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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Censura no jornalismo hoje é empresarial, portanto, "privada"...

Por Marcos Costa
Da Carta Maior
via Blog Luis Nassif
O direito de ver

Se a censura oficial deixou de existir, a empresarial cresceu de forma assustadora. Hoje quem impede o brasileiro de saber muito do que ocorre no país e no mundo são os grandes grupos de comunicação. Mostram um recorte da realidade produzido segundo seus interesses e escondem o que não lhes convêm.
Laurindo Lalo Leal Filho*


Quem viveu a ditadura militar no Brasil sabe o que é censura. Jornais publicavam poemas e receitas de bolo no lugar dos textos cortados pelos censores. Nas redações temas proibidos estavam nos murais para nenhum jornalista tocar naqueles assuntos. Felizmente isso acabou e o Estado agora é responsável pela garantia da liberdade de expressão.

Mas se a censura oficial deixou de existir, a empresarial cresceu de forma assustadora. Hoje quem impede o brasileiro de saber muito do que ocorre no país e no mundo são os grandes grupos de comunicação. 

Mostram um recorte da realidade produzido segundo seus interesses e escondem o que não lhes convêm. Como são poucos, com orientações editoriais semelhantes, a diversidade de notícias e de interpretações da realidade desaparecem.

Em política e economia a prática é diária. Basta ver o alinhamento do noticiário com os partidos conservadores e a exaltação da eficiência do mercado. Na televisão, a censura vai mais longe e chega até ao esporte.

De disputas esportivas, quase todas as competições foram sendo transformadas em programas de televisão, subordinados aos interesses comerciais das emissoras.

Tornaram-se produtos vendidos por clubes e federações às TVs que, em muitos casos, compram e não transmitem os eventos, só para evitar que os concorrentes o façam.

Há um caso exemplar ocorrido em Pernambuco. Enquanto a Rede Globo transmitia para o Estado jogos de clubes do Rio ou de São Paulo, a TV Universitária local colocava no ar as partidas do campeonato estadual.

Claro que estas despertavam maior interesse, elevando a audiência da emissora. A Globo, sentindo-se incomodada, comprou os direitos de transmissão do campeonato para não transmiti-lo, retirando do torcedor local o direito de ver o seu time jogar.

Quando passamos do regional para o global a disputa fica ainda mais acirrada, como vimos com o recente duelo travado entre Globo e Record em torno dos jogos Panamericanos de Guadalajara.

Salvo em raros momentos, a emissora da família Marinho nunca deixou de ditar a pauta esportiva nacional. Além das transmissões de eventos, seus noticiários foram sempre contaminados por exaustivas coberturas das competições.

Quantas vezes o Jornal Nacional dedicou mais tempo à seleção de futebol ou a uma corrida de carros do que a assuntos de relevante interesse político ou social?

Com a ascensão da Record o quadro mudou. E o Pan do México ficará na história da televisão brasileira como o momento de ruptura do monopólio das transmissões esportivas no país.

Se há o lado positivo da entrada de um novo ator em cena, há a constatação de que o direito de ver segue sendo usurpado do telespectador.

No caso da Globo, seus decantados “princípios editoriais”, segundo os quais “tudo aquilo que for de interesse público, deve ser publicado, analisado, discutido” foram, outra vez, ignorados.

Nos primeiros dias de disputa o Pan não existiu para a Globo e, depois, ficou restrito a míseros segundos no ar. Na concepção da emissora, por serem transmitidos pela concorrente, deixaram de ter “interesse público”.

Por outro lado a Record não fez por menos e de olho na audiência, em muitos momentos, não transmitiu os jogos – e só ela podia fazer isso – para manter no ar sua programação normal.

Frustrou inúmeros telespectadores que num domingo foram em busca do Pan e se viram diante do Gugu.

A aplicação das leis de mercado, sem controle, ao mundo da TV é a causa desse desconforto. Não há como mudar a situação sem a inteferência do Estado, colocando algumas regras para proteger o telespectador.

No caso específico do futebol, o governo argentino resolveu o problema comprando os direitos de transmissão dos jogos do campeonato nacional, passando a transmiti-los em sinal aberto pelo Canal 7, a emissora pública do país. Não é uma boa ideia para começar?

*Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista,
é professor de Jornalismo da ECA-USP.
Twitter: @lalolealfilho.
Fonte: Blog Luis Nassif

domingo, 6 de novembro de 2011

Mobilidade Urbana

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Foto: Blog Luis Nassif
Fonte: Blog Luis Nassif

Os TROLLs na Internet - Como identificar e lidar com essa "praga"

Como parar de se importar com os trolls e seguir a vida

por Whitson Gordon, em Gizmodo Brasil
via Blog viomundo, Luiz Carlos Azenha


Você os vê em todo lugar que vai na internet: usuários anônimos que nunca têm nada a dizer além de comentários grosseiros, mal-educados e fora do assunto, cujo único propósito é te deixar com raiva. A única cura é parar de se importar, mas isso nem sempre é fácil na prática. Vejamos algumas dicas.

A palavra “troll” enquanto verbo da língua inglesa, deriva de uma técnica de pesca que consiste em jogar uma isca na esperança de fisgar um peixe – que é exatamente o que os trolls de internet fazem. Eles usam frases grosseiras e outras técnicas para tentar “fisgar” alguém, o que acontece quando a pessoa fica irritada e responde. O único objetivo deles é te irritar, assim como o seu irmão fazia quando te cutucava sem parar ou repetia tudo o que você dizia. Eles frequentemente se associam a pessoas poderosas, na maioria das vezes são pagos para trollar, para sentirem-se também mais poderosos.

A atividade de trollar na internet começou nos newsgroups da Usenet há muito tempo, mas hoje eles estão por todos os lugares. Fóruns, YouTube, blogs, Twitter, Facebook. O problema é que atualmente todos nós estamos sujeitos aos trolls. Isso significa que ignorá-los se torna cada vez mais difícil, já que você tende a estar mais emocionalmente investido nas coisas que diz, e também que eles têm muito mais mídias por onde atacar. Estas são algumas das coisas que podem te ajudar a criar uma resistência aos trolls e parar de se preocupar com o que os malditinhos estão dizendo na internet.

A regra de ouro: não alimente os trolls

Você provavelmente já ouviu essa frase diversas vezes. Ela é a regra fundamental de participação em qualquer comunidade on-line, e não sem razão. Ignorar é e sempre foi, definitivamente, a melhor estratégia. A maioria dos trolls se alimenta do confronto – afinal, seu objetivo único é chamar atenção –, por isso, quanto menos atenção você der a eles, melhor. Se você estiver em um ambiente que tenha estas funções, dê uma avaliação negativa ao comentário, denuncie e/ou bloqueie, depois siga com a sua vida.

É extremamente tentador, mas resista à vontade de responder. Não responda nem mesmo para desmascará-lo como um troll. Mesmo um comentário simples como “favor, pare” ou “vá embora, troll”, chama mais atenção para os comentários dele, engordando a “conversação”, ou mesmo, no caso dos fóruns, mover o tópico para o topo. Se um troll olha para o seu computador um pouco depois e não vê nenhuma resposta, ele vai procurar chamar atenção em outra freguesias. Demonstrar para ele que você pode ser fisgado, mesmo de leve, é pedir para sofrer mais.

Eles não estão atacando você, mas sim o tédio

Uma das maneiras mais fáceis de identificar um troll é pela sua completa falta de razão. Eles são ofensivos de propósito e sem motivo, a não ser quando estão sendo pagos para tal, apenas para causar uma reação em você, em vez de defenderem um ponto de vista genuíno com argumentos relevantes. Nas suas frases, você perceberá uma atitude forte de “eu estou certo e todo o resto do mundo está errado”. Chris Shiflett, do Swiss Miss, explica melhor do que eu:
“A lição que eu aprendi é estar atento com aqueles que se orgulham de não gostar de algo. Os que pensam que criticar é igual a ter bom gosto. Estas pessoas raramente têm bom gosto, então as opiniões delas não importam.
Então, lembre-se: mesmo que o que você tenha feito não seja a melhor coisa do mundo, quem não conseguir falar isso sem um mínimo de simpatia, quem parecer se orgulhar de criticar você, essas pessoas têm opiniões que não importam. Pode muito bem ser o caso de você ter criado uma obra de arte, e eles serem apenas moleques”.
Ele diz que não é necessária nenhuma sofisticação para ser um crítico escroto, e está completamente certo – se não há nada de valor em uma frase, você não deveria dar a esta frase valor nenhum. Não deixe os “haters” te afetar; eles estão raivosos porque estão entediados e sem o que fazer, não porque você tenha feito algo mal feito.

Eles não valem a energia gasta brigando contra eles

No fim das contas, você realmente precisa gastar a sua energia se preocupando com o que meia dúzia de desocupados estão falando sobre você? Não. O blogueiro Scott Stratten explica o conceito de “moeda emocional” e como ele se relaciona com o trato com os trolls:
“Em resumo, você tem uma quantidade limitada de emoção. Ela deve ser gasta com pessoas que a valorizam, que valorizam você, não com um moleque qualquer que está revoltado por qualquer outro motivo e desconta em estranhos na internet. Há muitas pessoas que valorizam muito mais o investimento do seu tempo”.

Só porque a internet está cheia dessas pestes, não significa que ela não esteja cheia de pessoas incríveis também. O tempo que você passa alimentando trolls com as suas respostas é um tempo que você poderia estar gastando tendo discussões importantes com pessoas melhores, ou mesmo fora da internet. Você quer mesmo gastar a sua energia em algo que não traz absolutamente nada de bom?

Aprenda a rir da situação

Uma atitude positiva pode te fazer suportar quase tudo. Apesar de ser possível aprender a se segurar para não responder aos trolls, é quase impossível ignorá-los completamente — mesmo que você tome atitudes para destrollizar a sua internet. A melhor estratégia para manter a sua sanidade intacta é aprender a ter um senso de humor a respeito disso. Pode ser um pouco insensível te aconselhar a simplesmente ficar mais casca grossa, mas o fato é que funciona. Susannah Breslin, uma colaboradora da Forbes, disse uma vez: “se te baterem com frequência na cabeça, você para de sentir”. É bem verdade. Lembre-se que se você é trollado com uma frequência maior, isso significa que as pessoas estão te percebendo em uma posição de poder maior também. Alguma coisa certo você está fazendo.

Como responder, quando você responder

Eu recomendo que você não responda trolls nunca, em hipótese alguma, mas se você acabar fazendo isso, pode tentar evitar a discussão em si. Se você usar a bondade contra eles, vai confundi-los com maior facilidade. O desenvolvedor de software Shlomi Fish explica como, usando o exemplo de um troll que critica uma linguagem de programação em um fórum:
É bem simples:
1. Pergunte a ele o que ele quer dizer:
2. Concorde com ele (usando linguagem mais suave):

Isso fará o troll perder um pouco do gás e quem sabe até se identificar com você.
Alguns podem discordar deste método – eu pessoalmente acho que é melhor ignorar e pronto –, mas se você já estiver preso em um argumento com um deles, pode tentar essa estratégia de ser legal com ele, tal qual um Ursinho Carinhoso, para escapar.


Aprenda a diferenciar críticas construtivas de trollagens

Por último, é importante mencionar que, como eu disse antes, há alguns casos em que alguém pode ser grosseiro e te criticar fortemente, mas fazer isso não por maldade, apenas por falta de tato. Se você conseguir extrair algo de construtivo, ou argumentos válidos, daquele comentário pode valer a pena responder. Ser desagradável não é exatamente a mesma coisa que ser um troll (apesar de todo troll ser desagradável), então às vezes pode ser o caso de dar um voto de confiança para alguém antes de decidir ignorá-lo completamente. Ele pode estar apenas escolhendo as palavras erradas para te criticar construtivamente.

Isso exige um tanto de prática e condicionamento, mas o objetivo principal é simplesmente parar de se importar tanto com o que os outros pensam, especialmente aqueles que não têm nada de útil para oferecer. Se você tiver mais dicas para lidar com trolls, seja na internet ou na vida real, compartilhe com a gente nos comentários.

Fonte: Blog viomundo

domingo, 28 de agosto de 2011

Os riscos do flúor na água


Enviado-luisnassif,
28/08/2011-07:29
Por raquel 

Água fluoretada - Uma Herança Nazista

Em setembro de 2003, e lá se vão oito anos, uma petição internacional assinada por mais de 300 cientistas, químicos, técnicos e ambientalistas de 37 países, pediu a revisão, esclarecimento e discussão sobre os benefícios e malefícios da adição à água encanada do flúor, íon utilizado como preventivo de cáries. Atendendo à petição, foram apresentados vários estudos comprovando os riscos para a saúde geral do corpo, especialmente dos ossos, devido à ingestão desse potente agente químico que quando ultrapassa apenas 1 ppm já causa problema até nos dentes.

De lá para cá, muitas pesquisas vêm atestando ligações entre ingestão de flúor e doenças da modernidade. Autistas, por exemplo, não devem beber água fluoretada. Embora não haja confirmação de associação direta entre o flúor e a disfunção, sabe-se que ele potencializa os sintomas do autismo.

O problema da adição de uma droga, venenosa ou não, na água de todas as pessoas, é uma questão delicada. Até que ponto as autoridades têm o direito de institucionalizar um tratamento medicamentoso na água para todos os cidadãos de todas as idades? Sabendo-se da ligação entre tal produto e desencadeamento de patologias, como e por quais razões se mantêm a mesma diretriz?

A retirada, diante das evidências, bate na trave econômica e política. Subproduto da indústria do alumínio, o íon, que mata um corpo adulto com apenas cinco gramas, não pode ser simplesmente jogado na natureza.

A confiança inicial de que em doses ínfimas espalhadas pelas águas e alimentos no mundo, só faria bem aos dentes, evitando cáries, fez com que as políticas se consolidassem nesse gigantesco contrato comercial mundial, agora difícil de ser desfeito, especialmente em países em desenvolvimento que têm de um lado a população ignorante que aceita as decisões públicas e privadas sem questionamentos e de outro os concentradores de renda, que defendem o status quo a qualquer preço.

Alguns países, já a partir de 2003, outros antes, retiraram o flúor da água e passaram a adicioná-lo ao sal de cozinha, já que se consome menos sal do que água, o que reduziria o risco de ingestão excessiva do íon, cumulativo no corpo humano. Diante das evidências e para reparar a visão equivocada, baseada em pesquisas que só levavam em conta a prevenção de cáries, muitos países simplesmente não utilizam mais o uso sistêmico do flúor como preventivo de cáries; apostam na educação alimentar, higiene e no uso tópico, diretamente aplicado nos dentes.

No Canadá, Áustria, Finlândia, Bélgica, Noruega, França e Cuba, alguns dos países que pararam de fluoretar suas águas, os índices de cáries continuaram caindo. Estudos sobre a ingestão do flúor, que a partir da década de 1970 também foi adicionado a alimentos, leites em pós e a alguns medicamentos, apontam malefícios graves e cumulativos para a saúde em geral. Os danos começam pela fluorose, que pode ser leve, causando manchas esbranquiçadas nos dentes ou grave, quando a dentição permanente fica com manchas marrons ou chega a ser perdida, esfacelando os dentes. Para que isso ocorra basta que crianças de zero a seis anos sejam expostas à ingestão diária do íon. O resultado visível só aparece nos dentes permanentes, já a ingestão de flúor na gravidez compromete a primeira dentição da criança.


O flúor no corpo

Quando ingerido o flúor é rapidamente absorvido pela mucosa do estômago e do intestino delgado. Sabe-se que 50% dele é eliminado pelos rins e que a outra metade aloja-se junto ao cálcio dos tecidos conjuntivos. Dentes e ossos, ao longo do tempo, passam a ficar deformados, surgem doenças e rachaduras.

A hipermineralização dos tecidos conectivos dos ossos, da pele e da parede das artérias é afetada, os tecidos perdem a flexibilidade, se tornam rígidos e quebradiços. Para que tudo isso ocorra, segundo estudo de 1977 da National Academy of Sciences, dos EUA, o corpo humano precisaria absorver durante 40 anos apenas 2 mg de flúor por dia. Parece difícil ingerir tanto, mas a fluorose já é um fato, uma doença moderna comprovada.

Diversos estudos químicos atestam que o flúor é tão tóxico como o chumbo e, como este, cumulativo. Quanto mais velhos mais aumentamos a concentração de flúor nos nossos ossos, o que traz maiores riscos de rachaduras e doenças como a osteoporose (veja o primeiro link). A versão natural do flúor, encontrada na natureza, inclusive em águas minerais, peixes, chás e vegetais tem absorção de 25% pelo corpo humano, mas a fluoretação artificial é quase que totalmente absorvida.

A maior parte se deposita nas partes sólidas do organismo, os ossos, e parte pequena vai para os dentes. Acredita-se que o fluoreto natural tenha algum papel importante para a saúde humana, mas isso ainda não foi completamente comprovado.

No Brasil a adição de flúor à água começou em 1953 em Baixo Guandu (Espírito Santo), virou lei federal (6.050/74) e a campanha da fluoretação das águas, abraçada pela odontologia em parceria com sucessivos governos desde a década de 60, continua em alta e tem como meta atingir 100% da água brasileira encanada. Águas potáveis também recebem flúor e algumas águas minerais possuem mais flúor em sua composição do que é recomendado para evitar a fluorose, que é algo situado entre 0,5 ppm e 1 ppm, dependendo da temperatura ambiente, já que no verão ou em locais mais quentes se consome mais água.

Os odontologistas que ainda defendem a adição do flúor na água potável e encanada afirmam ser a fluorose, que atingiu adolescentes nas últimas gerações com manchas brancas, um problema menor diante das evidências de redução das cáries, comprovadas por várias teses, elaboradas nos anos 1960 e 1970. Segundo eles, esse método é o mais eficaz para reduzir índices de cárie que variam entre 20% e 60%. Da década de 60 para cá, além da fluoretação das águas brasileiras, a população teve acesso maior às escovas de dentes, que tornaram-se mais baratas e populares. Na Suécia, por exemplo, onde não há fluoretação das águas, a cárie foi erradicada por meio da educação da população.

O flúor nos dentes

A redução de cáries por acesso ao flúor ocorre em decorrência de uma regulação do ph bucal, que teria maior constância via corrente sangüínea a partir da ingestão dessa substância. Após escovarmos os dentes com creme dental fluoretado, mantemos o ph ideal por cerca de duas horas. Apesar da campanha pró-ingestão de flúor, nenhum dentista defende a água fluoretada sem a dobradinha boa higiene e boa alimentação.

Não há ph administrado pelo flúor que regule os detritos retidos entre os dentes; esses detritos desregulam o ph local, tornando-o mais ácido, o que favorece o surgimento de cáries e outras doenças periodontais. O açúcar torna o ph do sangue muito ácido e ao lado dele o outro grande vilão é o carboidrato, daí os odontologistas condenarem o abuso de doces, biscoitos e pães entre as refeições, especialmente os feitos com farinhas refinadas.

Segundo Pedro Cordeiro, odontologista em Florianópolis, uma boa alimentação e uma escovação bem feita três vezes ao dia são métodos extremamente eficazes para a prevenção de cáries. "Recomendo aos pais que não usem creme dental fluoretado em crianças até cinco anos, pois é possível que engulam o creme acidentalmente ou voluntariamente, o que acarretaria a fluorose". Uso de fio dental, escovação com água e uma boa alimentação são suficientes para evitar o surgimento de cáries em qualquer idade, garante o dentista.

Medidas seguras

Na água potável encanada são recomendados no máximo 0,6 ppm de flúor, o que causa em crianças menores de sete anos uma fluorose mínima ao nascerem os dentes permanentes. "Acima de 1,5 ppm de flúor na água bebida por crianças menores de sete anos, a fluorose é mais agressiva e pode causar má aparência nos dentes permanentes, mas existe tratamento para essa fluorose nos consultórios dentários", garante o professor Jaime Cury, da Unicamp, defensor da adição de flúor à água. Em Cocalzinho, cidade de Santa Catarina, o flúor contido numa água natural, (1000 ppm) causou sérios danos aos dentes das crianças da região, com perdas parciais e totais dos dentes permanentes.

Profissionais de várias partes do Brasil interessaram-se pelo caso, que foi documentado no final da década de 1980. Em 2004 a água mineral Charrua, do Rio Grande do Sul, apresentava 4ppm de flúor, o que pode resultar em fluorose avançada. O flúor está presente nos cremes dentais desde 1989, inclusive nos infantis, sendo hoje difícil encontrar no mercado convencional um creme dental para uso diário sem o íon.

Normalmente os cremes dentais recebem de 1000 ppm a 1800 ppm de flúor. Não há pesquisa que ateste que o flúor aplicado, sem ingestão, cause qualquer mal, mas segundo vários estudos em odontopediatria, os problemas de fluorose verificados em todo o Brasil nos últimos anos estão relacionados ao uso de creme dental porque crianças pequenas, além de serem extremamente vulneráveis à ingestão do flúor, engolem acidentalmente ou voluntariamente o creme dental. Uma das razões da ingestão voluntária, em crianças maiores de três anos, se deve ao sabor doce dos géis dentais infantis. A fluorose aparente nos dentes de crianças e adolescentes é uma realidade no Brasil.


Diferenças de miligramas são fatais

O argumento que sustenta a adição de flúor à água potável encanada e às águas engarrafadas baseia-se na defesa do controle da cárie infantil. Mas em 1974, quando as águas brasileiras começaram a ser fluoretadas em massa, os cremes dentais não eram fluoretados e as informações sobre os hábitos de higiene e de alimentação iniciavam nas capitais e cidades maiores. Naquela época, o flúor ainda não era adicionado a medicamentos, chicletes, biscoitos e leites em pó para bebês, que quando somados ao flúor da água ultrapassam o nível recomendado para lactantes em até 80%.

O leite humano possui cerca de 00,1ppm de flúor, uma quantidade já bastante inferior à dos leites em pó, mais isso depende, obviamente, da alimentação da mãe. Durante a década de 80, quando a fama do flúor como preventivo de cáries era inquestionável, muitas mulheres grávidas tiveram prescrição para tomar comprimidos que incluíam o íon na composição. Hoje já não se receitam suplementos de flúor para gestantes, pois as que tomaram enfrentaram problemas de fluorose na primeira dentição de seus filhos. Foi um teste "científico" que não deu certo, mas não foi o primeiro.


Flúor e o nazismo

As primeiras pesquisas com ingestão de flúor em humanos foram feitas em campos de concentração nazistas com o intuito de acalmar os prisioneiros, que ingeriam o íon a partir da água com até 1500 ppm de flúor.

O resultado gerava uma espécie de apatetamento. Os prisioneiros cumpriam melhor suas tarefas sem questioná-las. Com o mesmo objetivo, o flúor é adicionado a alguns medicamentos psiquiátricos hoje em dia. Mais de 60 tranquilizantes largamente utilizados contêm flúor, como Diazepan, Valium e Rohypnol, da Roche, ligada à antiga I.G.Farben, indústria química que atuou a serviço da Alemanha nazista.

Essa ligação histórica desperta brigas ferrenhas entre os adeptos da adição do flúor à água e os que são contra, esses últimos acusados pelos primeiros de fazer terrorismo e estabelecer o caos social em nome da nova ordem mundial, que está aí a questionar as bases que sustentam a economia.

A Associação Brasileira de Odontologia recomenda a adição de flúor à água potável como método preventivo fundamental para o Brasil, país grande, de população pobre e desinformada sobre os hábitos de higiene e de alimentação. Segundo o professor Jaime Cury,que passou mais de 20 anos estudando a prevenção da cárie, o flúor adicionado à água tem uma importância social inquestionável. "Gostaria de ser o primeiro a anunciar que o flúor não precisa mais ser adicionado à água. Mas o povo brasileiro, a maior parte da população, a que é pobre e desinformada, não escova os dentes corretamente, não pode cuidar da alimentação e é beneficiada pela adição de flúor na água".

Para ele, "a fluorose leve que não causa mal-estar social, nem deveria ser considerada um problema ou doença porque as crianças com fluorose leve, manchinhas brancas, têm dentes mais fortes".

Questões políticas

A ciência odontológica vê a fluorose média ou grave como problema principal em conseqüência da adição de flúor à água, mas médicos, químicos e toxicologistas afirmam que a fluorose é apenas o começo de um problema espalhado por todos os ossos do corpo, sobrecarregando a glândula pineal e acarretando outras conseqüências na saúde devido a alteração do funcionamento bioquímico. Eles alertam que as doenças podem demorar anos para surgir, pois o flúor é cumulativo.

Nunca houve uma denúncia formal ligando o flúor à indústria de alumínio; as pesquisas feitas por químicos e neurologistas focam exclusivamente os danos do íon à saúde humana. Polêmica à parte, algo não está sendo levado em conta: é praticamente impossível encontrar água que não tenha sofrido adição de flúor. Por uma convenção entre sucessivos governos, a ciência odontológica e a indústria de alumínio, o brasileiro perdeu o direito de beber água sem o aditivo.
*Cláudia Rodrigues, jornalista, terapeuta reichiana, autora de Bebês de Mamães mais que Perfeitas, 2008. Centauro Editora. Texto Publicado no Sul21.
Blog da Cláudia: buenaleche - blogspot

Fonte do Post: Blog Luis Nassif


domingo, 14 de agosto de 2011

A Superpopulação

Enviado por luisnassif,
sex,12/08/2011-13:00
Por raquel_

Um planeta muito populoso?
por George Minois
Do Le Monde Diplomatique

Há muito tempo, líderes políticos têm discutido a evolução da sua população, confundindo número e potência. Atualmente, se soma a questão do envelhecimento, enquanto ressurge o milenar mito da superpopulação, levantado ainda por Platão e Aristóteles, o que revela que; é mais uma questão de cultura que de números

Fonte:LeMonde,acessada em 14ago2011
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Somos muitos? É preciso controlar a natalidade para cumprir certos objetivos? Operar uma seleção antes do e no nascimento? Incentivar os nascimentos, não importando a qualidade dos pais e sua capacidade de educar os filhos? O homem tem o direito de interferir no processo de procriação? Essas perguntas se colocam desde que existem Estados organizados, com normas culturais e morais.

O espectro da superpopulação voltou à tona em 2008, por causa de uma baixa passageira dos estoques mundiais de alimentos e em razão da acelerada degradação do meio ambiente. Dar uma olhada nos números não é nada reconfortante: 218 mil bocas a mais para alimentar todos os dias no mundo, 80 milhões por ano, um efetivo de trabalho global de quase 7 bilhões, consumo crescente... A população parece ter um peso muito grande em relação aos recursos do planeta.

Mas a humanidade não esperou o início do século XXI para se preocupar com a superpopulação. Quatro séculos antes de nossa era, quando o mundo tinha menos de 200 milhões de habitantes, Platão e Aristóteles já recomendavam aos Estados uma estrita regulamentação da natalidade – o que revela a noção de superpopulação mais como uma questão de cultura que de números. Desde o “Crescei e multiplicai-vos” bíblico, vemos o confronto entre natalistas e simpatizantes do controle de natalidade. Os primeiros denunciam a superpopulação como uma ilusão; os últimos advertem sobre suas consequências.

Durante muito tempo não se dispôs de estatísticas. Como não era possível apoiar-se em dados confiáveis, o debate era acima de tudo filosófico, religioso ou político. Mas ainda hoje, a despeito da massa de dados disponíveis, continuam sendo em larga medida as orientações ideológicas e religiosas que definem o lado de cada um. Falar em superpopulação toca convicções fundamentais sobre a vida e seu valor. Daí a paixão com que o assunto é tratado.

Por milhares de anos temeu-se, sobretudo, um número muito baixo de nascimentos. Houve, no entanto, épocas em que regiões e países inteiros – como a Europa no fim do século XIII e início do XIV – enfrentaram uma grave superpopulação (embora relativa), levando até os teólogos a nuançar suas posições. As considerações morais sobre a castidade ou a “superioridade da virgindade” também entraram em debate, bem como a legalidade das práticas contraceptivas. Enfim, as proibições bíblicas sobre o onanismo (o “crime de Onã”, que derramou sua semente na terra) pesaram durante muito tempo sobre as discussões.

Há quarenta mil anos, com meio milhão de habitantes sobre a Terra, a ameaça de superpopulação podia parecer bastante longínqua. Porém os caçadores necessitavam de um espaço vital que assegurasse seu aprovisionamento de caça: em média, de 10 a 25 quilômetros quadrados por pessoa, o que limitava seriamente o tamanho de cada grupo. Se o número de pessoas vivendo exclusivamente da caça e da coleta fosse além da faixa entre 25 e 50, o grupo ficava exposto a grandes dificuldades de abastecimento. A superpopulação é, portanto, uma noção de geometria variável, estreitamente ligada aos recursos disponíveis. Mesmo assim, sua representação continua sendo a de pessoas comprimidas em um espaço diminuto, como sardinhas em lata.

Eugenista, malthusiano e... xenófobo

O número logo virou uma obsessão. Nas cidades gregas, o relevo impunha uma compartimentação: cada bacia se organizava como cidade independente, em células fechadas de dimensões reduzidas, onde a pressão humana era fortemente sentida; tal situação favorecia a tomada de consciência do fator demográfico. O clima político era pouco favorável à natalidade.

Em seus dois principais diálogos, A repúblicae As leis, Platão define uma população ótima em função do espaço e dos recursos disponíveis, e descreve os métodos de organização e funcionamento social – muitas vezes no limite extremo da realidade – necessários para alcançá-la. Na Política, Aristóteles segue o mesmo caminho: “O que faz a grandeza de uma cidade não é ser populosa”.1De todo modo, segundo ele, “um número grande demais não pode admitir a ordem: quando há cidadãos demais, eles escapam ao controle, as pessoas não se conhecem, favorecendo a criminalidade. Além disso, torna-se fácil para estrangeiros e metecos usurpar o direito de cidadania, passando despercebidos em razão de seu número excessivo”.2 E além do mais, muita gente significa muitos pobres, com o perigo de revolta. Não são tanto os recursos ou a alimentação que inquietam Aristóteles, mas a manutenção da ordem. O pensamento demográfico grego já coloca os termos do debate tal como o encontramos no período moderno e contemporâneo: ele é eugenista, malthusiano e... xenófobo!

Com a extensão do domínio romano, muda-se de escala, mas não necessariamente de mentalidade. A política dos governos é mais natalista. O que constitui ao mesmo tempo uma novidade e um fracasso, pois a fecundidade romana continuou fraca em comparação à de outras civilizações, como evidencia Tito Lívio: “A Gália era tão rica e tão povoada que sua população, muito numerosa, parecia difícil de manter. O rei, já idoso, desejando desencarregar o reino dessa multidão que o esmagava, enviou seus dois sobrinhos mundo afora em busca de novas terras”.3 Propaganda política: sendo muito numerosos, eles atacam seus vizinhos, os romanos, justificando em resposta a invasão da Gália.

Com o cristianismo, entre os séculos III e V, as autoridades abandonam qualquer intervencionismo. A questão da procriação passa do campo cívico e político para o registro religioso e moral. Um intenso debate se estabeleceu em torno dos méritos respectivos da virgindade – apresentada como virtude suprema a ser exaltada –, do casamento – desqualificado em favor do ascetismo – e do segundo casamento – digno de punição. Nesse clima austero, a questão continuava a mesma: deve-se povoar ou despovoar? Ser fecundos ou abstinentes? Para os cristãos, a resposta só podia ser encontrada na palavra divina. Mas os escritos bíblicos se contradizem... O trabalho dos padres da Igreja era mostrar, por força de acrobacias e contorcionismos retóricos, que tais contradições não existem, que Deus tem somente uma palavra, embora tenha ordenado a Adão e Eva que se multiplicassem, e em seguida tenha dito a São Paulo, no Novo Testamento: “É bom para o homem abster-sede sua esposa”.A tarefa não é fácil, mas, para os teólogos, nada é impossível. Porém, o Velho Testamento não traz nenhuma ambiguidade: “Crescei, multiplicai-vos, sede fecundos”.E prolíficos...


O povo, riqueza e flagelo

A relativa superpopulação da Idade Média teve efeitos muito concretos. Desde o fim do século XI, os ocidentais souberam explorar o peso do número. Eles tomaram consciência de sua superioridade numérica e fizeram dela uma arma. O papa Urbano II, em 1095, enviou hordas de cavaleiros a Jerusalém. Toda a epopeia das Cruzadas foi sustentada por um fluxo contínuo de Oeste para Leste, que não teria sido possível sem um excedente de população no seio da cristandade.

Assim seguiu o mundo ocidental até o início do século XIX. Homens da Igreja, intelectuais, teólogos, filósofos e escritores revezaram-se na teorização sobre a questão demográfica, navegando entre o medo do transbordamento e o trauma do grande vazio, as utopias natalistas e a inquebrantável fé na ordem divina como potência reguladora da presença do ser humano na Terra. O vulgum pecus, o povo, ora era visto como um flagelo, ora como uma riqueza. Todos desenvolveram suas explicações e formularam suas recomendações, embora a ferramenta estatística continuasse muito deficiente. Subpopulação, superpopulação: ao longo dos séculos, travou-se uma batalha furiosa entre aqueles que consideram uma mais arriscada que a outra para a sobrevivência da espécie humana.

A obra de Thomas Malthus,4 na virada do século XVIII para o XIX, é um divisor de águas na história das teorias demográficas. A população, afirma o economista e pastor britânico, aumenta mais rápido que a produção de alimentos, o que inevitavelmente conduzirá à superpopulação e à fome em grande escala. Ou deixamos assim, e as consequências serão brutais e dolorosas, com a natureza encarregando-se de eliminar o “excedente humano”; ou realizamos o controle de natalidade, começando por suprimir qualquer assistência aos pobres, a fim de incutir-lhes “responsabilidade” – sendo atitude “responsável” casar e ter filhos apenas quando estiverem garantidos os meios para alimentá-los e educá-los. Segundo Malthus, a rápida disseminação da miséria é um risco para a humanidade; é preciso, portanto, erradicá-la.

Pierre-Joseph Proudhon respondeu que não havia problema de superpopulação. Se a miséria se propaga, é por causa do sistema iníquo de propriedade que confere a alguns um poder injusto sobre os outros. Karl Marx, pouco interessado na questão demográfica em si, considerava Malthus um inimigo da classe trabalhadora, referindo-se a ele como “insolente sicofanta das classes dirigentes, culpado do pecado contra a ciência e de difamação da raça humana”.5 Marx acusa Malthus de acreditar em um “princípio da população”, lei natural absoluta, válida em qualquer momento e em qualquer lugar, que faria com que a população aumentasse sempre com mais rapidez que os recursos: “Essa lei da população abstrata só existe para as plantas e os animais, à margem da intervenção histórica do homem. O que importa não é o número de seres humanos, mas a repartição das riquezas”.6

Esses debates prosseguiram até meados do século XX, quando a humanidade entra em um crescimento desenfreado: 3 bilhões de pessoas em 1950; 6 bilhões em 2000. Já não se trata de crescimento, mas de uma explosão. Os demógrafos, economistas, geógrafos, além dos filósofos, historiadores, etnólogos e, claro, os políticos, ficaram divididos quanto à interpretação do fenômeno. Aos defensores da vida prolífera, independentemente de sua qualidade, os realistas opõem o necessário controle da procriação. Uns negam o próprio conceito de superpopulação, falando em desenvolvimento desigual; outros denunciam a loucura assassina dos natalistas, que condenam centenas de milhões de pessoas a morrer de fome. Na década de 1980, entram na conta as questões ambientais e ecológicas.

10 bilhões de habitantes

Na virada do século, os antimalthusianos buscam tranquilizar, apoiando-se nos fenômenos de transição demográfica em curso: as taxas de fecundidade estão desmoronando em todos os lugares, mesmo nos países muito pobres. Oque só confirma a “revolução demográfica” sugerida em 1934 por Adolph Landry, mostrando que, com o enorme crescimento da produção de bens, o problema da relação população/recursos seria superado. A partir daí, o ótimo populacional deveria visar a noção cultural de “felicidade” – noção qualitativa, não quantitativa.

Assim, a população se estabilizaria em torno de 9 bilhões de pessoas por volta de 2050, e 10 bilhões até 2150. Dado que este planeta – garante a maioria dos demógrafos – seria capaz de alimentar 10 bilhões de habitantes, como ele poderia estar “superpopuloso” com 7 bilhões? Se há no mundo um bilhão de pessoas subalimentadas e o dobro disso de pobres, talvez seja, afinal, em razão de uma má repartição dos recursos. Mas é desejável atingir esse número? Afinal, o empilhamento de 10 bilhões de pessoas, mesmo bem alimentadas, continua sendo um empilhamento de gente...

Em 1997, Salman Rushdie escreveu uma Carta ao sexto bilionésimo cidadão do mundo,7que acabava de nascer: “Como mais novo membro de uma espécie particularmente curiosa, você logo se fará as duas perguntas de US$ 64 mil [N. E.: PIB per capitaaproximado dos EUA] que todos os outros 5.999.999.999 se fazem há algum tempo: como chegamos aqui? E agora que estamos aqui, como vivemos? Podemos sem dúvida sugerir que a resposta à questão das origens requer que você acredite na existência de um Ser invisível, inefável, ‘lá de cima’, em um criador onipotente que nós, pobres criaturas, não conseguimos perceber, e muito menos entender... Por causa dessa fé, foi impossível para muitos países evitar que o número de seres humanos crescesse de forma alarmante. A superpopulação do planeta deve-se, pelo menos em parte, à loucura dos guias espirituais da humanidade. Ao longo de sua vida, você verá sem dúvida a chegada do nono bilionésimo cidadão do mundo. E se muitos homens nascem em parte por conta da oposição religiosa ao controle de natalidade, muita gente ainda morre também por causa da religião...”.

Treze anos depois, em 2011 ou, no mais tardar, início de 2012, espera-se a chegada do sétimo bilionésimo cidadão do mundo. Esse pequeno tem sete chances em dez de nascer em um país pobre, em uma família desfavorecida. Devemos enviar-lhe uma carta de boas-vindas, ou uma carta de desculpas?

George Minois
Demográfo.


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THOMAS ROBERT MALTHUS
(Ensaio sobre o princípio da população, 1798).
“Acredito poder defender honestamente dois postulados: em primeiro lugar, que a comida é indispensável à existência do homem; em segundo lugar, que a paixão recíproca entre os sexos é uma necessidade que permanecerá mais ou menos igual ao que ela é no presente. Afirmo que o poder multiplicador da população é infinitamente maior que o poder da terra de produzir a subsistência do homem.”
“Se não for contida, a população cresce em progressão geométrica. A subsistência somente cresce em progressão aritmética… Os efeitos desses dois poderes desiguais devem ser mantidos em equilíbrio por meio dessa lei da natureza que faz a comida ser uma necessidade vital para o homem.”
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PIERRE-JOSEPH PROUDHON
(O sistema das contradições econômicas ou filosofia da miséria, 1848)
“Há somente um homem excedente na Terra: Malthus.”
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MAQUIAVEL
(Histórias florentinas, 1520-1526).
“Uma nação não pode estar completamente repleta de habitantes, e estes não podem conservar entre eles uma repartição igual, pois todos os lugares não são igualmente salubres e férteis: os homens abundam em um lugar e faltam no outro. Se não é possível remediar essa distribuição desigual, a nação agoniza porque a falta de habitantes torna uma parte deserta, e a outra fica empobrecida por seu excesso de gente.”

Fonte: Blog Luis Nassif


sábado, 12 de fevereiro de 2011

A Educação no mundo contemporâneo

A educadora Viviane Mosé trata dos desafios da educação no mundo contemporâneo. A escola dividida em disciplinas e grades curriculares, está cada vez mais e distante da vida dos professores e alunos diante de um mundo cada vez mais global



Fonte: Café Filosófico

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A Educação à Distância no Contexto Digital

8º Fórum Brasilianas.org: educação à distância no contexto digital

Por Bruno de Pierro

O fortalecimento da chamada blogosfera tem desenhado um cenário inédito e ainda experimental, caracterizado pela descentralização dos produtores e emissores de informações. Mas a convergência entre as telecomunicações, informática, audiovisual e redes sociais na web, apesar de intensificada, abre novas possibilidades de criação ainda pouco exploradas no Brasil. O arsenal de ferramentas tecnológicas é vasto, mas limitado, e ainda são muitas as dúvidas com relação ao potencial democrático da internet. A oitava edição do Fórum de Debates Brasilianas.org, realizada ontem (08), em São Paulo, procurou discutir esse contexto que se configura na sociedade brasileira, ainda de maneira embrionária.

Para compreender como que as novas ferramentas da cibercultura interferem nas manifestações sociais e nas vidas das pessoas, tanto política quanto culturalmente, o primeiro painel trouxe a participação da professora Andréa Corrêa Silva, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
De acordo com a especialista, a mudança cultural, que acompanha os avanços da web, é representada pelas diversas possibilidades de aplicação, como a criação conjunta, a interação entre usuários e as plataformas de socialização, nas quais o compartilhamento de informações e aplicativos pode se dar pela própria internet.
Silva, que passou ou últimos três anos "vivendo" no mundo virtual para concluir uma pesquisa, destacou o fato das pessoas já não precisarem mais depender do computador pessoal para acessar arquivos, uma vez que há sistemas que permitem acessibilidade de dados de qualquer lugar – num processo de crescente virtualização de aplicativos e softwares. E como esses recursos geralmente estão inseridos em ambientes coletivos, torna-se mais fácil a troca de conhecimentos.

Durante a apresentação, a professora deu exemplos na área da educação à distância para mostrar como os ambientes virtuais podem representar uma revolução marcada, principalmente, pela desestabilização de antigas concepções sobre emissão e recepção de informações – não apenas para o campo da educação, como também para a comunicação.

Silva contou que, em um curso sobre licitação para funcionários públicos, realizado em 1999, cerca de quatro mil alunos se uniram em rede, por meio de fóruns na internet, o que gerou resultado satisfatório. "Vimos a hierarquia ser quebrada. O diretor da empresa falava de igual para igual com os funcionários, e havia uma troca de conhecimentos constante", disse.

Outro exemplo apresentado foi o ushahidi.com, site criado em 2008, no Quênia, para reunir relatos e testemunhos de pessoas sobre incidentes de violência causados após as eleições no início daquele ano. Em um mapa, como o disponibilizado pelo Google, os colaboradores identificavam os pontos críticos de violência, com demarcações na cor vermelha. O Ushahidi já possui 45 mil usuários, e pode ser usado por pessoas do mundo todo, com o objetivo de defender os direitos humanos.

Em relação à educação, a professora da FESPSP destacou o e-learning e o fato do conteúdo ficar dentro de um conteúdo aberto, sem precisar de senha e login ou inscrição. "Pode-se trabalhar com curso aberto, sem precisar de inscrição ou certificado. As pessoas querem aprender, não se dá mais tanto peso para o certificado daquilo que se quer ou não aprender", completou. Foram mencionados também os Open Access Initiative (OAI) e os repositórios institucionais, que visam promover o acesso livre de modo irrestrito a toda literatura científica e acadêmica.

Sobre a regulamentação, a especialista acredita que o Ministério da Educação deva estabelecer parâmetros de avaliação. "Não pode ser só uma fotografia do dia da avaliação, mas um acompanhamento da participação do aluno", disse Silva, que acredita que o MEC deva passar a apoiar o ensino aberto. Um argumento convincente seria o fato de muitas pessoas desejarem entrar numa universidade, mas, por motivos adversos, como distância, locomoção ou idade superior, não poderem ir fisicamente às aulas.

"Dentro do Second Life [rede social que simula, virtual e tridimensionalmente a vida real], há uma ilha onde fazem construção de pontes, pensando na resistência de materiais. Fazem todo o projeto técnico em conjunto entre alunos e professores, o que facilita a troca de conhecimentos", enfatizou a professora. 



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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Bolsa Família - Metade das famílias beneficiadas continuam na miséria

"(...) só comandado por um líder com olhar social o Brasil rico poderá continuar a ser cada vez mais rico e o Brasil classe média poderá continuar a sonhar em um dia ser rico." 
"Sem um equilíbrio das forças riqueza x pobreza, sem uma preocupação com a justiça social, sem a diminuição das diferenças agudas, o Brasil rico, mesmo o Brasil muito rico, terá todo que se mudar para Miami. Ou se refugiar em seu apartamento em Paris, em sua quinta em Cascais, em sua penthouse em Manhattan, em seu resort nas Bahamas, correndo dos pobres aqui a lhes morderem os calcanhares, dos assaltantes a lhes colocarem revólver na cabeça…"
Hildegard Angel,
colunista carioca
via, olhonamira
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Mais de 40% dos beneficiários do Bolsa-Família continuam miseráveis
O valor pago mensalmente pelo Bolsa-Família, varia
de R$ 68 a 200 às famílias que vivem em extrema pobreza
(renda de até R$70 mensais por pessoa da família atendida)
Estatística: 230 mil famílias ainda estão fora do programa
BRASÍLIA - A presidente eleita, Dilma Rousseff, não terá dificuldade para encontrar a pobreza absoluta que ela prometeu erradicar até o fim do mandato, como um dos principais compromissos da campanha. Quase 5,3 milhões de famílias - a grande maioria dos brasileiros que permanecem na condição de miseráveis - já são beneficiárias do programa Bolsa-Família, de transferência de renda.

O valor pago mensalmente pelo Bolsa-Família, que varia de R$ 68 a R$ 200 para as famílias que vivem em pobreza mais aguda, não é suficiente para pouco mais de 40% dos atendidos pelo programa superarem a miséria. A condição de pobreza extrema é definida pela renda de até R$ 70 mensais por pessoa da família, segundo as regras do programa; miseráveis são pessoas que vivem com renda de até R$ 2,30 por dia.

número de famílias que permanecem na extrema pobreza apesar de receberem o benefício do Bolsa-Família aparece em levantamento inédito do Ministério do Desenvolvimento Social, feito a pedido do Estado. Nos últimos anos, o ministério vinha se recusando a divulgar esse tipo de informação.

Entre as 12,7 milhões de famílias beneficiárias do Bolsa-Família, 7,4 milhões (58%) encontram-se na faixa de renda entre R$ 70 e R$ 140 mensais por pessoa da família. Dessas, 4,4 milhões (35% do total dos beneficiários) superaram a condição de extrema pobreza com o pagamento do benefício. Mas ainda restam 5,3 milhões (42%) de miseráveis no programa.

Gasto extra


Acabar com a extrema pobreza entre os beneficiários do Bolsa-Família significaria ter de mais do que dobrar o valor do benefício básico, de R$ 68, pago apenas às famílias que têm renda per capita de até R$ 70. "O piso do benefício teria de ir para R$ 138", calcula Lúcia Modesto, secretária de Renda de Cidadania do ministério, responsável pelo programa.

A média dos pagamentos, hoje em R$ 96 mensais, também teria de aumentar. O impacto nas contas públicas seria um gasto extra de R$ 8 bilhões, segundo estimativa preliminar. "Está muito acima das nossas possibilidades", disse a secretária. A presidente eleita recorrerá a uma medida provisória, no início do mandato, para fixar reajuste nos pagamentos do Bolsa-Família. Um reajuste acima da inflação acumulada, de cerca de 9%, está em estudo, conforme antecipou o Estado. Mas a possibilidade de pagar um benefício que elimine imediatamente a extrema pobreza entre os beneficiários nem sequer é considerada.

Política de reajuste


Uma das ideias em estudo é estabelecer uma política de reajustes para o Bolsa-Família, como acontece com o salário mínimo. Atualmente, eventuais reajustes dependem da vontade do presidente da República.

O último reajuste do Bolsa-Família se deu em maio de 2009. Desde então o programa paga entre R$ 22 e R$ 200. O valor varia de acordo com o grau de pobreza e o número de crianças e jovens em idade escolar das famílias. Nada recebem aquelas que não são consideradas extremamente pobres nem têm filhos até 17 anos. O Orçamento de 2011, enviado ao Congresso sem previsão de reajuste, autoriza gastos de R$ 13,4 bilhões com o programa.

Receita óbvia


Embora não sejam suficientes para fazer com que 40% dos beneficiários superem a extrema pobreza, os pagamentos do Bolsa-Família são responsáveis por um crescimento médio de 49% da renda das famílias atendidas. Nas regiões Norte e Nordeste, o impacto é ainda maior, mas a renda média após o pagamento do benefício não alcança a linha que separa a extrema pobreza da pobreza.

Aumentar o valor do benefício do Bolsa-Família é uma receita óbvia para erradicar a extrema pobreza no País. Outra medida apontada como inevitável é garantir o acesso ao programa das cerca de 230 mil famílias pobres ainda não cadastradas, de acordo com estimativa do Desenvolvimento Social.

No documento lançado no segundo turno das eleições presidenciais, com os "compromissos programáticos", a então candidata Dilma Rousseff prometeu erradicar a pobreza absoluta. Esse é o compromisso número 5, de uma lista de 13.

O texto petista não detalha a estratégia a ser adotada, mas destaca o crescimento econômico, a expansão do emprego e da renda e a valorização do salário mínimo, antes de falar do Bolsa-Família.


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domingo, 5 de dezembro de 2010

Brasil e o novo processo migratório da classe C para B

Um dos destaques da economia brasileira nos últimos anos, a emergente classe C agora alça novos voos. O Brasil já vive, segundo especialistas, um processo de migração de parte da classe C para a B.

Foto: leituras favre, acessado em 05dez2010


Estudo da Ativa Corretora estima que 5,9 milhões de pessoas devem avançar para a classe B até o fim de 2011, na comparação com o início de 2009. Com isso, o grupo — com renda familiar entre R$ 4.807 e R$ 10.375, segundo o levantamento — deve chegar a 15,4% da população brasileira, ou 29,363 milhões de pessoas. O documento mostra ainda que, com a melhoria da renda média na classe B, o perfil de consumo tende a se refinar, e ganham espaço gastos como educação, alimentação fora de casa, transporte, higiene e assistência à saúde.

Estudo prevê que 5,9 milhões
de pessoas avançarão um degrau na
escala social, deixando a classe C

— Nossa estimativa é que, além dos seis milhões que deixarão a classe C em direção à B, três milhões sairão da D para a C. Isso é fruto do forte crescimento econômico do Brasil nos últimos anos e do aumento do trabalho formal e do crédito — afirma o economista-chefe da Ativa Corretora, Arthur Carvalho Filho, um dos autores do estudo.

Clique na figura para ampliar
— Há uma migração positiva das classes sociais brasileiras, e muitos que eram da C estão indo para a B — concorda o diretor da consultoria IPC Marketing, Marcos Pazzini.




Fonte: Blog Leituras Favre


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terça-feira, 30 de novembro de 2010

PIB paulista perde mais de R$ 128 bilhões

segunda-feira, 29nov2010
Transparência SP
via blog viomundo

Falta de política de desenvolvimento no Estado provoca lenta decadência do PIB de São Paulo. Minas e Nordeste ganham espaço na economia brasileira nos últimos 13 anos.

Em 1995, a economia paulista representava 37,3% da economia brasileira. Em 2002, 34,6% e em 2008 caiu para 33,1%. Estes dados podem ser obtidos através do levantamento da evolução do PIB (Produto Interno Bruto) Estadual feito pelo IBGE.

Em outros termos, a perda de São Paulo chegou a R$ 128 bilhões, um orçamento público paulista anual inteiro. A perda foi generalizada, atingindo todos os setores econômicos: na indústria (-10,6%), no setor de serviços (-2,2%), na administração pública (-1,8%) e na agropecuária (-2,5%).
A razão dessa perda tem raízes no processo de desconcentração da indústria e na guerra fiscal dos Estados, mas também na falta de um projeto de desenvolvimento para o Estado de São Paulo, um projeto que buscasse potencializar as vocações das diferentes regiões. Durante esse período, os governos que comandaram o Estado de São Paulo implantaram uma política de orientação neoliberal. Inimigos do desenvolvimento econômico e social, privatizaram um patrimônio público de mais de R$ 80 bilhões.

Diversos são os exemplos da ausência de uma política desenvolvimentista para o Estado. Um deles: com as privatizações, boa parte dos lucros das empresas vendidas foi enviado para as respectivas matrizes [no exterior], deixando de ser reaplicado no Estado.
Mais ainda, empresas privatizadas têm significado mais desemprego e maior precarização do trabalho, sobretudo através das terceirizações.Com a privatização e venda de instituições públicas financeiras, o Estado de São Paulo também vem enterrando qualquer política de planejamento e financiamento de longo prazo do desenvolvimento econômico.

A política de “ajuste fiscal permanente” também reduziu investimentos na infraestrutura de transporte público metropolitano, na habitação, no saneamento, na educação e nas demais áreas sociais, tornando o Estado e suas principais cidades menos atrativos.

A ampliação da antecipação (substituição) tributária do ICMS e a multiplicação de pedágios, os mais caros do país, têm ampliado o custo paulista e a carga tributária bruta estadual, desestimulando investimentos no Estado.

A falta de uma política de desenvolvimento que busque articular de forma massiva as diversas instituições públicas de ensino e pesquisa e as iniciativas privadas de inovação produtiva, em todos os segmentos, vem representando um grande disperdício para o enorme potencial de desenvolvimento do Estado.

A extrema concentração das oportunidade de emprego na capital e num raio de 100 km de distância, sem que o poder público estadual incentive a desconcentração do desenvolvimento, têm levado a “soluções de mercado” por parte das empresas, que abandonam a Região Metropolitana de São Paulo em busca de outras regiões, normalmente em outros Estados.

O sul de Minas, o Mato Grosso do Sul e o norte do Paraná têm sido o destino recorrente destas empresas. Uma situação específica reflete esta falta de política para a desconcentração do desenvolvimento econômico do Estado: por que todos os órgãos públicos estaduais, de todos os poderes, estão localizados de forma dispersa na capital paulista?

A queda da participação do PIB paulista mostra, portanto, não apenas o resultado da ação política dos outros Estados – como insiste em lembrar o governo paulista e a mídia -, mas também o custo do “ajuste fiscal permanente” e a consequente inércia dos governantes do Estado de SP.

É bom ressaltar que a queda do PIB reflete, na prática, uma menor atratividade econômica para novos investimentos, menor participação na arrecadação de impostos, nível de vida mais baixo, dificuldades na geração de novos emprego e dificuldades na expansão dos serviços prestados pelo poder público.

Analisando a evolução do PIB Estadual no Brasil, o Sudeste perdeu R$ 94 bilhões, perda esta que se concentrou em São Paulo. O Rio de Janeiro ampliou sua participação no PIB Nacional, passando de 11,2% em 1995 para 11,3% em 2008 (+ R$ 4 bilhões). Minas Gerais também apresentou elevação expressiva na sua participação no PIB Nacional, passando de 8,6% para 9,3% (+ R$ 20,7 bi). O Espírito Santo passou de 2% para 2,3% (+ R$ 9,5 bi).
Além de São Paulo, outros dois Estados tiveram queda significativa na participação no PIB Nacional: Rio Grande do Sul (- R$ 14,8 bilhões) e o Distrito Federal (- R$ 16,2 bilhões).
Produto Interno Bruto a preços de mercado, Brasil,
segundo grandes Regiões e Unidades da Federação
período de 1995 a 2007

O maior ganho em participação na economia nacional é na região Nordeste que cresceu 1,1% e ganhou R$ 32,4 bilhões, com destaque para o Maranhão (+ R$ 11 bilhões) e para a Bahia (+ R$ 8 bilhões).

Em seguida, vem a região Norte, com ganhos de R$ 26,7 bilhões, em especial os estados do Pará (+ R$ 10,9 bilhões) e Amazonas (+ R$ 3,55 bilhões).

O Centro Oeste ganhou R$ 24 bilhões, sendo que este crescimento foi “puxado” pelo Mato Grosso (+ R$ 21,57 bilhões) e Goiás (+ R$ 13,1 bilhões). A região Sul apresentou elevação de R$ 10,9 bilhões, com destaque para Paraná (+ R$ 6,57 bilhões) e Santa Catarina (+ 19,2 bilhões).



Fonte: Blog Viomundo - Luiz carlos Azenha



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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

ProUni - Um Brasil de preconceitos

Vítimas de piadas racistas e ignorados pelo restante dos alunos, os bolsistas se esforçam para superar a exclusão dentro das próprias salas de aula

Mariana Lenharo
JORNAL DA TARDE

Os colegas de turma de Juliano Tenório da Silva, estudante de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), não o cumprimentam nos corredores da instituição. Nayla Paganini, também aluna da PUC-SP, é alvo de comentários por não se vestir com roupas caras como as outras garotas da classe. Já o publicitário José Geraldo da Silva Junior, que estudou na Universidade Metodista de São Paulo, ainda não entende por que o nome dele e dos outros bolsistas da sala vinham por último na lista de chamada, fora da ordem alfabética.

Os três conseguiram ingressar em instituições de ensino conceituadas da cidade graças ao Programa Universidade para Todos do Ministério da Educação, o ProUni, que concede bolsas em universidades particulares para alunos de baixa renda (leia as histórias de cada um deles aqui).

Neste ano, 84.817 estudantes foram beneficiados no Estado de São Paulo com auxílios integrais ou parciais. À medida que o programa amplia o acesso das camadas sociais mais baixas ao ensino superior pago, aumentam também os casos de bolsistas que se sentem vítimas de preconceito na sala de aula.

Na semana passada, o Jornal da Tarde noticiou o caso da estudante negra Meire Rose Morais, de 46 anos, que recebeu e-mails ofensivos e racistas de uma colega de classe da PUC-SP. Tudo começou quando, às vésperas do segundo turno das eleições, Meire encaminhou uma análise política para a lista de e-mails de sua classe. Em poucos minutos, 33 e-mails de uma única pessoa lotavam sua caixa de entrada: eram piadas preconceituosas e uma mensagem de que Meire nunca mais irá esquecer.

Em um mesmo texto, a agressora chamava a aluna de prostituta, caracteriza seu pé como “grotesco”, zombava de seu cabelo e ainda criticava suas roupas. “Chorei durante cinco dias. Fiquei me sentindo um nada, ela quis me ofender em todas as minhas características”, lembra.Meire conta que o e-mail foi o ápice do preconceito, com o qual ela já convivia, em doses menores, desde o início do curso.

“Quando entrei na PUC, em 2005, existia um clima de medo, como se os alunos do ProUni fossem fazer a qualidade da instituição cair”, diz. Por isso, segundo a estudante, os bolsistas sempre sentiram vergonha de se manifestar, com medo de ser apontados como aqueles que estavam prejudicando a qualidade do ensino.

Na sexta-feira, as agressões contra Meire provocaram uma reação na universidade. Em moção de repúdio assinada pelas associações dos professores e dos funcionários da PUC e pelo Conselho dos Centros Acadêmicos da universidade, a atitude foi caracterizada como reveladora de um “ódio antipovo”, marcado pela “presença de uma intolerância raivosa no interior da PUC-SP, que se dirige contra tudo o que se diferencie de um pretenso padrão estético, moral e político”.

Prestes a concluir o curso de Direito, Meire vai apresentar nesta semana um requerimento administrativo na PUC-SP para que a universidade ouça os alunos envolvidos na questão e avalie a punição para os responsáveis. Além disso, pede que a universidade desenvolva atividades oficiais de combate à intolerância. Procurada pela reportagem, a PUC-SP não se manifestou sobre o caso.

Para a educadora Quézia Bombonatto, esse tipo de comportamento pode ser considerado como uma forma de bullying. “Embora seja mais comum entre adolescentes e crianças, muitos sofrem bullying na universidade e no trabalho. A universitária que ofendeu a outra estudante com certeza não consegue lidar com a diversidade e sente-se ameaçada em seu reduto”, analisa.

Para o advogado Cleyton Wenceslau Borges, representante da Uniafro Brasil, instituição educacional voltada para negros e pessoas de baixa renda, é importante que as universidades conveniadas ao ProUni disponham de um espaço institucional para tratar do tema do preconceito. “Corre-se o risco de aumentar a distribuição de bolsas sem que essas instituições se voltem para dentro de si para verificar se está havendo esse tipo de enfrentamento racial”, acredita.

FRASES
“O aluno universitário que pratica o preconceito também é vítima de uma sociedade que não o preparou para conviver com as diferenças”
FREI DAVID R. DOS SANTOS,
FUNDADOR DA EDUCAFRO

“Chorei durante cinco dias. Fiquei me sentindo um nada, ela quis me ofender em todas as minhas características”
MEIRE ROSE MORAES, ALUNA DE DIREITO DA PUC,
VÍTIMA DE E-MAILS PRECONCEITUOSOS DE UMA COLEGA

“É como se eu carregasse uma placa dizendo que sou diferente dos outros, que sou bolsista”
JULIANO TENÓRIO DA SILVA,
ALUNO DE DIREITO DA PUC
“Não conseguimos nos integrar nos grupos de trabalho, ficamos em um grupo isolado. Estava excluído. Os outros alunos comentavam que eles é que pagavam a mensalidade”
JOSÉ GERALDO DA SILVA JUNIOR,
FORMADO EM PUBLICIDADE PELA METODISTA

Fonte: Leituras Favre


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domingo, 28 de novembro de 2010

O Estado e o crime organizado no RIO

Revisado ás 15:35hs 28nov2010
Abaixo, transcrevo duas reportagens, um da BBC Brasil e outro do Correio do Brasil, sobre os conflitos que vêm ocorrendo no Rio de Janeiro. São dois posicionamentos que, a princípio pareçam ser divergentes, se olharmos com mais precisão elas se complementam. Ao final da leitura ficam várias perguntas não respondidas. Quem são os que estão por trás deste rico mercado do tráfico e quais grupos de interesse está por trás desse show midiático? Eles são o mesmo grupo ou de interesses diversos? São nacionais ou estrangeiros? Fica só uma certeza, é a de que as UPPs aproximaram os cidadãos e o Estado e deram uma balançada no jogo e na hegemonia de interesses, isso fez. Se isso vai perdurar é outra história.
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Perda de espaço motiva ataques do tráfico, dizem analistas



Júlia Dias Carneiro
da BBC Brasil no R J

Unidades de Polícia Pacificadora avançam em locais antes dominados por criminosos.
A progressiva perda de espaços antes dominados pelo tráfico causada pelo avanço das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) é vista por analistas como uma das principais desencadeadoras da onda de ataques no Rio.

Foto: Airpano.ru
Para o sociólogo e pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Gláucio Soares, a instalação de UPPs resultou “numa redução considerável de renda” para os traficantes, e na perda de um domínio territorial que já somava décadas.

Além das UPPs, o sociólogo David Morais, da Universidade Cândido Mendes, diz que o surgimento das milícias – outra forma de poder paralelo nos morros, ligadas a policiais ou ex-policiais corruptos – também contribuiu para encolher ainda mais os espaços de que antes desfrutavam os traficantes.

“O monopólio territorial do tráfico começa a cair com o surgimento das UPPs, e paralelamente você tem as milícias, que começam a concorrer nas mesmas atividades. Então os traficantes têm que buscar outros lugares para continuar suas atividades ilícitas”, explica.

Morais afirma que descer para o asfalto não é a alternativa automática. “Nas favelas, o crime é muito mais fácil, porque não faltam vias de fuga que viaturas não podem acessar”.


Motivação política

O antropólogo Rubem César Fernandes, da ONG Viva Rio, vê motivação política por trás dos ataques, lembrando que estamos num momento de transição entre um mandato político e outro. A situação lembra a virada de 2006 para 2007, quando uma série de ataques – incluindo ônibus queimados e policiais mortos – foi realizada antes da posse do governador Sérgio Cabral.
“Por um lado, as ações parecem ser intervenções para influenciar nessa mudança. O que está diferente, entretanto, é que elas parecem ser mais coordenadas que das outras vezes, e os métodos adotados mudaram. Está havendo uma articulação territorial muito ampla, e as ações são rápidas, sem deixar vítimas”
Rubem César Fernandes

Foto:UOL. acessado em 28nov2010
Ônibus incendiado na avenida Presidente
Vargas, centro do Rio, UOL Noticias


“Estão queimando para a fotografia, para provocar uma imagem na opinião pública.”
Rubem César Fernandes

O que também mudou desta vez, aponta Fernandes, é que pela primeira vez há um ânimo na sociedade acompanhando o governo nas reconquistas dos territórios.

“Com as UPPs, criou-se um horizonte. E a resposta está vindo mais forte do que os traficantes imaginaram”, diz Fernandes, citando a articulação veloz entre o governo do Estado e Marinha para o uso de veículos blindados na operação realizada quinta-feira.

“Acho que o feitiço virou contra o feiticeiro”, afirma, torcendo para que o momento represente “a virada de mais uma página importante na conquista dos territórios”.

Entrosamento com a comunidade

Para Gláucio Soares, o entrosamento das polícias pacificadoras com as comunidades prejudicou ainda mais o crime. “Nas favelas liberadas, a população tem mostrado uma grande aprovação. Isso transforma o traficante numa figura indesejada”, diz ele.

Exemplo para tal é o aumento de ligações feitas ao Disque Denúncia. “Antes, as pessoas não denunciavam por medo de represália. Agora, aumentou a apreensão de drogas, armas e a prisão de traficantes com base em denúncias”, diz Soares.

Santa Marta foi a primeira comunidade do Rio
a ter UPP instalada, livrando os moradores do
domínio do tráfico. Blog Chebola
De acordo com o sociólogo, o que difere este momento de outras escaladas de violência no passado é a relação com as UPPs. Ele ressalta, entretanto, que os eventos ocorridos não são novidade.

“É preciso não perder a memória. De 2000 a 2009, 822 ônibus foram queimados e depredados por bandidos no Rio”, diz, citando dados da federação de transportes do Estado.

Já David Morais considera que há outro diferencial: a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. “O Rio vai se transformar num foco de atenção em função desses dois grandes eventos, que vão atrair muito investimento e muito turismo, mas qualquer coisinha que acontecer aqui vai virar um ‘oba-oba’ para a mídia”, diz.



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A farsa e a geopolítica do crime


José Cláudio Souza Alves
via Correio do Brasil RJ


Nós que sabemos que o “inimigo é outro”, na expressão padilhesca, não podemos acreditar na farsa que a mídia e a estrutura de poder dominante no Rio querem nos empurrar.

figura:Correio do Brasil - acessada 28nov2010
O conflito no Rio nas visões
da classe média e da favela

Achar que as várias operações criminosas que vem se abatendo sobre a Região Metropolitana nos últimos dias, fazem parte de uma guerra entre o bem, representado pelas forças publicas de segurança, e o mal, personificado pelos traficantes, é ignorar que nem mesmo a ficção do Tropa de Elite 2 consegue sustentar tal versão.

O processo de reconfiguração da geopolítica do crime no Rio de Janeiro vem ocorrendo nos últimos 5 anos. De um lado Milícias, aliadas a uma das facções criminosas, do outro a facção criminosa que agora reage à perda da hegemonia.

Exemplifico. Em Vigário Geral a polícia sempre atuou matando membros de uma facção criminosa e, assim, favorecendo a invasão da facção rival de Parada de Lucas. Há 4 anos, o mesmo processo se deu. Unificadas, as duas favelas se pacificaram pela ausência de disputas. Posteriormente, o líder da facção hegemônica foi assassinado pela Milícia. Hoje, a Milícia aluga as duas favelas para a facção criminosa hegemônica.

Processos semelhantes a estes foram ocorrendo em várias favelas. Sabemos que as milícias não interromperam o tráfico de drogas, apenas o incluíram na listas dos seus negócios juntamente com gato net, transporte clandestino, distribuição de terras, venda de bujões de gás, venda de voto e venda de “segurança”.

Sabemos igualmente que as UPPs não terminaram com o tráfico e sim com os conflitos. O tráfico passa a ser operado por outros grupos: milicianos, facção hegemônica ou mesmo a facção que agora tenta impedir sua derrocada, dependendo dos acordos.


Estes acordos passam por miríades de variáveis: grupos políticos hegemônica na comunidade, acordos com associações de moradores, voto, montante de dinheiro destinado ao aparado que ocupa militarmente, etc.

Assim, ao invés de imitarmos a população estadunidense que deu apoio às tropas que invadiram o Iraque contra o inimigo Sadan Husein, e depois, viu a farsa da inexistência de nenhum dos motivos que levaram Bush a fazer tal atrocidade, devemos nos perguntar: qual é a verdadeira guerra que está ocorrendo?

Ela é simplesmente uma guerra pela hegemonia no cenário geopolítico do crime na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

As ações ocorrem no eixo ferroviário Central do Brasil e Leopoldina, expressão da compressão de uma das facções criminosas para fora da Zona Sul, que vem sendo saneada, ao menos na imagem, para as Olimpíadas.

Justificar massacres, como o de 2007, nas vésperas dos Jogos Pan Americanos, no complexo do Alemão, no qual ficou comprovada, pelo laudo da equipe da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, a existência de várias execuções sumárias é apenas uma cortina de fumaça que nos faz sustentar uma guerra ao terror em nome de um terror maior ainda, porque oculto e hegemônico.

Ônibus e carros queimados, com pouquíssimas vítimas, são expressões simbólicas do desagrado da facção que perde sua hegemonia buscando um novo acordo, que permita sua sobrevivência, afinal, eles não querem destruir a relação com o mercado que o sustenta.

A farça da operação de guerra e seus inevitáveis mortos, muitos dos quais sem qualquer envolvimento com os blocos que disputam a hegemonia do crime no tabuleiro geopolítico do Grande Rio, serve apenas para nos fazer acreditar que ausência de conflitos é igual à paz e ausência de crime, sem perceber que a hegemonização do crime pela aliança de grupos criminosos, muitos diretamente envolvidos com o aparato policial, como a CPI das Milícias provou, perpetua nossa eterna desgraça: a de acreditar que o mal são os outros.

Deixamos de fazer assim as velhas e relevantes perguntas: qual é a atual política de segurança do Rio de Janeiro que convive com milicianos, facções criminosas hegemônicas e área pacificadas que permanecem operando o crime? Quem são os nomes por trás de toda esta cortina de fumaça, que faturam alto com bilhões gerados pelo tráfico, roubo, outras formas de crime, controles milicianos de áreas, venda de votos e pacificações para as Olimpíadas? Quem está por trás da produção midiática, suportando as tropas da execução sumária de pobres em favelas distantes da Zona Sul? Até quando seremos tratados como estadunidenses suportando a tropa do bem na farsa de uma guerra, na qual já estamos há tanto tempo, que nos faz esquecer que ela tem outra finalidade e não a hegemonia no controle do mercado do crime no Rio de Janeiro?

Mas não se preocupem, quando restar o Iraque arrasado sempre surgirá o mercado financeiro, as empreiteiras e os grupos imobiliários a vender condomínios seguros nos Portos Maravilha da cidade.

Sempre sobrará a massa arrebanhada pela lógica da guerra ao terror, reduzida a baixos níveis de escolaridade e de renda que, somadas à classe média em desespero, elegerão seus algozes e o aplaudirão no desfile de 7 de setembro, quando o caveirão e o Bope passarem.