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sexta-feira, 1 de abril de 2011

EUA e China na ótica da Rússia

29/3/2011,
por MK Bhadrakumar,

via blog viomundo

Tradução do Coletivo da Vila Vudu

“Tempos de Dificuldades” [ing. Times of Troubles] é imagem arquetípica na consciência dos russos. A expressão evoca memórias coletivas da dolorosa história russa, quando, por longos períodos de tempo, às vezes por décadas a fio, o “centro” não conseguiu manter a própria coesão interna e tudo se tornou volátil e o país, de certo modo, fundiu-se. Também faz a Rússia lembrar a também dolorosa história das invasões estrangeiras. Por tudo isso, quando figura de destaque da comunidade estratégica russa fala de “Tempos de Dificuldades” que haveria à vista, no futuro dos russos, a expressão pesa toneladas e dá peso equivalente a todo o discurso; muito mais, se aparece em discurso do general Makhmud Gareyev, presidente da Academia de Ciências Militares da Rússia.

Em relatório que apresentou à academia militar no sábado passado em Moscou, em sessão da qual participou o mais alto escalão militar russo (dentre outros, Nikolai Makarov, chefe do comando do estado-maior da Rússia), Garyev alertou que a Rússia enfrenta hoje ameaças e desafios, no futuro próximo, que são as mais graves de sua história desde os “Tempos de Dificuldades” de 1612. [Os tempos de anarquia que a Rússia viveu entre 1598 e 1613, quando o país foi conquistado por poloneses e lituanos e um terço da população morreu de inanição e fome.]

As palavras de Garyev foram:
“No que tenha a ver com segurança, a Rússia jamais viveu época de tais e tantas ameaças como as se veem crescer nesse início do século 21, desde talvez 1612.”
E prosseguiu:
“Nosso país enfrentará terríveis pressões geopolíticas nos próximos anos, basicamente vindas de EUA e China. E temos de fazer o que for possível para não enveredar por qualquer tipo de rota de colisão com EUA e China.”

Recomendou que Moscou otimize todas suas competências e habilidades diplomáticas para evitar os perigos que se avizinham.

Gareyev destacou “o caráter global” que a guerra contemporânea está assumindo, agora que exércitos dos EUA já ocupam por terra territórios no Iraque e no Afeganistão e, por enquanto apenas por ar, também a Líbia.

Gareyev também chamou a atenção – detalhe importante – para o fato de que a China jamais parou de fortalecer-se militarmente, embora em idas e vindas, mas sempre com claros objetivos estratégicos. Em janeiro, por exemplo, a China fez coincidir um teste de voo (bem sucedido) de seu avião bombardeiro J-20 (com tecnologia “stealth” [invisível para os radares]) com a visita ao país do Secretário de Defesa dos EUA Robert Gates.

Na opinião de Garyev, os futuros conflitos absolutamente não serão conflitos só regionais ou locais.
“As forças militares dos EUA já estão presentes e ativas em todas as direções estratégicas – norte, sul, oriente e ocidente –, por todo o planeta ”.

Para comprovar que essa ameaça é real e crescente, Gareyev recomendou que a Rússia avalie os riscos realisticamente e com a máxima objetividade.

Criticou diretamente os think-tanks ultraliberais russos que “continuam a enganar a opinião pública”, fazendo crer que não haveria nuvens à vista.
A Rússia enfrenta ameaças graves, reais, no campo da defesa. Se essas ameaças não forem neutralizadas politicamente, não serão neutralizadas de modo algum (…)  e o inimigo, como em 1941, descarregará sobre nossas costas o peso maior.”

A Rússia está iniciando programa massivo de modernização militar que custará cerca de 650 bilhões de dólares. Mas é evento raríssimo que os estrategistas militares russos falem abertamente sobre ameaças que pressintam ou conheçam vindas da China.

Ainda que se deva conceder que é provável que Garyev estivesse argumentando, sobretudo, a favor de aumento drástico nos gastos militares, sua fala atraiu atenção em todo o mundo, como fala autorizada do mais alto comando estratégico russo.

Além disso, a publicidade dada ao discurso de Garyev na mídia russa indica que visa a ecoar também na opinião pública russa a qual, até agora foi seduzida exclusivamente para aprovar as políticas manifestas de “reset” com os EUA e de “parceria estratégica” com a China.

Fonte: Blog Viomundo - Luiz Carlos Azenha

quinta-feira, 31 de março de 2011

Os EUA dos tempos modernos - me fez lembrar do Brasil.

Ehhh!!!! A "coisa" tá feia! Muito feia!
Como gostamos de copiá-los... sabem o que nos espera, né!

A última coluna de Bob Herbert no "New York Times"

Via Blog Luis Nassif
por Por Luiz Lima

Amig@s,

cheguei a este artigo - que o blog do Gadelha traduziu e postou - através da indicação de um amigo em uma lista de discussão. Trata-se da última coluna de Bob Herbert - sem dúvida o comentarista mais liberal (no sentido que esta palavra tem nos EUA) do "NYT", e que escreveu para o jornal durante dezoito anos.

Trata-se de um triste - e preciso - retrato do que são os Estados Unidos nos dias em que vivemos.
Luiz Lima
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Perdendo o rumo
Bob Herbert

Cá estamos despejando rios de dinheiro em outra guerra, dessa vez na Líbia, e, simultaneamente, demolindo os orçamentos escolares, fechando bibliotecas, demitindo professores e policiais e destruindo nossa qualidade de vida.

Bem-vindo à América da segunda década do século 21. Um exército de trabalhadores permanentes desempregados por todo o país, consequências humanas da Grande Recessão e de longos anos de políticas econômicas mal planejadas. O otimismo está em baixa. Os poucos empregos criados muito frequentemente pagam uma ninharia, insuficiente para abrir as portas para um padrão classe média de vida.

Arthur Miller, ecoando o poeta Archibald MacLeish, gostava de dizer que a essência da América foram as suas perspectivas. Isso foi há muito tempo. A ganância sem limites, o poder desenfreado das corporações e uma dependência feroz de petróleo estrangeiro nos levaram a uma era de guerra perpétua e de declínio econômico. Os jovens de hoje estão diante de um futuro que será inferior ao dos mais velhos, uma reversão que deve chacoalhar todo mundo.

Os EUA não apenas se equivocaram em suas prioridades. Quando o país mais poderoso de todos os tempos mergulha facilmente no horror da guerra, mas torna quase impossível encontrar um trabalho digno para o seu povo ou oferecer educação de qualidade para seus jovens, é que já perdeu o rumo totalmente.
Cerca de 14 milhões de americanos estão desempregados e as perspectivas para muitos deles são desagradáveis. Uma vez que existe apenas um posto de trabalho disponível para cada cinco pessoas à procura de trabalho, quatro dos cinco se deram mal. Em vez de uma terra de oportunidades, os EUA são cada vez mais um lugar de expectativas limitadas.

Um professor universitário em Washington me disse essa semana que alguns de seus graduados conseguiram emprego, mas sem ganhar bem, certamente não o suficiente para pensar em aumentar a família.

Há uma abundância de atividade econômica nos EUA, e muita riqueza. Mas, como crianças gulosas, as pessoas no topo estão pegando pra elas quase todas as "bolas de gude". As desigualdades de renda e de riqueza chegaram a níveis que fariam corar o terceiro mundo. Como informou o Instituto de Política Econômica, os 10 por cento mais ricos dos americanos receberam injustos 100 por cento do crescimento médio da renda nos anos de 2000 a 2007, o período mais recente período de expansão econômica.
Os americanos comportam-se como se isso fosse algo normal ou aceitável. Não deve ser, e não costumava ser. Durante grande parte do pós-Segunda Guerra Mundial, a distribuição de renda era muito mais justa, com os 10 por cento das famílias do topo conquistando apenas um terço do crescimento médio da renda, e os 90 por cento da base recebendo dois terços. Isso agora é realmente coisa do passado.


A má distribuição da riqueza atual é escandalosa.
Em 2009, os 5 por cento mais ricos pegaram 63,5 por cento da riqueza da nação. Enquanto a maioria esmagadora, os 80 por cento da base, pegou apenas 12,8 por cento.

Essa desigualdade, no qual um segmento enorme da população luta e uns poucos afortunados ficam no bem bom, é a receita para a agitação social. A mobilidade descendente é um fusível em curto, pronto para levar a graves consequências.

Um exemplo gritante dessa injustiça tão generalizada estava no título do The New York Times de sexta-feira: "Estratégias da GE permitem evitar impostos completamente." Apesar dos lucros de 14,2 bilhões dólares - 5,1 bilhões dólares em suas operações nos Estados Unidos - a General Electric não teve que pagar qualquer imposto nos EUA no ano passado.

Como David Kocieniewski do Times escreveu: "O êxito extraordinário é baseado em uma estratégia agressiva que mistura forte lobby para benefícios fiscais com contabilidade inovadora que permite concentrar os seus lucros no exterior."

A GE é a maior corporação do país. Seu principal executivo, Jeffrey Immelt, é o líder do Conselho sobre Emprego e Competitividade do presidente Barack Obama . Você pode imaginar como os trabalhadores devem olhar para este acolhedor arranjo governo-corporações e concluir que ele não está plenamente comprometido com os interesses do povo trabalhador.

Os profundos desequilíbrios entre riqueza e renda, inevitavelmente, levarão a enormes desequilíbrios de poder político. Assim, as corporações e os muito ricos continuam muito bem. A crise do emprego nunca é encarada. As guerras nunca terminam. E a construção da nação nunca tem apoio entre nós.

Novas idéias e novas lideranças nunca foram tão necessárias.
[O interessante é que o Brasil na era FHC seguia este mesmo rumo, elegemos Lula em 2003 e ele veio com novas ideias e estamos, hoje, vivendo um de nossos melhores momentos mesmo com o mundo estando passando pela maior crise deste 1929.]

Esta é minha última coluna do The New York Times, após quase 18 emocionantes anos. Saio para escrever um livro e aumentar os meus esforços em nome dos trabalhadores, dos pobres e de outros que estão lutando em nossa sociedade. Agradeço a todos os leitores que foram tão bondosos comigo ao longo dos anos. Daqui pra frente posso ser encontrado através do e-mail bobherbert88@gmail.com.

Bob Herbert

Fonte: Blog Luis Nassif

domingo, 16 de janeiro de 2011

Documentário - Irã não é o problema

Documentário fundamental para entender a atual questão nuclear do Irã!

(EUA, 2009, 79min. - Direção: Aaron Newman)

O Irã é uma ameaça aos EUA e seus aliados?
Quando o Irã foi colocado pelo Governo Bush no "Eixo do Mal", a grande maioria da população iraniana, que até então era pró-Estados Unidos ficou indignada, a mesma população, que após o 11 de Setembro, fez vigília em respeito às vítimas dos ataques.

Por que essa obstinação dos EUA em querer abrir um novo fronte?
Será que é por causa do Programa de Energia Nuclear do Irã (comprovado ser para fins pacíficos pelos técnicos da Agência Internacional de Energia Atômica), ou será porque o país é a terceira maior reserva de petróleo no mundo, ficando atrás somente da Arábia Saudita e o Iraque, ambos controlados por governos fantoches dos EUA? Por que todos os países tem direito de explorar energia nuclear, menos o Irã?

Por que o Irã, que sempre respeitou o Acordo de Não-Proliferação de Armas Nucleares, é alvo da Mídia Tradicional, enquanto países como a Índia, o Paquistão e Israel, que tem apoio dos EUA para programas nucleares, só que para fins bélicos, não nem sequer citados por ela? Israel, por exemplo, ofereceu-se e, vender ogivas para o ex-governo do Apartheid na África do Sul.

E finalmente, por que os EUA, o país que mais desrespeita esse acordo, pode exigir alguma coisa?



Um acirramento nas relações entre os conservadores americanos e os conservadores iranianos só irá fortalecê-los mais diante desse panorama violento. Quem perde são os povos e a democracia de todo o mundo.

Não podemos olhar essa questão de forma indiferente, já que o Brasil vem se tornando um enorme produtor de petróleo, num mundo cada vez mais escasso dessa riqueza.

Para baixar o Documentário acesse o DocVerdade


Fonte: DocVerdade

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Como vai ficar o SBT? Governo Federal socorre o Banco de Silvio Santos

Engraçado, passou os oito anos do Governo Lula tentando o golpe não só contra o governo, mas também, contra o Estado dizendo que este não deveria intervir na economia... agora não faz nenhuma objeção em receber 2 Bilhões do Estado Brasileiro via o governo Lula...

Banco de Silvio pede socorro. Como fica o SBT ?
 
Conversa Afiada - PHA
 
Saiu no Estadão Online:

Silvio Santos levanta empréstimo de 2,5 bilhões de reais do Banco Central para salvar o seu Banco Panamericano.

É uma operação de emergência para cobrir o buraco de empréstimos fictícios.

Ou seja, o Banco do Silvio fraudava o balanço.

O empréstimo de emergência de um fundo especial do Banco Central é de 2,5 bilhões de reais, uma quantia que provavelmente ultrapassa, de longe, a capacidade de endividamento de uma empresa como o SBT, em terceiro lugar no mercado de televisão e dirigida por um empresário de 80 anos.

Quem vai comprar o Banco ?

A Caixa pagou recentemente 700 milhões de reais para ter 49% do Panamericano.

Ela se interessaria em assumir o controle total ?

Ou será que o grupo português do Banco Espírito Santo, aqui no Brasil representado pela empresa Ongoing, se interessaria pelo negócio ?

A Ongoing já comprou no Rio o jornal O Dia e abriu o concorrente do Valor, o Brasil Econômico.

Para desespero da Globo.

E o SBT ?

Interessa também à Ongoing ?

Ontem, este ordinário blogueiro ouviu que Eike Batista está interessado no SBT.

E no Panamericano, Eike também estaria interessado ?

A indústria da televisão começa a se mexer.


Paulo Henrique Amorim

Fonte: Conversa Afiada - Paulo Henrique Amorim


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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Nota de repúdio-2 - Essa veio da pena "afiada" de um tucano de alta plumagem

Para fazer justiça, cito um dos tucanos que ainda merecem respeito pelo seu espírito Republicano. Falo de  Bresser Pereira que em mais outro acertado artigo completa e mata de vez a questão destas eleições que, repito mais uma vez, foi a meu ver a mais suja e rasteira de todas feitas até hoje no Brasil.


Dois males afinal evitados

Eleição rejeitou udenismo moralista e potencialmente golpista e americanização das discussões políticas 

 Luiz Carlos Bresser Pereira
Folha de São Paulo, via blog
Leituras Favre


As eleições do último domingo foram livres e democráticas. Foram próprias de uma democracia consolidada, porque o Brasil conta com uma grande classe média de empresários e de profissionais e com uma classe trabalhadora que participa dos ganhos de produtividade.

Porque conta com um sistema constitucional-legal dotado de legitimidade e garantido por um Estado moderno, que é efetivo em garantir a lei e crescentemente eficiente em gerir os serviços sociais e científicos que permitem reduzir a sua desigualdade.

É verdade que os dois principais candidatos não conseguiram desenvolver um debate que oferecesse alternativas programáticas e ideológicas claras aos eleitores. Por isso, a grande maioria dos analistas os criticou. Creio que se equivocaram.

O debate não ocorreu porque a sociedade brasileira é hoje uma sociedade antes coesa do que dividida. Sem dúvida, a fratura entre os ricos e os pobres continua forte, como as pesquisas eleitorais demonstraram. Mas hoje a sociedade brasileira é suficientemente coesa para não permitir que candidatos com programas muito diferentes tenham possibilidades iguais de serem eleitos -o que é uma coisa boa.


Os dois males que de fato rondaram as eleições de 31 de outubro foram:
  • os males do udenismo moralista e potencialmente golpista
  • o da americanização do debate político.

Quando setores da sociedade e militantes partidários [ele não cita que são do partido dele, mas entenda PSDB] afirmaram que a candidata eleita representava uma ameaça para a democracia, para a Constituição e para a moralidade pública, estavam retomando uma prática política que caracterizou a UDN (União Democrática Nacional), o partido político moralista e golpista que derrubou Getulio Vargas em 1954.

Não há nada mais antipolítico ou antidemocrático do que esse tipo de argumento e de prática. As três acusações são gravíssimas; se fossem verdadeiras - e seus proponentes sempre acham que são - justificam o golpe de Estado preventivo. Felizmente a sociedade brasileira teve maturidade e rejeitou esse tipo de argumento.

Quanto ao mal da americanização da política, entendo por isso a mistura de religião com política em um país moderno.
Os Estados Unidos, que no final da Segunda Guerra Mundial eram o exemplo de democracia para todo mundo, experimentaram desde então decadência política e social que teve como uma de suas características a invasão da política por temas de base religiosa como a condenação do aborto.
[sobre a potência decadente, Bresser escreveu outro excelente texto que merece ser lido e que está no final deste post sob o título "Irão e o Império decadente"] 

De repente um candidato passa a ser amigo de Deus ou do diabo, dependendo de ser ele “a favor da vida” ou não. A separação entre a política e a religião - a secularização da política - foi um grande avanço democrático do século 19. Voltarmos a uni-las, um grande atraso, a volta à intolerância.

A sociedade brasileira resistiu bem às duas ameaças. E a democracia saiu incólume e reforçada das eleições.

Em seu discurso após a eleição, Dilma Rousseff reafirmou seu compromisso com os pobres, ao mesmo tempo em que se dispôs a realizar uma política de conciliação, não fazendo distinção entre vitoriosos e vencidos.

Estou seguro que será fiel a esse compromisso, como o foram os últimos presidentes. Nossa democracia o exige e permite




Outros textos de Bresser Pereira que valem a pena ler:




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