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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Átomos de antimatéria são capturados no CERN

Antimatéria é capturada pela primeira vez

Uma equipe internacional de cientistas conseguiu pela primeira capturar átomos de antihidrogênio - a antimatéria equivalente ao átomo de hidrogênio.

"Esta é uma realização fenomenal. Ela vai nos permitir fazer experimentos que resultarão em alterações dramáticas na visão atual da física fundamental ou na confirmação daquilo que nós já damos por certo," 
Rob Thompson
membro da colaboração ALPHA,
instalada no CERN, na Suíça.


A corrida pela captura da antimatéria já durava 10 anos, em uma disputa entre as equipes ALPHA, que utiliza os laboratórios do CERN, e ATRAP, sediada na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

O ímã octupólo foi fundamental para aprisionar os átomos de antihidrogênio,
tirando proveito de seus pequenos momentos magnéticos, já que o
antihidrogênio não tem carga. Esta versão simplificada mostra como
os pólos norte e sul de ímãs estrategicamente dispostos podem
imobilizar um átomo neutro de antihidrogênio, cujo momento magnético
equivale a uma minúscula barra magnética. [Imagem: Katie Bertsche]
A equipe ALPHA tem atualmente mais de 40 membros, de 15 universidades ao redor do mundo, incluindo os brasileiros Cláudio Lenz César, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Daniel de Miranda Silveira, atualmente no Laboratório Riken, no Japão.


Tanque de antimatéria

A quantidade de antimatéria aprisionada ainda é pequena, e não seria suficiente para alimentar os motores da nave Enterprise e nem para ameaçar o Vaticano, como no filme Anjos e Demônios.

Mas é o suficiente para que os cientistas comecem a estudar aonde foi parar a antimatéria que se acredita ter sido criada no Big Bang.

Foram aprisionados 38 átomos de antihidrogênio no "tanque de antimatéria" criado pelos cientistas, cada um deles ficando retido por mais de um décimo de segundo.

O resultado foi obtido depois de 335 rodadas do experimento, misturando 10 milhões de antiprótons e 700 milhões de antipósitrons.

Foto: Inovação Tecnológica, acessada em 18nov2010
A antimatéria foi capturada durante 335 rodadas do
experimento, misturando 10 milhões de antiprótons e
700 milhões de antipósitrons.
[Imagem: ALPHA Collaboration]
O rendimento no aprisionamento dos átomos de antimatéria ainda é baixo - por volta de 0,005% - mas os cientistas afirmam que estão trabalhando para elevá-lo. Na verdade, o artigo que descreve a pesquisa apresenta uma série de inovações que tornaram possível a realização do experimento - a maioria das quais mereceria um artigo científico à parte.

O experimento ALPHA (Antihydrogen Laser PHysics Apparatus) já havia feito história em 2006, quando os físicos conseguiram fazer uma reação química entre matéria e antimatéria, usando átomos de antihidrogênio para criar uma matéria híbrida.

Os primeiros átomos de antihidrogênio de baixa energia produzidos artificialmente - constituídos por um pósitron ou elétron de antimatéria, orbitando em um núcleo de antiprótons - foram criados lá mesmo, no CERN, em 2002.

Mas até agora tinha sido impossível isolá-los, e eles acabam se chocando com átomos de matéria normal, aniquilando-se em um flash de raios gama apenas alguns microssegundos depois de serem criados - algo que pode ser extremamente útil para a construção de um laser de raios gama.

Em um experimento não diretamente relacionado, realizado em 2005, um grupo de físicos conseguiu criar o positrônio, um átomo exótico, feito de matéria e de antimatéria: um elétron e um pósitron (anti-elétron) ligados um ao outro, mas sem um núcleo.

Simetria de CPT

"Estamos chegando perto do ponto em que poderemos fazer algumas classes de experimentos sobre as propriedades do antihidrogênio," disse Joel Fajans, outro membro da equipe.

"Inicialmente, serão experiências simples para testar a simetria CPT, mas já que ninguém foi capaz de fazer esse tipo de medição em átomos de antimatéria até hoje, será um bom começo," explica o cientista.

A simetria CPT (carga-paridade-tempo) é a hipótese de que as interações físicas não se alteram se você inverter a carga de todas as partículas, mudar sua paridade - isto é, inverter suas coordenadas no espaço - e reverter o tempo.

Quaisquer diferenças entre o antihidrogênio e o hidrogênio, como diferenças no espectro atômico, violariam automaticamente a CPT, derrubando o Modelo Padrão da física de partículas e suas interações, e poderia explicar por que a antimatéria praticamente não existe no Universo hoje, apesar de ambas, matéria e antimatéria, terem sido criadas em quantidades iguais no Big Bang.

Visão geral do laboratório do Projeto ALPHA.
[Imagem: ALPHA Collaboration]
O Tanque de antimatéria

Para aprisionar a antimatéria, os físicos resfriaram os antiprótons e os comprimiram em uma nuvem com um tamanho equivalente à metade de um palito de dentes - 20 milímetros de comprimento e 1,4 milímetro de diâmetro).

Em seguida, usando uma técnica chamada autorressonância, a nuvem de antiprótons frios e comprimidos foi superposta a uma nuvem de pósitrons de dimensões semelhantes. Os dois tipos de partículas então se juntaram para formar o antihidrogênio.

Tudo isto acontece dentro de uma garrafa magnética, que prende os átomos de antihidrogênio. A armadilha magnética é um campo magnético especial, que usa um estranho e caríssimo ímã supercondutor de oito pólos - um octupólo - para criar um plasma mais estável.

"Atualmente nós conseguimos manter os átomos de antihidrogênio presos por pelo menos 172 milésimos de segundo - cerca de um sexto de segundo - tempo suficiente para nos certificarmos de que os apanhamos," disse Jonathan Würtele, outro membro da equipe.

De Agosto a Setembro de 2010, a equipe detectou um átomo de antihidrogênio em 38 dos 335 ciclos de injeção de antiprótons. Dado que a eficiência do detector usado é de aproximadamente 50 por cento, a equipe calculou ter capturado cerca de 80 dos vários milhões de átomos de antihidrogênio produzidos durante esses ciclos.

Bibliografia:
Trapped antihydrogen
G. B. Andresen, M. D. Ashkezari, M. Baquero-Ruiz, W. Bertsche, P. D. Bowe, E. Butler, C. L. Cesar, S. Chapman, M. Charlton, A. Deller, S. Eriksson, J. Fajans, T. Friesen, M. C. Fujiwara, D. R. Gill, A. Gutierrez, J. S. Hangst, W. N. Hardy, M. E. Hayden, A. J. Humphries, R. Hydomako, M. J. Jenkins, S. Jonsell, L. V. Jørgensen, L. Kurchaninov, N. Madsen, S. Menary, P. Nolan, K. Olchanski, A. Olin, A. Povilus, P. Pusa, F. Robicheaux, E. Sarid, S. Seif el Nasr, D. M. Silveira, C. So, J. W. Storey, R. I. Thompson, D. P. van der Werf, J. S. Wurtele, Y. Yamazaki
Nature
17 November 2010
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/nature09610


Fonte: Inovação Tecnológica


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

CERN consegue criar "mini Big-Bang"

Cientistas recriam mini-Big Bangs

Superacelerador pode ajudar a entender como a matéria se formou no Universo

Rio - Cientistas do mundo inteiro festejam a conquista de um feito inédito: o maior acelerador de partículas do mundo, o Grande Colisor de Hádrons (LHC), conseguiu criar “mini-Big Bangs” a partir do choque de íons de chumbo. Segundo cientistas que trabalham na supermáquina, localizada em um túnel de 27 quilômetros na fronteira entre França e Suíça, esse tipo de colisão poderia ajudar a encontrar a partícula Bóson de Higgs, que é considerada uma chave para explicar a origem do Universo.

Os experimentos com íons de chumbo abrem “uma nova fase na pesquisa do programa do acelerador para entender a formação da matéria nos primeiros instantes do Universo”, logo depois da explosão do Big Bang, segundo comunicado do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern).

“A rapidez na transição para as colisões de íons de chumbo representa um sintoma de maturidade do maior acelerador de partículas do mundo”, segundo o diretor-geral do Cern, Rolf Heuer.

O choque de íons recriou temperaturas um milhão de vezes mais elevadas que aquelas registradas no centro do Sol e atingiu 10 trilhões de graus Celsius — a temperatura mais elevada já atingida em experiências feitas pelo homem.

Os cientistas acreditam que estudando as partículas resultantes dessas colisões — o chamado plasma de quark e glúons — será possível entender, entre diversas outras coisas, como a matéria se formou no Universo imediatamente após o Big Bang.

Durante quatro semanas, os cientistas do LHC vão se concentrar em analisar os dados obtidos pela colisão de íons de chumbo.

“Um dos principais objetivos desta fase é produzir quantidades ínfimas desta matéria e estudar sua evolução para a que constitui o Universo atualmente”, diz o Cern, acrescentando que o acelerador chocará íons de chumbo até 6 de dezembro, quando será desligado para manutenção, antes de retomar as atividades em fevereiro de 2011.

Supermáquina em ação

O superacelerador funciona da seguinte maneira: imãs gigantes disparam raios de partículas de energia ao redor de um túnel de 27 quilômetros, onde colidem quase à velocidade da luz (300 km por segundo)

Os prótons colidem, produzindo energia e partículas nunca observadas, que, acreditam os cientistas, só existiam no início do universo.

Ao todo serão 600 milhões de colisões por segundo. Cada uma delas gera quantidade pequena de energia que gera matéria.

O resultado é analisado em quatro detectores gigantes e transferido para computadores. Os cientistas esperam descobrir mistérios como a “matéria escura”, dimensões paralelas e, o bóson de Higgs, considerado o “Santo Graal” da Física.



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