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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Projeto Aquarius - A tentativa de criar a plataforma de dados abertos

Do Estadão
via, blog Luis Nassif
Mercadante, ministro da Ciência e Tecnologia, se reúne com hackers em São Paulo para definir padrões para o projeto Aquarius
SÃO PAULO – “Isso aqui está parecendo mais o Penha-Lapa”, disse o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Aloízio Mercadante, ao buscar um lugar para se sentar. A sala estava tomada por programadores, hackers, ativistas e jornalistas na Casa de Cultura Digital, espaço que abriga várias empresas de tecnologia em São Paulo.
O ministro esteve lá na tarde desta segunda-feira, 5, para apresentar aos hackers o Projeto Aquarius, uma plataforma de dados abertos do ministério. A ideia do projeto é criar um espaço para abrigar desde dados administrativos – como gastos das instituições – até detalhes sobre a concessão de bolsas.
O plano do MCTI é criar uma pataforma em software livre que possa ser readapatada e utilizada em outras instâncias do governo, e até mesmo por governos de outros países.
Há poucas definições sobre como exatamente será o projeto. Foi por isso que o ministro, cumprindo a promessa de”ouvir os hackers”, organizou um encontro com os ativistas que trabalham criando software e aplicativos sobre os dados do governo. “Nós queremos contornar a visão preconceituosa que tenta criminalizar quem tem essa visão libertária”, disse ele sobre os hackers. “O Brasil precisa reconhecer que parte do conhecimento não está nas empresas, e nem sempre nas universidades. Está numa comunidade que se relaciona na rede”. E completou afirmando que “o movimento hacker foi o que deu a alma para a internet”.
Passada meia hora de reunião, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) apareceu para assistir a apresentação. Ele se acomodou em uma almofada no chão até que lhe fosse cedida uma cadeira.
O projeto Aquarius terá integração com outros sistemas, como o IBGE e o Finep, e possibilitará uma “melhor fiscalização das despesas”. Os hackers colaborarão não só com a utilização dos dados para criação de apps, mas também com a própria plataforma.
“Haverá abertura total para a colaboração de vocês”, afirmou Paulo Henrique Santana, responsável por criar a plataforma Lattes em 1998 e hoje responsável pelo projeto. O Ministério ainda não sabe qual será o padrão de abertura, mas “haverá abertura total para a colaboração de vocês”.
A plataforma, porém, não é 100% livre – há alguns pontos em que foi preciso utilizar softwares proprietários, o que provocou preocupação entre os presentes. Pedro Markun, criador da comunidade Transparência Hacker, sugeriu que o governo disponibilizasse o código-fonte para que a comunidade encontre o que é proprietário e trabalhe com alternativas. O sociólogo e ativista Sérgio Amadeu sugeriu a abertura de editais para a conversão desses softwares.
Os programadores também sugeriram que o governo adotasse a linguagem de programação Python, mais aberta, em lugar da Java. O Ministério, porém, disse que isso não é mais possível. “Sempre que se começa com software proprietário, é difícil conseguir migrar depois”, disse o programador Diego Rabatone, criticando a restrição.
Mercadante garantiu que o governo se esforçará para adotar o software livre na plataforma. Segundo ele, os primeiros dados serão disponibilizados no final deste ano. E a conversa, prometeu, deve continuar na lista que reúne os hackers.
“Vamos ter que modernizaer as instituições, a administração pública se sente insergura com isso, há um risco no processo político, mas esse é um caminho sem volta”, disse o ministro.

Fonte: Blog Luis Nassif

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Wikileaks - Julian Assange, o 1º preso político global da Internet

O 1º preso político global da internet e a Intifada eletrônica


Julian Assange é o primeiro geek caçado globalmente: pela superpotência militar, por seus estados satélite e pelas principais polícias do mundo. É um australiano cuja atividade na internet catupultou-o de volta à vida real com outra cidadania, a de uma espécie de palestino sem passaporte ou entrada em nenhum lugar. Ele não é o primeiro a ser caçado pelo poder por suas atividades na rede, mas é o primeiro a sofrê-lo de um jeito tentacular, planetário e inescapável. Enquanto que os blogueiros censurados do Irã seriam recebidos como heróis nos EUA para o inevitável espetáculo de propaganda, Assange teve todos os seus direitos mais elementares suspensos globalmente, de tal forma que tornou-se o sujeito mundialmente inospedável, o primeiro, salvo engano, a experimentar essa condição só por ter feito algo na internet. Acrescenta mais ironia, note-se, o fato de que ele fez o mais simples que se pode fazer na rede: publicar arquivos .txt, palavras, puro texto, telegramas que ele não obteve, lembremos, de forma ilegal.

Assange é o criminoso sem crime. Ao longo dos dias que antecederam sua entrega à polícia britânica, os aparatos estatal-político-militar-jurídico dos EUA e estados satélite batiam cabeças, procurando algo de que Assange pudesse ser acusado. Se os telegramas foram vazados por outrem, se tudo o que faz o Wikileaks é publicar, se está garantido o sigilo da fonte e se os documentos são de evidente interesse público, a única punição passível, por traição, espionagem ou coisa mais leve que fosse, caberia exclusivamente a quem vazou. O Wikileaks só publica. Ele se apropria do que a digitalização torna possível, a reprodutibilidade infinita dos arquivos, e do que a internet torna possível, a circulação global da hospedagem dessas reproduções. Atuando de forma estritamente legal, ele testa o limite da liberdade de expressão da democracia moderna com a publicação de segredos desconfortáveis para o poder. Nesse teste, os EUA (Departamento de Estado, Justiça, Democratas, Republicanos, grande mídia, senso comum) deixaram claro: não se aplica a Primeira Emenda, liberdade de expressão ou coisa que o valha. Uniram-se todos, como em 2003 contra as “armas de destruição em massa” do Iraque. Foi cerco e caça geral a Assange, implacável.

Wikileaks é um relato de inédita hibridez, para o qual ainda não há gênero. Leva algo de todos: épica, ficção científica, policial, novela bizantina, tragédia, farsa e comédia, pelo menos. Quem vem acompanhando a história saberá da pitada de cada uma dessas formas literárias na sua composição. O que me chama a atenção no relato é que lhe falta a característica essencial de um desses gêneros: é um policial sem crime, uma ficção científica sem tecnologia futura, uma novela bizantina sem peregrinação, comédia sem final feliz, tragédia sem herói de estatura trágica, épica sem batalha, farsa sem a mínima graça. Kafka e Orwell, tão diferentes entre si, talvez sejam os dois melhores modelos literários para entender o Wikileaks.

Como em Kafka, o crime de Assange não é uma entidade com existência positiva, para a qual você possa apontar. Assange é um personagem que vem direto d'O Processo, romance no qual K. será sempre culpado por uma razão das mais simples: seu crime é não lembrar-se de qual foi seu crime. Essa é a fórmula genial que encontra Kafka para instalar a culpa de K. como inescapável: o processo se instala contra a memória.

O Advogado-Geral da União do governo Obama, que aceitou não levar à Justiça um núcleo que planejou ilegalmente bombardeios a populações de milhões, levou à morte centenas de milhares, torturou milhares, esse mesmo Advogado-Geral que topou esquecer-se desses singelos crimes e não processá-los, peregrinava pateticamente nos últimos dias em busca de uma lei, um farrapo de artigo em algum lugar que lhe permitisse processar Julian Assange. O melhor que conseguiram foi um apelo ao Ato de Espionagem de 1917, feito em época de guerra global declarada (coisa em que os EUA, evidentemente, não estão) e já detonado várias vezes—mais ilustremente no caso Watergate—pela Suprema Corte.



À semelhança do 1984 de Orwell, o caso Wikileaks gira em torno da vigilância global mas, como notou Umberto Eco num belo texto, ela foi transformada em rua de mão dupla. O Grande Irmão estatal o vigia, mas um geek com boas conexões nas embaixadas também pode vigiar o Grande Irmão. Essa vigilância em mão dupla é ao mesmo tempo uma demonstração do poder da internet e um lembrete amargo de quais são os seus limites. Assange segue preso, com pedido de fiança negado (embora o relato seja que o Juiz se interessou pela quantidade de gente disposta a interceder por ele e vai ouvir apelo) e, salvo segunda ordem, está retido no Reino Unido até o dia 14/12. A acusação que formalmente permitiu a captura é o componente farsesco do caso, numa história que vai de camisinhas furadas em sexo consensual à possíveis contatos das personagens com a CIA.

No campo dos cinco "escolhidos" para repercutir a rede anônima, não resta a menor dúvida: cabeça e tronco acima dos demais está o Guardian, que tem tomado posição, feito jornalismo de verdade, e mantém banco de dados com o texto dos telegramas. Brigando pelo segundo lugar, El país e Spiegel, com o Le Monde seguindo atrás. Acocorado abaixo de todos os demais, rastejante em dignidade e decência, o New York Times, que se acovardou outra vez quando mais era de se esperar jornalismo minimamente íntegro. A área principal da página web do jornal, na noite de 07/12, não incluía uma linha sequer sobre a captura que mobilizou as atenções de ninguém menos que o Departamento de Estado:


Enquanto isso, a entrevista coletiva de Obama acontecia com perguntas sobre o toma-lá-dá-cá das emendas entre Republicanos e Democratas, e silêncio sepulcral sobre o maior escândalo diplomático moderno dos EUA. Nada como a imprensa livre.

A publicação dos telegramas não para, evidentemente, no que é outra originalidade do caso: a não ser que você acredite que a acusação sexual na Suécia foi a razão real pela qual o aparato policial do planeta foi mobilizado para prender Assange, cabe notar que o “crime” que motivou a prisão continuará sendo praticado mesmo com o “criminoso” já capturado. O caso Wikileaks inaugura o crime que continua acontecendo já com o acusado atrás das grades: delito disseminado como entidade anônima e multitudinária na Internet. 100.000 pessoas têm os arquivos do Cablegate, proliferam sites espelho com os telegramas já tornados públicos. E a Intifada está declarada na rede, com convocatórias a ataques contra os sites que boicotaram o Wikileaks.


Atualização: e os EUA estão mesmo tentando com os britânicos e suecos a extradição de Assange para processá-lo por ... espionagem!

Atualização II: No Diário Gauche, há um belo vídeo com entrevista de Assange em Oxford, com legendas e tudo.



Fonte: NovaE


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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

WikiLeaks: os hackers "compram" a briga

WikiLeaks: os hackers entram na guerra
Enviado por luisnassif,
Um grupo de ativistas auto denominados "Operation Payback" derrubou ontem o site do banco PostFinance em retaliação ao bloqueio da conta que Assange mantinha aí, com cerca de 31.000 euros.
Eles se responsabilizaram pelo feito através de uma conta no twitter, dizendo também que "atirarão em qualquer um que tentar censurar Wikileaks". Na manhã de segunda o site do banco ficou indisponível.
Eles prometeram também atacar outros sites, como do PayPal, que na semana passada deixou de intermediar as doações para Wikileaks. O grupo postou também um video no youtube sobre suas ações e intenções, segue aqui também.

Segue o texto original e completo:


A group of Internet activists calling themselves Operation Payback have taken credit for shutting down the website of a bank that earlier Monday froze funds belonging to WikiLeaks.

Announcing its successful hack on a Twitter account, the group declared, "We will fire at anyone that tries to censor WikiLeaks."

Earlier in the day, Swiss bank PostFinance issued a statement announcing that it had frozen 31,000 euro ($41,000 US) in an account set up as a legal defense fund for WikiLeaks founder Julian Assange.

The bank said it had frozen the account because, in opening it, Assange had claimed residency in Geneva.

"Assange cannot provide proof of residence in Switzerland and thus does not meet the criteria for a customer relationship with PostFinance," the bank said.

As of Monday evening, the PostFinance website was unavailable.

Operation Payback also promised a hack attack on PayPal, the online payment service that last week cut off WikiLeaks, denying the group a major tool for collecting donations from supporters.

With the financial noose tightening around WikiLeaks even as a legal one tightens around its founder's neck, Operation Payback has effectively declared war on the organizations working to hobble WikiLeaks.

"In these modern times, Internet access is fast becoming a basic human right," the group says in a video posted to YouTube. "Just like any other basic human right, we believe it is wrong to infringe upon it."

The video continues: "To move to censor content on the Internet based on your own prejudice is, at best, laughably impossible. The unjust restrictions you impose on us will meet with disaster, and only strengthen our resolve to disobey and rebel against your tyranny."

WikiLeaks has in recent days been under a deluge of cyber-attacks that led to its DNS registration for its .org URL being taken down, but by mid-Monday the site had reappeared onmore than 500 different domains.

News sources in Britain reported late Monday that Assange has arranged to meet with British police on Tuesday, and will likely face a court hearing over an international warrant issued by Sweden in connection with accusations of sexual assault. The criminal probe does not allege non-consensual sex, only that Assange had sex with two women without a condom.

Supporters of the secret-spilling organization argue that the controversies surrounding WikiLeaks -- from the unusual criminal probe against Assange, to banks freezing their funds -- are part of a global campaign to shut down a website that has embarrassed world leaders on numerous occasions.

WikiLeaks - O Artigo de Julian Assenge escrito antes dele ser preso.

via blog luisnassif,07/12/2010-17:04


Por baarbaaraa

Texto de Julian Assange escrito horas antes de sua prisão

Em 1958 um jovem Rupert Murdoch, então proprietário e editor do “The News” de Adelaide(Austrália), escreveu: “Na corrida entre o segredo e a verdade, parece inevitável que a verdade sempre vença.”

Sua observação talvez tenha sido um reflexo da revelação de seu pai, Keith Murdoch, sobre o sacrifício desnecessário de tropas australianas nas costas de Gallipoli, por parte de comandantes britânicos incompetentes. Os britânicos tentaram calá-lo, mas Keith Murdoch não seria silenciado e seus esforços levaram ao termino da desastrosa campanha de Gallipoli.


Foto: Luiz Nassif, acessado em 07dez2010
O fundador do site WikiLeaks, o australiano Julian Assange
Quase um século depois, o Wikileaks também publica sem medo fatos que precisam ser tornados públicos. Eu cresci numa cidade do interior do estado de Queensland, onde as pessoas falavam de maneira curta e grossa aquilo que pensavam. Eles desconfiavam do governo (‘big government’) como algo que poderia ser corrompido caso não fosse vigiados cuidadosamente. Os dias sombrios de corrupção no governo de Queensland, que antecederam a investigação Fitzgerald, são testemunhos do que acontece quando políticos impedem a mídia de reportar a verdade.

Essas coisas ficaram comigo. O Wikileaks foi criado em torno desses valores centrais. A ideia concebida na Austrália era usar as tecnologias da internet de maneira a reportar a verdade. O Wikileaks cunhou um novo tipo de jornalismo: o jornalismo científico. Nós trabalhamos com outros suportes de mídia para trazer as notícias para as pessoas, mas também para provar que essas notícias são verdadeiras. O jornalismo científico permite que você leia as notícias, e então clique num link para ver o documento original no qual a notícia foi baseada. Desta maneira você mesmo pode julgar: Esta notícia é verdadeira? Os jornalistas a reportaram de maneira precisa?

Sociedades democráticas precisam de uma mídia forte e o Wikileaks faz parte dessa mídia. A mídia ajuda a manter um governo honesto. Wikileaks revelou algumas duras verdades sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão, e notícias defeituosas (‘broken stories’) sobre corrupção corporativa.

As pessoas afirmaram que sou anti-guerra: que fique registrado, eu não sou. Algumas vezes, nações precisam ir à guerra, e simplesmente há guerras. Mas não há nada mais errado do que um governo mentir à sua população sobre estas guerras, e então pedir a estes mesmos cidadãos que coloquem suas vidas e o dinheiro de seus impostos a serviço destas mentiras. Se uma guerra é justificável, então diga a verdade e a população dirá se deve apoiá-la ou não.

Se você leu qualquer um dos relatórios de guerra sobre o Afeganistão e o Iraque, qualquer um dos telegramas das embaixadas estadunidense ou qualquer uma das notícias sobre as coisas que o Wikileaks tem reportado, considere quão importante é que toda a mídia possa reportar tais fatos livremente.

O Wikileaks não é o único que publicou os telegramas das embaixadas dos Estados Unidos. Outros suportes de mídia, incluindo o britânico The Guardian, o The New York Times, o El País e o Der Spiegel na Alemanha publicaram os mesmos telegramas. Porém é o Wikileaks como coordenador destes outros grupos, que tem sido alvo dos mais virulentos ataques e acusações por parte do governo estadunidense e seus acólitos. Eu tenho sido acusado de traição, mesmo sendo cidadão australiano e não estadunidense. Tem havido inúmeros sérios clamores nos EUA para que eu seja capturado por forças especiais estadunidenses. Sarah Palin diz que eu deveria ser “caçado como Osama Bin Laden”. Uma lei republicana tramita no senado norte-americano buscando declarar-me uma “ameaça transnacional” e tratar-me correspondentemente. Um assessor do gabinete do primeiro-ministro canadense clamou em rede nacional de televisão que eu fosse assassinado. Um blogueiro americano clamou para que o meu filho de 20 anos de idade aqui na Austrália fosse sequestrado e ferido por nenhum outro motivo além de um meio de chegar até mim.

E os australianos devem observar sem orgulho a desgraçada anuência a estes sentimentos por parte da Primeira ministra australiana Guillard e a secretária do Estado dos EUA Hillary Clinton, as quais não emitiram sequer uma palavra de crítica às demais organizações midiáticas. Isto por que o The Guardian, The New York Times e Der Spiegel são velhos e grandes, enquanto o Wikileaks é ainda jovem e pequeno.

Nós somos os vira-latas. O governo Guillard está tentanto atirar no mensageiro porque não quer que a verdade seja revelada, incluindo informações sobre as suas próprias negociações diplomáticas e políticas.

Houve alguma resposta por parte do governo australiano às inúmeras ameaças públicas de violência contra mim e outros colaboradores do Wikileaks? Não me parece absurdo supor que a primeira ministra australiana deveria estar defendendo os seus cidadãos de ações dessa natureza, porém, de sua parte, tem havido apenas alegações infundadas de ilegalidade. A Primeira ministra e especialmente o Procurador-Geral deveriam levar a cabo suas obrigações com dignidade e acima das disputas. Que fique claro que esses dois pretendem salvar a própria pele. Eles não conseguirão.

Toda vez que o Wikileaks publica a verdade sobre abusos cometidos pelas agências dos EUA, políticos australianos entoam o coro provavelmente falso com o Departamento de Estado: “Você colocará vidas em risco! Segurança nacional! Você colocará em perigo as nossas tropas!” E então eles dizem que não há nada de importante no que o Wikileaks publica.

Mas as nossas publicações estão longe de serem desimportantes. Os telegramas diplomáticos dos EUA revelam alguns fatos inquietantes:

Os EUA pediram a sua diplomacia para que roubassem material humano (“personal human material”) e informações de oficiais da ONU e grupos de direitos humanos, incluindo DNA, impressões digital, scans de íris, números de cartão de crédito, senhas da internet e fotos de identificação, em violação a tratados internacionais. É provável que diplomatas australianos da ONU também sejam alvos.

O Rei Abdullah da Arabia Saudita pediu aos oficiais dos EUA na Jordânia e Bahrein que interrompam o programa nuclear iraniano a qualquer custo.

A investigação britânica sobre o Iraque foi adulterada para proteger “interesses dos EUA”

A Suécia é um membro secreto da OTAN e a Inteligência dos EUA não divulga suas informações ao parlamento.

Os EUA está forçando a barra para tentar fazer com que outros países recebam detentos libertados de Guantanamo. Barack Obama concordou em encontrar o presidente esloveno apenas se a Eslovênia recebesse um prisioneiro. Nosso vizinho do Pacífico, Kiribati, foi oferecido milhões de dólares para receber detentos.

Em sua decisão histórica no caso dos Documentos do Pentágono, a Suprema Corte Americana disse: “ apenas uma impresa livre e sem amarras pode eficientemente expor fraudes no governo”. A tempestade turbulenta em torno do Wikileaks hoje reforça a necessidade de defender o direito de toda a mídia de revelar a verdade.

Julian Assange é o editor-chefe do Wikileaks
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WikeLeaks provoca mudanças em Embaixadas dos EUA no mundo

“Terremoto” WikiLeaks sacode embaixadas dos EUA em todo o mundo

6/12/2010
por Guy Adams
e Kim Sengupta,

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


Atacado por escândalo que a cada dia parece gerar nova fornada de embaraços e incômodos, o governo dos EUA está sendo forçado a empreender ampla reforma em todos os seus cargos diplomáticos, pessoal militar e agentes de inteligência, cujo trabalho afinal está exposto aos olhos do mundo, depois dos vazamentos, pela página WikiLeaks, dos telegramas diplomáticos dos EUA.

Ontem, o governo Obama enfrentava grave crise em seu serviço diplomático, entre ondas sucessivas de provas de que a continuada publicação de comunicados pressupostos confidenciais e protegidos tornará impossível – se não perigoso – o trabalho diplomático como feito até aqui por funcionários do Departamento de Estado em todo o mundo.

Apenas 1.100 dos cerca de 250 mil documentos sigilosos que WikiLeaks recebeu e divulgou já foram publicados. Portanto, aumenta o medo de que prosseguirá, nos próximos meses, a divulgação de revelações que podem desestabilizar as relações dos EUA com praticamente todos os seus aliados-chave, inflamando as tensões com governos já hostis no Oriente Médio, no Extremo Oriente e em outras regiões.

“No curto prazo, já estamos paralisados, sem poder dar um passo” – disse à Agência Reuters um diplomata sênior dos EUA. Para a mesma fonte, serão necessários no mínimo cinco anos para reconstruir relações de confiança em todo o mundo.

“A situação está péssima. Dificilmente poderia estar pior. Não há exagero algum no que lhe digo. Falando claramente, ninguém quer falar conosco. (…) Há gente que continua obrigada a falar conosco, sobretudo governos e representantes oficiais. Mas mesmo esses perguntam antes de qualquer contato: “Vocês vão escrever sobre o que discutirmos aqui?”

Há informes de que o Pentágono, a CIA e o Departamento de Estado estão listando todos os funcionários do serviço diplomático que assinaram os telegramas mais comprometedores e que mais problemas criaram, dentre os que já foram publicados por WikiLeaks. Todos esses terão de ser removidos dos postos em que estão, em todos os casos os postos mais estrategicamente importantes da diplomacia norte-americana.

Dentre os diplomatas cujas opiniões privadas foram divulgadas para o mundo, para grande embaraço dos EUA, está Gene Cretz – embaixador dos EUA na Líbia, que, em 2009, escreveu o hoje já famosíssimo telegrama no qual informa ao governo dos EUA que Muammar Gaddafi não viaja sem a companhia de “uma voluptuosa loura”, sua enfermeira ucraniana.

O atual enviado dos EUA à ONU também tem sido criticado, depois da revelação de que Hillary Clinton instruiu-o a coletar números de cartões de crédito, de passes para viagens aéreas, números de telefones celulares, endereços de e-mails, senhas e outros dados de diplomatas estrangeiros e altos funcionários da ONU, inclusive do secretário-geral Ban Ki-moon.

A dificuldade para o serviço diplomático dos EUA é que os autores de vários dos mais importantes telegramas divulgados pela organização WikiLeaks são os mais experientes do corpo diplomático norte-americano, e será difícil, se não impossível, substituí-los. Até agora, nenhum dos países afetados pelos vazamentos solicitou a remoção de qualquer diplomata ou funcionário do serviço diplomático dos EUA.

“Essa é outra face dessa tragédia”, disse alto funcionário da segurança nacional ao Blog The Daily Beast [http://www.thedailybeast.com/blogs-and-stories/2010-12-04/wikileaks-cable-disaster-spurs-obama-plan-to-shake-up-key-personnel/full/full/] que, na 6ª.-feira, detalhou a extensão da crise nas embaixadas dos EUA e noticiou que a realocação dos diplomatas afetados já está planejada e acontecerá ao longo dos próximos meses.

“Teremos de deslocar alguns dos nossos melhores servidores, que sempre representaram muito bem os EUA, capazes das melhores análises –, só porque se atreveram a escrever a verdade sobre países nos quais servem.” Dentre governos estrangeiros que já se manifestaram ofendidos pelo conteúdo de um ou outro dos telegramas divulgados estão supostos aliados como França, Itália e Turquia, cujo primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan ameaçou processar o ex-embaixador dos EUA Eric Edelman por telegrama no qual o embaixador sugere que Erdogan teria dinheiro em bancos suíços.

Velhos inimigos dos EUA também estão gravemente incomodados. O presidente Dmitry Medvedev, da Rússia, é descrito num dos telegramas como “o Robin do Batman [primeiro-ministro da Rússia Vladimir] Putin”. Cuba e Venezuela são reunidas num “Eixo da Falsidade” em documento divulgado no fim de semana. Quando os primeiros telegramas foram divulgados, a Casa Branca condenou a divulgação, sob o argumento de que “poria em risco nossos diplomatas, profissionais de segurança e todos que, em todo o mundo, aproximam-se dos EUA para promover a democracia e governos mais transparentes”.

Apesar de até agora nenhum país ter requerido a expulsão dos diplomatas responsáveis pelos telegramas que mais incômodos provocaram, espera-se que comece em breve um movimento de declará-los “Persona Non Grata” – os governos declaram que um ou outro funcionário estrangeiro não é bem-vindo a um ou outro país; é ação que, na prática, leva à remoção.

“Pela nossa avaliação, é só questão de tempo”, disse um funcionário do Departamento de Estado ao Blog The Daily Beast. Fontes diplomáticas disseram ao The Independent que não há planos para remover pessoal diplomático, porque a remoção sugeriria que tivessem cometido algum erro e comprometeria a carreira dos diplomatas.

Tensões com os Estados árabes


Um dos telegramas recentemente divulgados revela que Hillary Clinton criticou o governo saudita, dizendo que o país é a principal fonte de financiamento para grupos militantes islâmicos, e que os políticos sauditas não se decidem a interromper o fluxo de dinheiro.

Em telegrama de dezembro de 2009, a secretária de Estado diz a diplomatas norte-americanos que “a ação de Riad tem sido limitada” [para interromper os fluxos de dinheiro para os Talibãs e outros grupos que atacam no Afeganistão, no Paquistão e na Índia]. E acrescentou que o Hamás conseguiu milhões na Arábia Saudita, sobretudo de peregrinos que vêm para o Hajj e o Ramadã.

A nota também fala de Qatar, Kuwait e Emirados Árabes Unidos como fonte de dinheiro para os militantes; com destaque para o Qatar – “o pior da região” –, por não cooperar com o Washington.

domingo, 5 de dezembro de 2010

O império contra-ataca 3 - Wikileaks

A ameaça a quem divulgar a Wikileaks

Enviado por luisnassif,
dom, 05/12/2010-09:14
Por Edson Joanni

O Depto. de Estado rasgou de vez a primeira emenda. Agora são os estudantes que se veem ameaçados caso divulguem ou comentem arquivos do Wikileaks em e-mails, facebook ou outras redes sociais:

State Dept. Bars Staffers from WikiLeaks, Warns Students


The U.S. State Department has imposed an order barring employees from reading the leaked WikiLeaks cables. State Department staffers have been told not to read cables because they were classified and subject to security clearances. The State Department’s WikiLeaks censorship has even been extended to university students. An email to students at Columbia University’s School of International and Public Affairs says: "The documents released during the past few months through Wikileaks are still considered classified documents. [The State Department] recommends that you DO NOT post links to these documents nor make comments on social media sites such as Facebook or through Twitter. Engaging in these activities would call into question your ability to deal with confidential information, which is part of most positions with the federal government."

Tradução literal via Google:
Os EUA do Departamento de Estado impôs uma ordem que proibia os funcionários de ler os cabos vazou WikiLeaks. funcionários do Departamento de Estado ter sido dito para não ler os cabos porque eles foram classificados e sujeito a aprovações de segurança. censura do Departamento de Estado WikiLeaks sequer foi estendido para estudantes universitários. Um e-mail para os alunos da Escola da Universidade de Columbia de Assuntos Internacionais e Públicos diz: "Os documentos divulgados durante os últimos meses através Wikileaks ainda são considerados documentos classificados [O Departamento de Estado] recomenda que você faça ligações não postar esses documentos, nem fazer comentários. em sites de mídia social como o Facebook ou no Twitter. participam nestas actividades que põem em causa a sua capacidade de lidar com informações confidenciais, que faz parte da maioria dos cargos com o governo federal. "

Fonte: Luis Nassif

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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Os ataques ao WikiLeakes - Fazendo um seguro de vida?

Criador do WikiLeaks divulga arquivo que pode ser seu "seguro de vida"

O fundador do site Wikileaks, Julian Assange, postou na internet há algumas semanas um misterioso arquivo intitulado "insurance.aes256", que pode conter todos seus segredos para o caso de lhe ocorrer algo, dizem várias páginas especializadas.

O motivo da existência do arquivo e seu conteúdo se transformou em um acalorado debate em muitas páginas da internet, especialmente depois de o WikiLeaks revelar durante esta semana mais de 251 mil documentos confidenciais dos Estados Unidos.

O arquivo, que foi inicialmente colocado na página do WikiLeaks sobre os documentos da guerra do Afeganistão e que pode ser baixado como arquivo "torrent", pesa 1,4 Gigabytes e está codificado com AES256, o sistema de encriptação mais avançado e adotado pelo Governo dos EUA.

O WikiLeaks e Assange não deram praticamente nenhuma explicação sobre o conteúdo do arquivo e a razão pela qual ele está sendo disseminado.

No final de julho, pouco depois de o arquivo aparecer em seu site, Assange foi questionado sobre o tema pela jornalista americana Amy Goodman.

"Bom, acho que é melhor não comentarmos sobre isso. Mas já sabe, alguém poderia imaginar em uma situação similar que valeria a pena assegurar as partes importantes da história para que não desaparecessem", explicou.

O site "Cryptome" especulou então que se algo acontecesse com o "Wikileaks" ou com Assange seus voluntários revelariam a contra-senha para abrir o arquivo.


Fonte: Luis Nassif Online


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O império contra-ataca 2

[Como ainda não conseguiram prender o responsável pelo site Wikeleaks agora estão tentando outros caminhos. enquanto isso os informes das embaixadas dos EUA mundo à fora continuam sendo reveladas pelo site WikeLeaks]

O WikiLeaks anunciou nesta terça-feira, 1, que a Amazon parou de hospedar o site em seus servidores . O serviço da empresa americana havia sido alugado para evitar um ataque hacker que tornava o serviço do site intermitente.

A desistência foi confirmada pelo senador americano Joe Lieberman (Independente/Connecticuit) em entrevista à Fox News. “Nesta manha, a Amazon informou minha equipe que parou de hospedar o website do WikiLeaks”, afirmou Lieberman.

Em sua conta no Twitter, o WikiLeaks confirmou que não está mais hospedado nos servidores da Amazon. “Nosso dinheiro será gasto agora para empregar pessoas na Europa”, disse o site. “Se a Amazon está tão desconfortável com a liberdade de expressão, deveria desistir também de vender livros”.

O acesso à página do WikiLeaks está instável desde domingo, quando os telegramas diplomáticos foram vazados por jornais da Europa e dos EUA.

O site disse estar sobre ataque de hackers em dois de seus servidores, o que o levou a alugar o serviço da Amazon . A empresa não confirmou nem negou que o WikiLeaks tenha usado seus servidores

“Eu acredito que a Amazon tomou essa ação mais cedo, baseada nas publicações anteriores de informações classificadas do WikiLeaks”, disse Lieberman, que elogiou a decisão.

Segundo o WikiLeaks, o ‘ataque de negação de serviço’, do qual foi vítima é normalmente usado para derrubar sites, ou torná-los mais lentos.

“A decisão da empresa em cortar o WikiLeaks é a decisão certa e deveria fixar o padrão para outras empresas que o WikiLeaks usa para distribuir material que é capturado ilegalmente”, concluiu o senador americano.


Fonte: Blog Viomundo - Luiz carlos Azenha


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