quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O movimento pela qualidade de Gestão

"(...) há ricos e ricos. O rico desenvolvimentista, que produz, forjado a partir de muito esforço e não de benesses e privilégios, este valoriza o trabalho de Lula/Dilma nesses oito anos. Este reflete e sabe da necessidade de uma sociedade mais justa, sabe que este agora é um caminho sem volta e só assim poderemos prosperar ainda mais. Um desses ricos é Jorge Gerdau Johanpetter, o homem do aço, que há duas semanas deu almoço para Dilma em Porto Alegre. Mas isso não saiu nos jornais. Não devia interessar..."
Hildegard Angel,colunista carioca
em 16out2010, via, olhonamira
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O movimento pela qualidade, Gerdau e Dilma


do blog Luis Nassif Online
por Luis Nassif

Estou chegando da premiação da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ), na Sala São Paulo. Não fiquei até o fim. Amanhã, acordo às 5 da matina para viajar para Marabá.

Mas deu tempo para um belo contato com os militantes do movimento que mudou a face do país – e uma longa conversa com o pai de todos, Jorge Gerdau.

Coube a ele ainda no Bolo de Noiva convencer o presidente eleito Fernando Collor da importância dos programas de gestão. A partir dessas conversas iniciais, nasceu a própria FNQ e o Sebrae foi remodelado para atender às pequenas e micro empresas.

Depois, no governo FHC, batalhamos juntos para convencer o então Ministro da Administração Luiz Carlos Bresser Pereira a criar o Prêmio de Qualidade do Setor Público. Durante um ou dois anos participei como jurado – aprendendo em toda reunião com os craques da qualidade que também compunham o júri, entre os quais Gerdau.

Os olhos de Gerdau brilham com intensidade quando fala em qualidade no setor público. Lembre que os três governos que abraçaram a bandeira – Eduardo Campos, em Pernambuco, Aécio Neves, em Minas, e Paulo Hartung, no Espírito Santo – venceram as eleições por larga margem.

Na roda, outro membro do movimento fala das diferenças entre eles: 
  • Eduardo Campos: pondo a mão na massa e conduzindo pessoalmente a gestão;
  • Aécio Neves: entrando apenas nas articulações políticas e deixando o dia-a-dia sob o comando de Antônio Anastásia.

Indago de Gerdau sobre sua disposição de aceitar o convite de Dilma Rousseff para ajudar em um conselho presidencial, que opine sobre temas de gestão. Lembro a extrema importância de Nelson Rockefeller que nos anos 50 foi incumbido por Eisenhower da reformar o Estado americano. De seus trabalhos nasceu a moderna conformação do Departamento de Estado, da Agricultura, do Tesouro. Os olhos de Gerdau brilham mais.

Explicou que não aceitou Ministério porque detestaria cuidar de estruturas burocráticas. Considera-se uma mão de obra muito cara para ficar assinando despachos burocráticos. Como membro desse comitê de assessoramento, o jogo é outro. Indago qual o tempo que deixará disponível para os trabalhos de gestão no governo Dilma. A resposta é imediata: "O tempo que for necessário".

A conversa engata com Antonio Maciel, da Suzano – e primeira pessoa a me alertar para a revolução que surgia com os programas de qualidade no início dos anos 90. Há quase um consenso de que os próximos anos poderão ser históricos, a consolidação de bandeiras que vimos defendendo há quase duas décadas – uma das premiações das quais mais me orgulho foi a de ter sido escolhido pelo FNQ, alguns anos atrás, como uma das 25 ou 35 pessoas que mais contribuíram para a disseminação dos conceitos de qualidade no país.

Há consenso de que nem FHC nem Lula tinham grandes aptidões para a gestão – Lula compensando com sua notável intuição, como ressalta Gerdau. Mas Dilma, não, é gestora, objetiva e, para substituir Lula, terá que produzir um grande governo. Há esperanças de que pela primeira vez a questão da gestão pública entre no centro das preocupações do governo e o estímulo ao investimento se transforme em bandeira.
No salão repleto, há um orgulho genuíno com os feitos da qualidade. Numa roda ao lado, um consultor conta que foi conversar com o pessoal da BHP Billiton, a grande mineradora australiana. E eles informaram que o modelo de gestão brasileiro virou top no mundo. A própria ISO (sistema de certificação) foi alterado incorporando conceitos desenvolvidos no âmbito dos programas de qualidade brasileiros.
Hoje em dia, o movimento ganhou outra dimensão. O modelo pioneiro, de mapear processos e reduzir custos já foi superado, incorporando-se definitivamente ao universo empresarial. Agora, o desafio é incutir o conceito de inovação em todas as fases do processo.

No ambiente superlotado, é possível ver grandes empresas públicas, como o Inmetro e a Cemig, grandes grupos privados, como o Laboratório Fleury, Natura, CPFL, Gerdau. Até a hora que fiquei, não se via uma autoridade presente, nem federal nem estadual. Mas em várias todas estavam os pioneiros do movimento e a jovem guarda, os rapazes que pegaram o bastão e levaram adiante.

Quando olho para frente, às vezes dá um desânimo com o tanto de avanços de que o país necessita. Mas quando olho para os não tão longínquos vinte anos atrás, é possível perceber como o país avançou.