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sábado, 5 de março de 2011

Neoliberais - O próximo ataque é contra os funcionários públicos

The Economist diz que “próxima batalha” é contra funcionários públicos e seus sindicatos

Mar 5th, 2011 by 
Marco Aurélio Weissheimer

Foto: acessada,5mar2011,RSUrgente
Bernard Cassen
Le Monde Diplomatique
A revista The Economist é o lugar onde são expostas com maior radicalismo – e também com talento – as teses ultraneoliberais. É conhecida a grande influência que este semanário britânico exerce sobre as autoridades políticas, influência esta que vai muito além do mundo anglosaxão. O que The Economist preconiza transmite-se frequentemente para as políticas dos governos, em primeiro lugar na Europa.

Por isso, é preciso levar muito a sério a capa da edição de 8 de janeiro passado e o conteúdo do informe especial: “A próxima batalha. Rumo ao confronto com os sindicatos do setor público”.

A tese da revista é de uma simplicidade evangélica e pode ser resumida em três pontos:
  1. todos os Estados europeus enfrentam déficits públicos abismais;
  2. para reduzir o gasto público, é preciso reduzir os efetivos, os salários e os sistemas de pensões dos funcionários;
  3. os governos ganharão com maior facilidade a opinião pública incentivando a denúncia dos “privilégios” (em especial a estabilidade no trabalho) dos “acomodados” do setor público, que supostamente vivem a custa do conjunto dos contribuintes.
Em nenhum momento o informe recorda que os déficits públicos são em grande parte consequência das ajudas colossais aos bancos e outros responsáveis pela crise atual. Tampouco que estes déficits aumentaram devido aos presentes sob a forma de isenções fiscais outorgadas aos ricos. Nem sequer se deixa claro que, em troca de seu salário, os funcionários prestam serviços indispensáveis para o bom funcionamento da sociedade. Em particular os professores, atacados muito especialmente neste informe.
O jornalista que escreveu um dos artigos deve estar muito desinformado sobre as reais condições de trabalho dos professores para ter coragem de escrever que “65 anos deveria ser a idade mínima para que essa gente que passa a vida em uma sala de aula se aposente”.

The Economist festeja que vários governos europeus – dois deles dirigidos por “socialistas”, Grécia e Espanha – tenham rebaixado os salários de seus funcionários e que, em toda a União Europeia haja “reformas” – seria mais justo falar de contrarreformas dos sistemas de pensões já realizadas ou em vias de realização.

Por ideologia, os liberais são hostis aos funcionários e demais assalariados do setor público. Em primeiro lugar porque privam o setor privado de novos espaços de lucro. Em segundo porque, protegidos por seu estatuto, podem ser socialmente mais combativos que seus companheiros do setor privado, até o ponto de que, às vezes, fazem greves “por delegação” e representam os trabalhadores do setor privado que não podem fazê-las. Esta solidariedade é a que os governos querem destruir a todo custo para reduzir a capacidade de resistência das populações contra os planos de ajuste e de austeridade implementados em toda a Europa. Os déficits públicos constituem assim um pretexto inesperado para modificar as relações sociais conflitivas em detrimento do mundo do trabalho.

Defender os serviços públicos é defender o único patrimônio do qual dispõem as categorias mais pobres da população. A aposta na caça aos funcionários públicos e a seus sindicatos proposta por The Economist não é apenas financeira. É política ou ideológica.

Fonte: RSUrgente - Marcos Weissheimer

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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A crise de 2009, a mais grave desde 1929, ainda persiste

A Irlanda faliu. Quem será o próximo?


Luiz Carlos Azenha
blog viomundo


Depois da Grécia, a Irlanda. Tudo indica que Dilma Rousseff assumirá o poder em meio ao aprofundamento da crise econômica na Europa e à guerra cambial entre Estados Unidos e China, que pode vir a enfraquecer as exportações do motor da economia europeia, a Alemanha.

Resumos importantes (clique nos links para ler íntegra em inglês):


By Michael Savage in Dublin and Donald Mahoney in Manorhamilton

Wednesday, 17 November 2010

Elas estão vazias por toda a Irlanda: 300 mil casas desocupadas, uma reprimenda silenciosa naqueles que as construiram achando que o boom econômico do país nunca acabaria. Enquanto ministros das finanças europeus trabalhavam em vão para chegar a um acordo sobre como aliviar a miséria econômica da Irlanda na noite de ontem, os assim-chamados imóveis fantasmas eram uma triste lembrança de que a “crise da sobrevivência” sobre a qual os políticos alertavam está em andamento e já atingiu as pessoas comuns.

[...]

Como muitos outros, o sr. O’Hara [um empresário falido do ramo da construção] dirige sua raiva para os bancos, que já foram salvos e parecem destinados a forçar o governo a conseguir mais ajuda dos parceiros europeus da Irlanda. “Todos são responsáveis pelas suas próprias ações, mas o peso está sendo jogado nas pessoas que estão no fim da fila. Na Irlanda neste momento é melhor dever 50 milhões que 50 mil. As pessoas que mais pecaram são as que estão sofrendo menos… [...] Eu perdi a crença e a confiança em nosso sistema”.

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O presidente da União Europeia alertou que a EU poderá desabar a não ser que a crise da dívida enfrentada pela região seja resolvida.

[...]

Com a Irlanda e Portugal ambos à beira de pedir resgate, [Herman] Van Rompuy alertou que há sério risco do contágio se espalhar pelo continente.

“Estamos em uma crise pela sobrevivência”, Van Rompuy disse em um discurso em Bruxelas. “Todos temos de trabalhar juntos para que a zona do euro sobreviva, porque se não sobreviver a União Europeia não sobreviverá”.

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The Real Euro Danger (do Wall Street Journal)

Os ministros das finanças da Europa estão reunidos em Bruxelas tentando convencer a Irlanda a aceitar o resgate de um fundo de estabilização criado depois da crise na Grécia na primavera passada. O discurso convencional, repetido em todo lugar na Europa esta semana, é de que é necessário “estabilizar os mercados” e evitar “contágio”.

Mas o principal problema da zona do euro não é “contágio”. É solvência. Salvar a Irlanda não torna mais provável que Portugal ou a Espanha ou mesmo a França sejam mais capazes de pagar suas dívidas no futuro.

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David McWilliams: ECB bailout is the only card we have left to play (do Independent irlandês, recomendo para quem quiser se aprofundar)

By David McWilliams

Wednesday November 17 2010

[...]

Só ajuda maciça do Banco Central Europeu vai acabar de vez com a perspectiva de uma corrida aos bancos na Irlanda. Somente uma grande transferência de dinheiro do banco central — o equivalente econômico de uma transfusão de sangue — pode estabilizar o paciente.

É altamente frustrante ver o governo fazendo política com algo tão fundamental quanto a poupança das pessoas.

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Por que o Banco Central Europeu nos salvaria? Certamente, se fosse racional deveria se afastar da confusão financeira na Irlanda? Mas não pode. O Banco Central Europeu é parte do problema. Presidiu sobre os gigantescos empréstimos de bancos alemães e franceses a bancos irlandeses, portugueses, espanhóis e gregos.

[...]

Se olharmos mais profundamente [nos números] veremos que o Banco Central Europeu emprestou um total de 516 bilhões de euros a bancos comerciais de toda a zona do euro. O banco central da Irlanda emprestou 165 bilhões a bancos baseados aqui. (Nosso PIB para 2010 é estimado em 155 bilhões de euros). Assim, de todo o dinheiro emprestado a bancos na zona do euro, 31% foi para bancos baseados na Irlanda.

O que isso nos diz?

Que o sistema bancário da Irlanda está quebrado. Mas, mais importante, que a quantidade de dinheiro que está passando pelos livros de nosso banco central é completamente insustentável para um país de nosso tamanho.

PS do Viomundo: A relutância dos irlandeses em aceitar a ajuda deriva do fato de que haverá “condicionalidades”. Tudo indica que o país será amigavelmente forçado a aumentar os impostos sobre as corporações, que é o mais baixo da Europa, reduzindo assim a entrada de capital estrangeiro na Irlanda e aprofundando a recessão.



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