em 1976. Como Timothy Noah da [revista eletrônica] Slate notou em sua excelente série sobre desigualdade, os Estados Unidos agora tem uma distribuição de riqueza mais desigual que as tradicionais repúblicas das bananas da Nicarágua, Venezuela e Guiana.

Os dirigentes das maiores companhias dos Estados Unidos ganhavam em média 42 vezes o salário médio dos trabalhadores em 1980, mas isso passou a 531 vezes em 2001. Talvez a estatística mais chocante seja esta: de 1980 a 2005, mais de quatro quintos do aumento total de renda dos Estados Unidos foram para o 1% mais rico.

Este é o cenário para uma das grandes brigas pós-eleitorais de Washington — até quando estender os cortes de impostos de Bush para os 2% mais ricos dos Estados Unidos. Os dois partidos concordam em estender os cortes de impostos para quem ganha até 250 mil dólares [por ano]. Os republicanos também querem estender os cortes de impostos para quem ganha acima disso.

O 0,1% dos contribuintes mais ricos receberia um corte de impostos de 61 mil dólares do presidente Obama. Mas receberia 370 mil dólares [de corte de impostos] dos republicanos, de acordo com o grupo não partidário Tax Policy Center. E isso resultaria num modesto estímulo econômico, já que os ricos em geral não gastam o que deixam de pagar em impostos.

Num período de desemprego de 9,6%, não faria mais sentido financiar um programa de emprego? Por exemplo, o dinheiro poderia ser usado para evitar a demissão de professores e o enfraquecimento das escolas norte-americanas.

Além disso, uma prioridade óbvia do pior desaquecimento da economia em 70 anos seria estender o seguro-desemprego, parte do qual será cortado em breve a não ser que o Congresso aja para renová-lo. Ou há também o programa de assistência para o ajuste do comércio, que ajuda a treinar e apoiar trabalhadores que perderam seus empregos por causa do comércio exterior. Não será mais aplicado aos trabalhadores do setor de serviços depois de primeiro de janeiro [de 2011], a não ser que o Congresso intervenha.

[aproveite e leia, clicando aqui, o que saiu no The Wall Street Journal sobre o similar do Bolsa Família nos EUA em que mais de 40 milhões de americanos dependem do programa para comer]

Assim temos uma escolha. São nossa prioridade econômica os desempregados ou os zilionários?

E se os republicanos estão preocupados com o déficit do orçamento de longo prazo, uma preocupação justa, por que insistem em dois passos que economistas não partidários dizem que piorariam os déficits em mais de 800 bilhões de dólares na próxima década — cortar impostos para os mais ricos e derrubar a reforma do sistema de saúde? Que outros programas os republicanos cortariam para garantir os 800 bilhões em receita perdida?

Ao considerar estas questões, é preciso relembrar o cenário em que se deu o crescimento da desigualdade nos Estados Unidos.

No passado, muitos de nós aceitávamos os níveis de desigualdade porque acreditávamos existir uma troca entre igualdade e crescimento econômico. Mas há provas de que os níveis de desigualdade que agora atingimos na verdade suprimem o crescimento. Uma gota de desigualdade pode lubrificar o crescimento econômico [nota do Viomundo: teoria de Ronald Reagan, a Reagonomics, segundo a qual quando sobra mais dinheiro para os mais ricos eles investem na economia e criam empregos][Ops!, mas isso é a visão neoliberal, aliás, para quem ainda não sabe, isso começou com Reagan e a dama de ferro Margaret Thatcher], mas muita desigualdade pode emperrar a economia.

Robert H. Frank, da Universidade de Cornell, Adam Seth Levine da Universidade Vanderbilt e Oege Dijk, do Instituto da Universidade Europeia, recentemente escreveram um trabalho fascinante sugerindo que a desigualdade causa problemas econômicos. Eles olharam para os dados do censo para 50 estados e os 100 condados mais populosos dos Estados Unidos e encontraram relação entre os lugares onde a desigualdade mais cresceu e o crescimento do número de falencias.

Aqui está a explicação:
quando a desigualdade cresce, os mais ricos pegam o dinheiro e compram mansões ainda maiores e automóveis ainda mais luxuosos. Os que se encontram abaixo tentam fazer o mesmo e acabam gastando a poupança e assumindo dívidas, tornando uma crise financeira ainda mais provável.

Outra consequência descoberta pelos estudiosos: a desigualdade crescente aumenta o número de divórcios, presumivelmente como resultado de dificuldades financeiras. Talvez eu seja muito sentimental ou romântico, mas isso me impressiona. É um lembrete de que a desigualdade não é apenas uma questão econômica, mas também de dignidade e felicidade.

Há provas crescentes de que perder um automóvel ou uma casa mexe com a sua identidade e acaba com a sua autoestima. Mudanças forçadas [de endereço] arrancam famílias de suas escolas e de suas redes de apoio.

Em resumo, desigualdade deixa as pessoas que estão mais baixo na escala social se sentindo feito ratinhos na roda que gira cada vez mais rápido, sem esperança ou escape. [hummm!, parece que eles agora estão começando a sentir o gosto de ter do complexo de vira-latas que nós tão bem conhecemos]

Polarização econômica também rompe nosso sentido de união nacional e de objetivos comuns, gerando também polarização política.

E assim, no cenário pós-eleitoral, não devemos agravar nossa separação por renda, que deixaria um caudilho latino-americano orgulhoso. Para mim, já chegamos ao ponto das repúblicas das bananas onde a desigualdade se tornou economicamente pouco saudável e moralmente repugnante.

PS do Viomundo: Este site não gosta de julgamentos morais. Nota que os Estados Unidos combateram ferozmente os governos que tentaram reduzir a desigualdade, tanto na Nicarágua quanto na Venezuela [acrescento aqui Bolívia e até o Brasil]. E, ao contrário do articulista, nota que a desigualdade nos Estados Unidos se acelerou porque os ricos passaram a exportar os empregos e, para pagar menos imposto, a sediar suas corporações em paraísos fiscais, enquanto os mais pobres foram fritar hambúrguer no setor de “serviços”.


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Assista o Filme "Capitalismo, uma história de amor e ódio" de Michel Moore, trata justamente do capitalismo atual, ou melhor, do modelo neoliberal e das práticas deploráveis que o acompanha. Assista abaixo uma espécie de trailer do filme:

http://www.youtube.com/watch?v=jHIvGqtFY3k%20



Fontes:

Leia também:


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Governo usa poder de compra da empresa para estimular o desenvolvimento de tecnologia Nacional

Nova regra de licitações será usada na compra de equipamentos eletrônicos para a rede de banda larga estatal
 
ELVIRA LOBATO – FOLHA SP
DO RIO

As licitações de compra de equipamentos eletrônicos para a implantação da rede nacional de banda larga estatal, a cargo da Telebrás, favorecem fabricantes nacionais -o que tem irritado as empresas estrangeiras.

O pregão de preços para compra de equipamentos ópticos de transmissão de dados exigiu que o produto tivesse tecnologia desenvolvida no Brasil ou nos países vizinhos do Mercosul. Grandes fabricantes norte-americanos, europeus e chineses foram excluídos.
 
Entre os fabricantes nacionais, só um concorrente cumpriu o requisito: a Padtec, de Campinas.
 
A empresa pertence à Fundação CPqD (um ex-departamento da Telebrás) e à Ideiasnet, que tem entre seus acionistas o empresário Eike Batista.
 
Mesmo com a restrição do edital, as estrangeiras ZTE, Huawei e Ericsson fizeram propostas, apostando que a brasileira poderia cometer um erro e ser desclassificada.
 
A Padtec apresentou o preço mais alto: R$ 68,9 milhões, contra R$ 63,1 milhões da ZTE, R$ 63,6 milhões da Huawei e R$ 65 milhões da Ericsson.
Conhecidas as ofertas dos estrangeiros, a Padtec aceitou cobrir a proposta da ZTE e deve assinar o contrato.
 
A Telebrás repetirá o procedimento nas licitações para sistemas de transmissão via rádio e roteadores periféricos. Só os roteadores de grande porte, que não têm produção no Brasil nem nos países vizinhos, devem ser importados.
 
A estatal prevê investir, em cinco anos, R$ 5,7 bilhões na compra de equipamentos para a banda larga pública, sendo R$ 3,2 bilhões nos próximos três anos. Pelos cálculos das indústrias, as compras da Telebrás representarão 10% do total de encomendas do setor no próximo ano.

 
MEDIDA PROVISÓRIA
 
Para dar respaldo jurídico à nova política da Telebrás, o decreto que criou o Plano Nacional de Banda Larga, de maio, definiu os investimentos na construção da rede pública como estratégicos.
 
O cerco aos importados se fechou com a Medida Provisória 495, editada em julho.
 
Ela autoriza a realização de licitações públicas restritivas para compra de bens e serviços estratégicos. E permite que o produto nacional seja escolhido mesmo com preço até 25% maior.
 
A medida provisória ainda não foi votada pelo Congresso, onde já recebeu mais de 30 emendas.
 
A Telebrás já foi usada como instrumento de política industrial quando a telefonia era monopólio do Estado, mas grande parte dos fornecedores nacionais desapareceu quando o sistema foi privatizado, em 1998.
 
A diferença entre os dois modelos é que o anterior exigia que as empresas tivessem controle de capital nacional para usarem o benefício.
 
O atual dá benefício a toda empresa registrada no país, independentemente da origem do capital, desde que a tecnologia tenha sido desenvolvida e fabricada no país.

 
Estrangeiras criticam política de compras

DO RIO

Um dos efeitos esperados pela nova política é que as multinacionais passem a produzir equipamentos de telecomunicações no Brasil.

No momento, como as empresas nacionais não têm tamanho para atender às encomendas, elas se uniram em um consórcio.
 
Estão juntas Asga, Gigacom, Datacom, Trópico, Padtec, Parks, Digitel, Icatel e Fundação CPqD.
 
“Em vez de nos digladiarmos, agiremos em conjunto”, diz o presidente da Asga, José Ripper Filho.
 
Para a multinacional francesa Alcatel-Lucent, a exigência de que 100% da fabricação seja feita no Brasil restringirá o acesso a produtos mais avançados. Além disso, diz, parte dos equipamentos solicitados pela Telebrás já está obsoleta.
 
O presidente do Conselho da Nokia Siemens na América Latina, Aluizio Byrro, defende a participação dos importados, sem vantagens fiscais, e uma escala de benefícios para a produção local.
 
Segundo Byrro, a Nokia Siemens tem 9.000 funcionários no Brasil e estuda produzir no país por conta da nova política. Mas ele adverte que tecnologias são desenvolvidas globalmente e que nenhum país tem 100% do DNA de um produto.


TELES PRIVADAS

 
Para o presidente da Fundação CPqD, Hélio Graciosa, as multinacionais fazem um “alvoroço sem sentido”.
 
Isso porque, diz Graciosa, elas ainda podem vender para as teles privadas, que encomendam por ano no Brasil R$ 15 bilhões em equipamentos e serviços. (EL)


Telebrás diz querer evitar “espionagem”

DO RIO

Para o presidente da Telebrás, Rogério Santanna, o uso de tecnologia desenvolvida no país impedirá que a rede “tenha portas” que exportem informação estratégica para outros países.
 
Segundo o executivo, a estatal não pode correr o risco de ficar à mercê de “um serviço de espionagem”. 
Quem vencer uma licitação da Telebrás com equipamento importado terá de “abrir o código” do produto. Caso contrário, será desclassificado.
Segundo Santanna, embora a Medida Provisória 495 admita a compra de produto nacional com preço até 25% superior ao de importados, a Telebrás usa o limite de 10%.
 
“O fornecedor será chamado a equiparar sua oferta à de menor preço”, diz.

Mas, Santanna admite que, “eventualmente”, a Telebrás poderá pagar mais caro pelo produto nacional. (EL)
 
 
 
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